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A Felicidad de Chacho Puebla no Brasil: criativo irá abrir agência
Um dos convidados internacionais do Festival do Clube de Criação 2023, o argentino Chacho Puebla, dono de 89 Leões no Festival de Cannes, entre outros prêmios internacionais, fez uma apresentação para provocar o mercado de comunicação a pensar em seu comprometimento como agente de impacto sustentável.
O criativo, que passou pela Leo Burnett Lisboa e pela Lola (leia mais sobre sua trajetória aqui), abriu em Madri sua Felicidad Collective, em 2021, com uma proposta que segue nessa linha. A empresa, que é um mix de agência, consultoria e até aceleradora de negócios, tem foco na transformação sustentável e regenerativa. E ela está para desembarcar no Brasil.
“Sentimos que é fundamental ter um escritório no Brasil. Temos um momento de mercado perfeito para isso. Ano que vem teremos o G20 [em novembro, no Rio de Janeiro] e depois a COP [em Belém, em 2025]. E o impacto da região no mundo, pela Amazônia, é fundamental. Encontramos um parceiro ideal, que é o Tomás Correa. Nós nos conhecemos há quase 20 anos. Começamos a alinhar a conversa há algum tempo e estamos para lançar agora, nos próximos dias”, disse Puebla ao Clubeonline, no final de sua apresentação no Festival do Clube. Os detalhes da nova agência ainda serão revelados.
No palco do auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina, no painel “Tio Ben não tinha papo furado”, ele contou que, na sua infância, em Mendoza, seu sonho era viajar pela Europa e ter uma casa na praia. O que ele conquistou. Num dia, pensando em suas duas filhas, imaginou um diálogo, muitos anos depois, em que elas lhe cobravam: “O que você fez para impedir isso?”
O “isso” se aplica às mudanças climáticas que estamos vivendo e às consequências dos maus-tratos ao planeta. Concluiu, ante essa conversa imaginária, que era preciso mudar o chip que temos internamente. Porém não apenas dele, e sim do mercado. “Somos a voz do sistema. Temos uma responsabilidade”, disse.
Segundo Chacho, criamos muitas campanhas que resvalam numa questão ambiental, denunciando situações, por exemplo, porém não estamos resolvendo de fato os problemas, caso do desmatamento.
“Toda a vida estive perto da famosa sustentabilidade”, afirmou. Mas o que isso significa exatamente? Chacho pontuou que o termo se refere a algo que se mantém por longo tempo. E o fato é que as principais autoridades climáticas do mundo apontam que estamos em um limiar para a humanidade.
Para enfrentar esse cenário, Chacho buscou fontes que permitem um aprofundamento no que realmente faz diferença. Uma delas é a Responsible Investor, uma companhia inglesa que fornece para investidores um serviço de notícias e de eventos dedicados à temática ESG. Entre seus clientes estão fundos de pensão e agências de pesquisas.
Ele também se aproximou da organização do Prêmios Verdes, promovido por uma ONG sediada em Miami e que acontece há 10 anos, reconhecendo projetos que focam em uma sociedade mais justa e em equilíbrio com a natureza. E também foi em busca da Greentech Alliance, iniciativa que visa conectar companhias de tecnologias verdes, criando uma rede que compartilha conhecimentos, promove intercâmbio de talentos e facilita contatos com investidores.
Informação e conhecimento são essenciais para a construção de uma estratégia eficaz para ajudar a transformar a sociedade rumo a um futuro mais sustentável. E quanto à comunicação? Chacho fez menção ao historiador e escritor Yuval Harari ao destacar que a espécie humana tem duas fortes características, distinguindo-as das demais: a cooperação em grande escala e a capacidade de contar histórias.
Ora, as agências de publicidade são especialistas em contar histórias. São donas de um poder capaz de tornar marcas em ícones culturais. Sendo assim, cabe a elas uma grande responsabilidade para promover as mudanças necessárias rumo a um futuro que não seja aquele de sua conversa imaginária com as filhas. Um dos personagens mais queridos dos quadrinhos, Homem Aranha recebeu uma valiosa lição do tio que o criou, Ben: grandes poderes trazem grandes responsabilidades.
Pegando o gancho do herói da Marvel, Chacho afirmou também que muito tem sido feito com base em um “discurso de herói”. A verdade, porém, é que não se pode esperar que um herói – esteja vestido de empresa ou de governo – seja capaz de mudar a história da forma que é necessária. Não quando se trata de proteger o planeta no cenário em que se encontra.
O criativo argentino apresentou ao público do Festival outra referência para sedimentar seu apelo pela responsabilidade que a indústria tem. Ele se referiu a um sociólogo e economista italiano nascido no século XIX, Vilfredo Pareto, que elaborou o que se chamou de Princípio de Pareto ou regra 80/20. Ele estabelece que 80% dos resultados são gerados por 20% das ações. Por essa medida, as decisões de 20% dos membro de um grupo podem impactar os 80% restantes.
Por fim, Chacho fez uma observação importante: o pior não está em não fazer nada. O pior está em acreditar que o outro está fazendo algo. "As pessoas costumam achar que tem gente em um lugar trabalhando para resolver o problema. Pelo 'discurso do herói', acreditamos que virá um grupo para solucionar isso. Não vai acontecer. Somos nós que precisamos resolver o problema".
Lena Castellón
11º Festival do Clube de Criação
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