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Festival do Clube 2023

Decisões que ajudaram ‘Cangaço Novo’ a ser o sucesso que é

09.10.23

Uma das séries mais badaladas dos tempos recentes, “Cangaço Novo”, produção da Amazon Studios com a O2, disponível no Prime Video, carrega um “mistério” que inquieta muita gente: vai ter segunda temporada? Essa foi uma das perguntas feitas no painel do Festival do Clube de Criação 2023 que trouxe bastidores dessa obra que fez a família Vaqueiro se tornar conhecida Brasil afora. Oficialmente, não há resposta, mas a expectativa é positiva.

No palco estiveram os roteiristas e criadores Eduardo Melo e Mariana Bardan, o diretor Fábio Mendonça e o ator Allan Souza Lima, que faz o papel de Ubaldo Vaqueiro. E, como entrevistadores, foram convidados Andre Havt (co-managing director da MullenLowe e creative lead da Mediabrands), Daniel Ottoni (CCO e managing director da Zmes), Deh Bastos (sócia e diretora executiva de criação da Map) e Thiago Lins (diretor de criação da FCB Brasil).

O sucesso da série de oito episódios foi construído com a ajuda de todas as partes, dos roteiristas ao elenco. É o que se concluiu do bate-papo que lotou a sala da Criatividade. Como disse Mariana, a palavra-chave para explicar o fenômeno “Cangaço Novo” é soma.

Sem dar spoilers, a história gira em torno do reencontro de três irmãos que nasceram numa cidade no sertão do Ceará: Ubaldo, Dinorah (Alice Carvalho) e Dilvânia (Thainá Duarte), filhos de Amaro Vaqueiro, uma figura que remete aos antigos cangaceiros e cuja influência se estende até o momento da trama.

Ubaldo estava distante de sua terra natal, de onde saiu menino para São Paulo. Ele volta adulto em busca de dinheiro e é obrigado a reviver seu passado, enfrentando animosidades e o que lhe cabe como um dos herdeiros do “modo de vida” estabelecido por seu pai.

A obra começou a ser desenvolvida dez anos atrás, com as bases da série (Eduardo e Mariana já a conceberam como série). Entre a ideia original e o sinal verde para a produção, quando a Amazon entrou na história, foram cinco anos. O roteiro passou por alterações, a partir de consultorias vindas do parceiro internacional. O projeto também foi impactado pela pandemia. E, depois das filmagens, a série ainda demandou um ano de pós-produção. Até que “Cangaço Novo”, enfim, estreou.

O título entrou na programação do Prime Video em agosto passado e caiu rapidamente no gosto do público, inclusive internacional, principalmente no continente africano.

Nesse processo, entre o início do roteiro e a série já no streaming, como se deu a passagem entre o personagem Ubaldo do papel e o interpretado por Allan, perguntou André.

A intersecção entre nós todos foi muito grande. A gente se comunicava bastante com o Fabinho. E ele nos provocava também. No papel, tudo funciona bem. No set, tem sol, tem calor”, contou Eduardo, que é casado com Mariana. “A frase ‘Eu sou Ubaldo Vaqueiro’ já estava ali, mas parecia que ela precisava do ator”, completou, referindo-se a um momento emblemático na trama.

O diretor (conhecido no meio como Fabinho) comentou a intensa relação com os atores – ele chegou a se envolver inclusive com a preparação. “A gente pode até estar sem o fotógrafo, mas sem o ator não tem como. Todo nosso trabalho é para fazer o ator brilhar”, salientou. Allan pontuou que houve mesmo muita troca. Afinal, é preciso entender o momento de cada ator, ainda mais quando todos os personagens em questão têm sombras (ninguém é só bom ou só mau).

O dia da frase em que o personagem se assume como Ubaldo Vaqueiro, ele lembrou, fazia um forte calor. No primeiro momento, a cena não saiu do jeito pretendido. “Entrei numa caterse”, confessou e, enfim, Ubaldo veio com a intensidade desejada.

Na sequência, Daniel perguntou para Allan como se conectou ao personagem. “Atores têm de entender qual o estado primitivo que o personagem provoca dentro dele. No meu caso, foi a ira. Na primeira vez que vi o personagem, tive certa repulsa. O silêncio dele me incomodava. Mas depois compreendi. Nós, seres humanos, precisamos encerrar ciclos. A grande marca foi o estado de vulnerabilidade dele”, comentou.

Protagonismo feminino

Ubaldo pode ter arrebatado fãs, mas a personagem interpretada por Alice Carvalho conquistou uma leva de admiradores. Deh Bastos brincou dizendo que ela merecia uma frase “Eu sou Dinorah Vaqueiro” e destacou o protagonismo feminino, com direito a perfis bem variados. “Eu tinha o desejo de ver mulheres fortes. Fui criada em uma família de oito mulheres fortes e queria ver isso na série”, revelou Mariana.

Eduardo emendou, dizendo que também viveu cercado por mulheres com esse pulso e que se casou com uma mulher forte. “Só existe ‘Cangaço Novo’ porque somos dois”. Ele também observou que Alice buscou referências de personagens como Dinorah entre filmes e séries e não encontrou. Era preciso, portanto, criar uma. E Fabinho lembrou que Alice era uma máquina de ideias, ajudando a traçar as características da personagem que atraiu tanta atenção.

Nordeste no foco

Thiago, por sua vez, declarou que é rico ver o Nordeste tão representado em uma série popular. E perguntou sobre a preparação do casting. Fabinho contou que uma das primeiras coisas que falou, diante do projeto, é que o elenco teria de ser 100% nordestino. “Todo mundo veio com seu sotaque. Passamos por um momento em que pensamos que deveria prevalecer o sotaque do Ceará, mas aí mudamos de ideia”, disse.

Foram oito meses de filmagens. Entre os elementos da cultura local que despertaram curiosidade estão as “motociatas”. Eduardo afirmou que elas são muito comuns no Nordeste e já faziam parte do roteiro.

Sucesso

A respeito da reação do público à série, Eduardo disse que achava que “ia dar bom”. Mariana afirmou que era a “oportunidade da vida. Então, a dupla fez de tudo para que o projeto desse certo. Para Fabinho, o sucesso foi uma combinação de fatores. Mas ressaltou que o trabalho não foi orientado por esse pensamento: agradar às pessoas. A preocupação estava em desenvolver bem os personagens e a história.

Daí, veio a pergunta de milhões: vai ter “Cangaço Novo – Segunda temporada”? Eduardo respondeu que ninguém tem a resposta, afinal a decisão final é da Amazon. “Mas eu sou otimista”, acrescentou, mantendo o mistério. Nos bastidores, há comentários dando conta de que parte do roteiro já está pronta. Se depender da resposta do público, não há dúvidas de que a vida da família Vaqueiro ganhará novos episódios.

Lena Castellón

11º Festival do Clube de Criação

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