Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Daniel Bruson: a vida de um animador independente
Com uma indicação ao Oscar em mãos por “Ninety-Five Senses”, o animador e roteirista Daniel Bruson cativou o público do Festival do Clube de Criação 2024 ao compartilhar os desafios de ser um animador independente no Brasil. O curta-metragem, que passou por um processo de produção longo e cheio de obstáculos, foi o destaque de sua palestra e se consolidou como o ponto alto de sua carreira, levando seu nome ao reconhecimento internacional.
Na palestra "Os bastidores de um curta indicado ao Oscar", Bruson, cuja trajetória começou nos videoclipes de amigos e bandas independentes, contou como cada projeto o impulsiona a explorar novas linguagens visuais e técnicas narrativas. Apesar de ter seu estilo mais conhecido hoje, o diretor afirmou que nunca planejou uma identidade visual. “Eu nunca quis ter um estilo. Queria apenas aprender a contar histórias de forma verdadeira”, reforçou.
Um dos marcos mais importantes de sua carreira foi o trabalho como diretor de arte no longa-metragem "Bob Cuspe - Nós não gostamos de gente" (veja trailer mais abaixo). O filme em stop motion, com base no personagem de Angeli, levou oito anos para ser concluído. Bruson teve a responsabilidade de definir a estética do filme, desde o design dos personagens até a criação de cenários. “Foi um processo longo e exigente, mas necessário para garantir o cuidado com os detalhes visuais e manter a autenticidade que o filme pedia”, comentou.
Além de "Bob Cuspe", sua filmografia inclui curtas autorais que refletem sua busca por autenticidade e inovação. "Guaracy", um curta feito em parceria com Eliete Della Violla, homenageia o avô de Eliete, um PM aposentado. A produção utiliza uma técnica mista, combinando animação em papel com outros elementos gráficos. “Tudo o que vocês veem ali é papel, desde recortes dos personagens até experimentos com papel vegetal", explicou.
Paralelamente, ele trabalhou em "Pária", um curta mais sombrio e introspectivo. “'Pária' tem um tom baixo astral, enquanto 'Guaracy' é mais solar. Foi saudável para mim manter esses projetos diferentes ao mesmo tempo. Eles se equilibram”, disse. Ambos os filmes foram inscritos em dezenas de festivais ao redor do mundo, com destaque para eventos na Bélgica, Chile, Portugal e Brasil.
Segundo Bruson, ser um animador independente não se resume à criação. "O animador também precisa ser seu próprio distribuidor", refletiu, mencionando as dificuldades de inscrever os filmes em festivais e obter visibilidade internacional.
Mas foi com “Ninety-Five Senses” (“95 sentidos”, em tradução livre) que Bruson alcançou um novo patamar. Desenvolvido inicialmente como projeto de uma aceleradora de filmes nos Estados Unidos, o curta trouxe desafios técnicos e narrativos, exigindo um apuro visual singular para retratar os sentidos humanos. Seis artistas de diferentes países assinam o trabalho, entre eles o brasileiro, que responde pela animação do personagem principal.
“Foi um projeto que me permitiu explorar de maneira profunda a conexão entre o visual e as emoções”, explicou. Após percorrer festivais internacionais e vencer prêmios qualificadores nos Estados Unidos, a produção garantiu sua entrada na disputa pelo Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação.
Bruson também destacou o desafio financeiro de participar desses festivais. “Às vezes, a campanha para o Oscar é mais cara do que o próprio filme”, ressaltou, enfatizando o papel essencial dos festivais no reconhecimento de cineastas independentes.
Ao compartilhar suas experiências no Festival do Clube de Criação, Bruson revelou não apenas os desafios técnicos e financeiros de seu trabalho, mas também inspirou a plateia a perseverar no mundo do cinema independente. Sua trajetória exemplifica como obras que desafiam limites e inovam na forma de contar histórias podem conquistar seu espaço e reconhecimento em um mercado competitivo.
Maíra Carvalho
Este ano, temos os seguintes patrocinadores e apoiadores:
Patrocínio Premium (ordem alfabética): Globo; Grupo Papaki; Recôncavo Company.
Patrocínio Master: Santeria.
Patrocínio (ordem alfabética): Barry Company, Boiler Filmes, Café Royal, Halley Sound, Heineken, Jamute, Landscape, Lew’Lara\TBWA, Love Pictures Company, Modernista, Mr. Pink Music, MugShot, MyMama Entertainment, Nós – Inteligência e inovação social, O2, Paranoid, Piloto, Purpple, União Brasileira de Compositores, TikTok, Unblock Coffee e We.
Apoio (ordem alfabética): Artmont, Antfood, Audioink, Bici Desagência, Canal markket, Canja Audio Culture, Carbono Sound Lab, Chucky Jason, Ellah Filmes, Estúdio Origem, Fuzzr, Grupo Dale!, Mercuria, Monkey-land, Pachamama, Pródigo Filmes, Punch Audio, Sailor Studio, Soko (Droga5 São Paulo), Sondery, Tribbo, UOL, Vox Haus, Warriors VFX.
Sem estas empresas, NÃO haveria Festival.