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Os desafios hoje das agências globais e das independentes
Nas últimas duas décadas, o Brasil viu as maiores e mais prestigiadas agências nacionais serem incorporadas por grandes grupos globais. Mais recentemente, uma safra de novos players começou a despontar e a buscar espaço, em uma espécie de contracorrente do processo de internacionalização.
Na disputa por fatias do mercado publicitário brasileiro, quem leva vantagem: os grandes grupos internacionais, capazes de oferecer suporte em nível global, ou as agências independentes, mais ágeis e com maior liberdade de ação?
Duas lideranças de redes internacionais e três de grupos locais discutiram o tema no painel “Grandes grupos e agências independentes: como construir ou manter identidade e cultura corporativas?”, no Festival do Clube de Criação 2024, em debate moderado por Gal Barradas, growth & market leader da Rio Bravo Investimentos e com longa história no mercado de comunicação, tendo liderado agências como F/Nazca, MPM e Fbiz e sido uma das fundadoras da BETC Havas.
Um dos integrantes da mesa, Rafael Urenha, fundador e CCO da Galeria, pontuou que os clientes que optaram por contratar agências independentes "é porque acharam que o risco vale a pena". Segundo o criativo, elas têm "liberdade para tomar decisões que as de grupos globais muitas vezes não têm”.
Para ele, a onda de abertura de novas agências é um efeito represado depois de 20 anos de mercado dominado pelos grandes grupos. “Além disso, as agências independentes têm um perfil mais adequado para tentar coisas novas”, afirmou.
Em contraponto, Déa Fernandes, COO da Publicis, e Karina Ribeiro, CEO da VML, defenderam a autonomia das operações locais e a vantagem de poder contar com a expertise dos colegas de outros mercados.
“Tenho muita autonomia e conto com o suporte de um grande grupo. Acredito que ninguém faz nada sozinho, mas tem decisões que só o CEO pode tomar. Também dá para ter decisões compartilhadas com o board, onde a gente pensa e delibera em conjunto”, disse Karina.
Falando em board, a COO da Publicis lembrou que há brasileiros em muitos deles, o que ajuda a levar nosso jeito de fazer publicidade para o mundo.
“Por maiores que sejam as dificuldades, sempre contamos com um suporte grande da rede. E hoje levamos o jeito brasileiro de fazer publicidade para clientes internacionais, porque tem brasileiros nos boards dos grandes grupos”, apontou Déa.
A respeito desse "nosso jeito", Rafael comentou que, por 25 anos, fez parte de uma marca brasileira de agência. “Muitas agências nacionais sumiram, mas precisamos do jeito brasileiro de fazer propaganda. Isso é fundamental. A DPZ foi uma escola brasileira de propaganda. Não seguia os cânones internacionais. Muitos profissionais que saíram de lá abriram suas próprias empresas. Temos uma genealogia que não pode se perder. Várias agências novas estão surgindo. É um ciclo que se renova”.
Ideias x dados
Independência e criatividade foram dois temas recorrentes, o que levou a moderadora a questionar como vender ideias criativas para clientes avessos a riscos.
“Os dirigentes de marketing são apegados aos dados e acabam reféns deles. Mas os dados existem para a gente atuar sobre eles. Por isso, sou crítica dessa postura. Os clientes internacionais são mais resistentes a reservar uma parte da verba para inovação”, analisou Gal.
Para André Chueri, sócio e CEO da Ampfy, boas ideias sempre têm espaço na agenda dos clientes e no coração dos consumidores. “O que devemos fazer é subir a barra da criatividade. Entre as ideias boas que chegaram na minha mesa, o nível de aceitação por parte dos anunciantes tem sido alto”, afirmou.
Para apostar em uma ideia ousada é preciso confiança, argumentou o CEO da Made, Álvaro Rodrigues. Ele citou como exemplo um cliente da agência, a seguradora Prudential, empresa que segue polices muito estreitas.
“Conseguimos driblar algumas delas e exportar ideias porque a confiança tem feito muita diferença [na relação]. Parceria em criatividade e negócios tem a ver com confiança”, afirmou.
Renato Simões, CCO e sócio da The Juju Brasil, contou que a agência tem clientes totalmente focados em dados. "Nosso desafio é fazer as pessoas reagirem com base na emoção. Isso passa por forjar uma relação de confiança para que a gente abra espaço para ideias mais ousadas”, disse .
“Agências independentes têm mais espaço para apresentar novas propostas. Mas é preciso ter a sorte de contar com pessoas dispostas a reagir mais com a emoção e não só com a razão”, completou.
Eliane Pereira
Este ano, temos os seguintes patrocinadores e apoiadores:
Patrocínio Premium (ordem alfabética): Globo; Grupo Papaki; Recôncavo Company.
Patrocínio Master: Santeria.
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Apoio (ordem alfabética): Artmont, Antfood, Audioink, Bici Desagência, Canal markket, Canja Audio Culture, Carbono Sound Lab, Chucky Jason, Ellah Filmes, Estúdio Origem, Fuzzr, Grupo Dale!, Mercuria, Monkey-land, Pachamama, Pródigo Filmes, Punch Audio, Sailor Studio, Soko (Droga5 São Paulo), Sondery, Tribbo, UOL, Vox Haus, Warriors VFX.
Sem estas empresas, NÃO haveria Festival.