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Um papo sobre como anda nossa produção audiovisual
Até este ano, a indústria de comunicação não tinha visto isto: o Brasil “zerar” na categoria Film do Festival Internacional de Criatividade de Cannes. O país tinha 3 finalistas na disputa por um Leão, mas não foi além do shortlist (relembre aqui).
O choque levou o mercado a se perguntar o que está acontecendo, afinal. O painel “Entre a falta de Leões e a ascensão do streaming, como anda a produção audiovisual no Brasil?” destrinchou esse tema com representantes de agências e produtoras na 12ª edição do Festival do Clube de Criação.
“O mais importante não é só discutir os fatores que nos levaram a essa situação histórica, mas também como o filme publicitário vem perdendo espaço. Era a categoria que tinha o maior número de inscrições em Cannes. Este ano ficou em quinto lugar. O que está acontecendo com esse mercado, no qual atuam milhares de produtoras?”, questionou o mediador do painel, Thiago Espeche, diretor de cena e fundador da Chucky Jason – leia aqui sobre a queda de inscrições em Film no Cannes Lions.
Para começar a responder essa questão existencial, ninguém melhor que o jurado brasileiro de Film este ano no Cannes Lions, Rodrigo Jatene, CCO para a América Latina da Wieden+Kennedy.
Ele contou que o presidente do júri, Tor Myhren, da Apple, estabeleceu três critérios de avaliação: boa ideia, perfeição na execução e storytelling que prendesse o espectador do início ao fim.
Por esses critérios, “Tormenta”, da AlmapBBDO para O Boticário, foi o único trabalho brasileiro a ficar perto de um Leão, mas isso não se concretizou. “O nível dos filmes brasileiros simplesmente não chegou lá”, admitiu Jatene, sem meias palavras.
Jatene citou três fatores que alteraram a categoria que deu origem ao Festival: o crescimento dos formatos muito longos (com peças de 20 e até 30 minutos) e muito curtos (15 segundos); a inovação em filmes; e a introdução da subcategoria “Humor”, que foi algo avaliado em algumas competições.
“No Brasil, não temos explorado formatos diferentes, nem inovado nesse setor, nem criado filmes com humor que não seja muito focado no mercado local. O fato é que não estamos produzindo filmes de classe global”, resumiu o CCO da W+K.
Na mesma linha, o CEO da Pródigo Filmes, Francesco Civita, argumentou que o Brasil é um país “autossustentável” na publicidade. “Por muito tempo a gente produziu só para o mercado interno e isso era o suficiente”, afirmou.
Ele também reconheceu a perda de importância do filme publicitário, o que, na sua leitura, levou a uma queda geral nas verbas. “O que acontece é que a maioria dos roteiros não é compatível com o orçamento. Muitas vezes, a falta de dinheiro não permite que uma grande ideia vá para frente. As agências estão cientes dessa questão e, por isso, hoje se joga muita ideia boa fora porque não se tem recursos para realizá-la”, analisou Civita.
A evasão de talentos foi outro ponto levantado pelos participantes do painel para explicar o mau momento do Brasil em filme. “Muitos bons profissionais daqui foram trabalhar fora. Vimos vários filmes com brasileiros na ficha que os prêmios foram para outros países”, apontou Nixon Freire, diretor criativo da Recôncavo Company.
Como Civita, ele lembrou a questão do encolhimento das verbas. “O orçamento que antes era para um filme hoje a gente tem de fazer 20 peças. Acredito que temos de apostar mais na simplicidade e na originalidade e lembrar que o craft não salva um filme que não tenha uma boa ideia – ele dá uma maquiada”, afirmou.
A falta de originalidade foi abordada por Flávio Waiteman, fundador e CCO da Tech & Soul. “O que diferencia nosso trabalho como criativos é a originalidade. O ChatGPT consegue fazer as coisas como o anunciante quer, como o consumidor quer. Se você entrega só o que as pessoas querem, vai ter o que vemos hoje: os algoritmos ditando nossas escolhas”, defendeu.
Representando os anunciantes, a diretora de marketing das marcas mainstream da Heineken, Cecília Preto Alexandre, destacou que vivemos em um ecossistema composto pelos mais diferentes formatos e as marcas têm de trazer excelência em todos. Investimentos têm de ser dirigidos seguindo também onde o público está. Com isso, não há dinheiro para tudo.
Ela ponderou, porém, que é preciso “escutar mais as agências para saber o que está faltando e do que precisaremos abrir mão”. Cecília continuou: “Acredito muito na grande ideia e que as peças mais longas conseguem gerar mais valor para as marcas, para que elas sejam cada vez mais desejadas”.
Eliane Pereira
Este ano, temos os seguintes patrocinadores e apoiadores:
Patrocínio Premium (ordem alfabética): Globo; Grupo Papaki; Recôncavo Company.
Patrocínio Master: Santeria.
Patrocínio (ordem alfabética): Barry Company, Boiler Filmes, Café Royal, Halley Sound, Heineken, Jamute, Landscape, Lew’Lara\TBWA, Love Pictures Company, Modernista, Mr. Pink Music, MugShot, MyMama Entertainment, Nós – Inteligência e inovação social, O2, Paranoid, Piloto, Purpple, União Brasileira de Compositores, TikTok, Unblock Coffee e We.
Apoio (ordem alfabética): Artmont, Antfood, Audioink, Bici Desagência, Canal markket, Canja Audio Culture, Carbono Sound Lab, Chucky Jason, Ellah Filmes, Estúdio Origem, Fuzzr, Grupo Dale!, Mercuria, Monkey-land, Pachamama, Pródigo Filmes, Punch Audio, Sailor Studio, Soko (Droga5 São Paulo), Sondery, Tribbo, UOL, Vox Haus, Warriors VFX.
Sem estas empresas, NÃO haveria Festival.