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Uma equação humana complexa: solidão x conexão constante
Por um lado, estamos o tempo todo conectados e temos na ponta dos dedos aplicativos de relacionamentos com algoritmos que nos prometem encontrar o par perfeito mais próximo e na hora. Por outro, essa conexão virtual constante pode estar nos tirando dos relacionamentos reais.
Sim, essa é mais uma das equações complexas humanas que o 11º Festival do Clube de Criação traz para a pauta da indústria. O painel "Solidão, relacionamentos contemporâneos e intimidade artificial", que acontece no sábado 23, às 15h45, na sala Congressistas do Memorial da América Latina, jogará luzes sobre a maneira como nos relacionamos com o outro - e com nós mesmos.
O conceito de intimidade artificial - vale dizer - ganhou holofotes neste ano, durante o SXSW, quando a psicanalista e escritora Esther Perel fez um contraponto com a IA e seu impacto nas estruturas de trabalho e declarou sua preocupação ao ver como "conexões facilitadas digitalmente estão diminuindo nossas expectativas de intimidade entre humanos” (leia mais aqui).
De fato. Lidia Cabral, fundadora da Tech4sex e uma das convidadas da mesa, destaca que a tecnologia mudou radicalmente a maneira como nos conhecemos e nos relacionamos nas últimas duas décadas. "Ficamos viciados em emoções 'sintéticas', adotamos novos comportamentos (ghosting, phubbing, micro-traições, etc) e vícios digitais (likes, swipes, notificações), aumentamos consideravelmente a 'oferta' de opções, nos conectamos sexualmente com pessoas que podem estar do outro lado do mundo, mas ao mesmo tempo vivemos uma epidemia de solidão, um burnout de 'dates', e um sentimento de desconexão e frustração quanto a saúde das nossas relações cada vez mais 'líquidas'".
Ela alerta ainda que não podemos ignorar a tecnologia, mas precisamos encontrar caminhos para resgatar as conexões humanas.
"Um mundo conectado trouxe a esperança de criarmos novos laços, novas interações, mas numa sociedade baseada no individualismo em detrimento da coletividade, a solidão pode ser mais comum do que se imagina", reflete Danilo Lima Carreiro, a Dimitra Vulcana, professora doutora em ciências da saúde, podcaster, drag queen e youtuber do canal Dra Drag (veja aqui), que também integra o painel.
Para Carolina Massière, diretora criativa da BeContent, mais um nome que fará parte do debate: “chegamos a um nível tão rebuscado de fuga das nossas dores e de entender quem somos e o que desejamos, que parece natural delegar a um algoritmo o trabalho de encontrar o par perfeito. Relacionamentos profundos precisam de amadurecimento emocional e isso significa arriscar a própria pele. Machuca e dá trabalho".
Carolina pontua a importância de o Festival do Clube abordar o tema: "Criatividade é sobre riscos, né? Nós vivenciamos isso diariamente em nossas profissões. Então, por que não usá-la para criar soluções mais humanas para nossas emoções?”.
Gal Barradas, fundadora da Gal Barradas Brand&Venture e mediadora da mesa, concorda: "O tema está bem mais próximo de qualquer pessoa. Como o comportamento humano interessa a quem trabalha com marketing e comunicação, achei bárbaro o Clube de Criação trazer esse painel para o Festival".
Também participará do painel o psicanalista, escritor e cofundador da Float, André Alves, que sabe a importância de abordar assuntos mais complexos. Basta dar uma espiada na afirmação dele de que "há uma libertação em também poder falar sobre o que é negativo, sobre o que é difícil, ou um pouco mais complexo que um post no Instagram", em episódio de uma série de vídeos para a revista Gama (veja aqui), explicando sobre a motivação da criação da Float.
Veja a programação completa do Festival do Clube 2023.