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NBC não exibirá prêmio; Netflix e Amazon criticam organização
O Golden Globes, ou Globo de Ouro, está no centro de críticas de entidades que lutam por mais representatividade e grandes players da indústria do entretenimento. Na segunda-feira, 10, perdeu o apoio da NBC, ao menos para o próximo ano. A emissora decidiu não exibir a cerimônia de 2022. O contrato com a TV é um ponto importante para a continuidade do evento organizado pela Hollywood Foreign Press Association (HFPA), a associação de jornalistas estrangeiros que responde pela premiação, que foi uma das mais prestigiadas em Hollywood.
Diversos críticos de cinema já se posicionavam contra o evento por discordarem da maneira como era organizado – havia acusações de presentes milionários aos integrantes e outros agrados que não cabiam dentro do processo de escolha dos melhores do ano. Mas um movimento contrário à premiação começou a se consolidar a partir dos indicados deste ano, quando a ausência de algumas produções chamou a atenção para a falta de representatividade.
De fato. Em fevereiro, o jornal Los Angeles Times revelou que não havia representantes negros entre os correspondentes internacionais que formam a associação. Também trouxe à tona o forte lobby da indústria sobre a premiação e os brindes e viagens luxuosos dados aos integrantes da associação. Isso gerou amplas críticas nas vésperas da cerimônia, o que reportamos na matéria sobre os ganhadores deste ano (leia aqui).
A HFPA reagiu, anunciando que faria mudanças. Na quinta-feira 6, a associação comunicou as medidas tomadas, entre elas aumentar o número de integrantes em 50% nos próximos 18 meses, informando que dará foco a profissionais negros e abrirá para jornalistas que não estejam apenas baseados em Los Angeles. Os organizadores do Globo de Ouro disseram ainda que terão a supervisão de consultores na área e que os correspondentes estrangeiros que fazem parte da entidade não poderão receber itens promocionais dos estúdios.
Mas a falta de cronogramas mais definidos e a necessidade de amplas e imediatas transformações colocaram a premiação na mira de entidades e artistas, caso de Tom Cruise que já teria devolvido os prêmios que recebeu em 1990, 1997 e 2000. As propostas não foram suficientes para conter a controvérsia. O grupo conhecido como Time’s Up, formado por mulheres que atuam em Hollywood e que deslanchou na esteira do movimento #MeToo, decidiu boicotar a premiação se não viessem modificações mais rápidas e profundas. E uma coalisão de mais de 100 agências de talentos reforçou a decisão.
Netflix, Amazon Studios, Warner Bros. e HBO se juntaram aos críticos e estão entre as empresas que informam que não trabalhariam com a HFPA enquanto mudanças mais significativas não fossem implementadas.
Foi nesse ambiente que veio a decisão da NBC. O Los Angeles Times informou que, “depois de dois meses apoiando publicamente o HFPA em um esforço para preservar a viabilidade de um programa que vai ao ar desde 1996”, a NBC, enfim, concluiu que “a situação era insustentável”.
A presidente do Time's Up, Tina Tchen, comentou, após a resolução da NBC ser anunciada, que este é um “momento de definição para Hollywood”. Seu comunicado demonstra que o grupo reconheceu a capacidade de mobilização e transformação do setor. “Ao nos manifestarmos contra um sistema de premiação poderoso, mas profundamente falho, podemos começar a reimaginar uma indústria mais justa.”
Tina continua: “Foram necessárias as vozes coletivas de atores, criadores e uma frente unida de mais de 100 agências - junto com a poderosa liderança moral de empresas como Netflix, Amazon e WarnerMedia - para fazer isso acontecer. Juntos, exigimos uma cerimônia de premiação totalmente inclusiva, transparente e respeitosa. Coragem e liderança fizeram a diferença”.
A nota da NBC diz o seguinte: "Continuamos a acreditar que a HFPA está comprometida a fazer uma reforma significativa. No entanto, mudanças dessa magnitude precisam de tempo e trabalho. Sentimos fortemente que a HFPA precisa de tempo para se acertar. Deste modo, a NBC não transmitirá o Globo de Ouro 2022. Se a associação executar seu plano, esperamos estar em posição para transmitir o programa em janeiro de 2023".
A audiência da cerimônia deste ano, realizada em 28 de fevereiro, foi um desastre de audiência. Ela foi assistida por 6,9 milhões de pessoas, segundo relatório da Nielsen. Em 2020, 18,3 milhões de telespectadores acompanharam a ainda prestigiada festa de prêmios.
A HFPA fez uma atualização de seus planos, informando datas mais aproximadas no site da premiação. Elas podem ser conferidas aqui.