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Oppido e Linneu formam a Plant, dupla focada em arte e craft
O reencontro de dois diretores de arte que já trabalharam juntos poderia ser visto como a semente de uma nova agência de publicidade. Mas essa ideia de negócio nem passou perto pelas mentes de Bruno Oppido e João Linneu, dois profissionais reconhecidos pela excelência criativa e pelo craft. Ambos desejavam algo que é difícil ser conquistado em empresas tradicionais do mercado: um modelo absolutamente flexível e independente, sem horários pré-definidos.
É dessa maneira que opera a Plant, nome da dupla que reúne Oppido e Linneu – que atuaram por muito tempo no mesmo time da F/Nazca S&S – e que se dedica a desenvolver projetos que necessitem de comunicação com foco em arte e craft. Como salienta Oppido, a empreitada não é nem uma agência, nem um estúdio. “A gente chegou a pensar em ‘global creative cell’, mas é muita pompa. Somos uma dupla de diretores de arte. É tão simples quanto isso”, afirma.
Com sede em São Paulo e Reykjavik (Islândia), onde vive Linneu, a Plant foi formalizada em junho. Seu primeiro trabalho acaba de sair. Ela entrou como parceria da Estud.io na criação da campanha da Puma feita para o Palmeiras em homenagem à conquista da chamada Tríplice Coroa, os títulos do Campeonato Paulista, da Copa do Brasil e da Libertadores, na temporada 2020.
O conceito do projeto, batizado de “De onde vem o ouro”, dividiu o feito em três atos, cada um relativo a uma das competições. Esses três atos foram desdobrados em capítulos. A soma deles, 37, é a quantidade de partidas disputadas pelo Palmeiras para conquistar a Tríplice Coroa. Cada um dos jogos nessa jornada teve um momento marcante representado, com uma arte ou uma frase, exigindo um tratamento diferente (leia mais sobre a campanha aqui).
O case ilustra como a Plant pode entrar como parceira de um projeto, seja com uma agência de publicidade, uma produtora, uma editora ou outro perfil de cliente. Quando é preciso agregar “uma camada a mais de direção de arte”, essa é a hora de convocar a dupla. “Podemos fazer de uma cartela de filme a um projeto de rebranding”, diz Oppido.
De cá pra lá
O estilo do novo negócio foge ao padrão convencional exatamente porque ambos estavam cansados disso – Linneu há bem mais tempo já que deixou a publicidade brasileira em 2015. Foi o ano em que a F/Nazca ganhou o primeiro GP de Film do país em Cannes, com “100”, para Leica, uma das campanhas em que Oppido e Linneu tiveram o talento e o brilho reconhecidos internacionalmente.
Fora do Brasil, Linneu abraçou a fotografia, uma paixão que não vinha encontrando espaço em sua agenda de publicitário, com rotina e horários que lhe roubavam a melhor luz do dia para fotografar – normalmente, saía muito tarde da agência. Em Portugal, tornou-se sócio da editora Void, especializada em livros de fotografia. Neste ano, mudou-se para Reykjavik, de onde continua cuidando da Void.
O caminho de Oppido, por sua vez, o levou, depois da F/Nazca, para Nova York, onde trabalhou na DDB, em 2015. Dois anos depois, ele regressou ao Brasil, entrando para a W+K São Paulo. E no ano passado fez as malas mais uma vez, mudando para Berlim para atuar na Innocean. Lá, ele trabalhava com dois brasileiros, Gabriel Mattar e Ricardo Wolff.
A fase alemã na carreira de Oppido é que propiciou o reencontro com o antigo colega da F/Nazca. Ele resolveu chamar Linneu para cobrir sua licença-paternidade na Innocean. “Eu estava fazendo uma residência artística em Reykjavik, quando o Oppido me chamou. Ele disse ‘os caras te conhecem, gostam de você’. Resolvi aceitar e foi uma experiência interessante. Lembrei que gosto de me relacionar com time de criação”, conta Linneu. Ele ficou na agência de dezembro passado até fevereiro deste ano.
Trabalho remoto
Passada a licença, Oppido - que será o diretor de arte do 46º Anuário (saiba mais aqui) - se preparou para nova mudança. Ele queria voltar para São Paulo. Sua vida também tinha se transformado e ele buscava um novo modo de trabalho, em que pudesse ter mais tempo e liberdade. A pandemia estava mostrando tanto para ele quanto para Linneu que era possível desenvolver projetos sem se amarrar a longos horários fechados em um escritório.
Linneu e Oppido viam que o universo freela estava em expansão. O trabalho remoto permitia isso. “Eu tinha o sonho de abrir um negócio com o Linneu. Por isso, falei com ele de trabalharmos remotamente, com uma proposta de liberdade criativa”, resumiu.
A Plant é o misto dessa liberdade com a oportunidade de trabalharem numa jornada que pode começar no horário da Islândia e terminar no do Brasil – a dupla está aberta a projetos internacionais (e, de fato, já tem um para ser realizado). Oppido salienta que, pela expertise que os dois têm, os jobs que chegam normalmente demandam uma grande atenção em relação à direção de arte. Por isso, a dupla se encarrega de um trabalho por vez. Mas a dedicação é do início ao fim. Eles também podem chamar outros profissionais para se juntarem ao time, dependendo do tamanho e do perfil do projeto.
E por que Plant? “Veio pelo pensamento que direção de arte é algo que se faz com cuidado para que cresça e vire algo belo”, explica Oppido. Com esse posicionamento e mantendo a liberdade que não conseguiam ter no passado, a dupla espera desenvolver mais projetos que demandem essa excelência criativa tão característica dos dois, seja aqui ou em qualquer outro lugar do mundo.