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Netflix: 40 projetos em 2022 e novas temporadas
Para mostrar que o Brasil é, de fato, um mercado importante para o negócio, a Netflix apresentou seus próximos passos para estimular o crescimento da indústria audiovisual no país. Em 2022, a companhia irá apostar em 40 novas ideias para desenvolver, conforme declarado em evento online realizado nesta terça-feira, 21, o “Mais Brasil na Tela”, em que comunicou ao mercado novidades e intenções.
Criado para destacar seus cinco anos de produção local, o encontro reuniu os principais executivos da empresa e trouxe ainda uma participação, via vídeo, do co-CEO da Netflix, Reed Hastings. No evento, foi reforçado o compromisso de investimento em produções locais que vão além do filme e da série. Estão no cardápio, realities, documentários, animações e novelas – até games entraram na lista de projetos do futuro. Valores de investimento não foram informados.
Entre as novidades, estão duas animações que são os primeiros lançamentos brasileiros da Netflix como conteúdos dirigidos para a família: “O Menino Maluquinho”, nova versão do personagem de Ziraldo, e “Acorda, Carlo!”. Estão previstos para estrear no ano que vem também o primeiro filme de ação nacional da plataforma, “Carga Máxima”, e um novo show de Whindersson Nunes, “É de mim mesmo” (veja vídeo mais abaixo).
Desenvolver foi um verbo usado profusamente no evento da Netflix. Como disse Elisabetta Zenatti, vice-presidente de conteúdo da operação brasileira, o foco está no desenvolvimento de projetos para que possam ser escolhidas as melhores histórias para entrar na plataforma. Nem que para isso seja necessário esperar para a proposta ficar pronta.
E a intenção é essa mesma: rechear a programação de conteúdo local porque a companhia já percebeu que essas produções, se feitas com autenticidade e qualidade, tem grande potencial de conquistar público fora do país. Por isso, o investimento será forte na construção de projetos e no estímulo a novos talentos, tanto para atuar na frente das câmeras quanto atrás.
“Estamos dobrando nossos esforços no Brasil com um time local com os melhores executivos de criação, produção e pós-produção do mercado para apoiar o extraordinário ecossistema audiovisual brasileiro com o propósito de trazer mais histórias brasileiras para suas telas”, declarou Francisco Ramos, vice-presidente de conteúdo da Netflix para a América Latina, na abertura.
Na pauta do encontro, entraram discussões sobre buscar ideias fora do eixo Rio-São Paulo, já que o país tem dimensões continentais, e fomentar gêneros e formatos que não costumam ter muita saída por aqui, como as produções de ficção científica. Outro ponto destacado foi a importância da representatividade. A esse respeito, a Netflix fez referência a iniciativas como o Colaboratório Criativo, montado há dois anos para gerar mais oportunidades para roteiristas negros.
Elisabetta salientou que os brasileiros querem mais histórias contadas por diferentes vozes, que reflitam suas vidas, suas raízes e sua ancestralidade. “Por isso, nossa ambição será fazer cada vez mais histórias da gente para a gente, cujo sucesso estará em produzir a melhor versão, de forma que se conectem com mais audiências ao redor do Brasil".
Formatos e gêneros
Adrien Muselet, diretor da área de filmes, lembrou que em 2017 foi lançado o primeiro filme original da Netflix no Brasil e hoje a plataforma conta com mais de 150 entre conteúdo licenciado e feito por eles. Entre as produções, estão obras que podem entrar nas mostras competitivas, caso de "7 Prisioneiros", com Rodrigo Santoro, e que já chegou ao segundo lugar no Top 10 Global de filmes de língua não-inglesa em sua primeira semana de exibição. Uma das boas surpresas do setor, apontadas por Muselet, é ver como o conteúdo nacional atrai muita audiência de fora. “Existe apetite para o cinema brasileiro em outros mercados”.
Ele comentou que há um investimento para levantar a barreira da qualidade. Por isso, é feita uma grande aposta não apenas no projeto como em seu aprimoramento para que se possa ter, por exemplo, novas versões melhoradas de roteiros e argumentos. Bem como também conseguir os atores e diretores mais interessantes para o projeto. No caso de “Carga Máxima” foram três anos de dedicação, o que envolveu até o redimensionamento de orçamento, por se tratar de um filme de ação.
Outro projeto que mereceu esse tipo de atenção foi “Biônicos”, o primeiro filme de ficção científica da plataforma no Brasil. Com direção de Afonso Poyart, o longa também precisou de três anos para ficar pronto. Segundo Muselet, eles trabalharam para ter um arco melhor e personagens secundários mais elaborados. O filme estreia em 2022 – leia mais abaixo sobre as produções que devem entrar para a grade no ano que vem e em 2023.
Haná Vaisman, diretora de séries de ficção, comentou o investimento que fizeram em talentos desde o lançamento da série “3%”, a que inaugurou a área da Netflix no Brasil. “Sem a inserção de novos talentos, não iríamos crescer na velocidade que quer a indústria”, comparou Haná. Elisabetta completou dizendo que é preciso encontrar esses novos profissionais para que a produção do audiovisual não fique só com os que já estão no mercado.
Uma das novidades apresentadas por ela é a minissérie que será criada a partir do livro “Todo Dia a Mesma Noite”, da jornalista Daniela Arbex. A obra é sobre o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS), que matou 242 jovens em 2013.
Sitcoms também entraram no radar da empresa. E prova disso é que será lançada “A sogra que te pariu”, do humorista Rodrigo Sant’Anna. Será uma sitcom com plateia que vai estrear também no ano que vem. Sant’Anna, por sinal, terá também um especial de comédia, “Cheguei!”, sobre sua trajetória profissional e pessoal desde que morou na comunidade do Morro dos Macacos, no Rio.
Elisa Chalfon, diretora de conteúdo não-ficção, falou do novo especial de Whindersson Nunes, da renovação de realities que estouraram, como “Casamento às cegas – Brasil” – que teve sua segunda temporada anunciada – e do desafio que é encontrar parceiros para fazerem a adaptação de programas para a realidade brasileira. Entre as novidades de sua área estão a competição culinária “Iron Chef Brasil”, com Fernanda Souza.
Outra novidade aguardada dentro da não-ficção é a estreia de “Queer Eye Brasil”, que já está sendo gravado. O reality terá cinco “fabulosos” para transformar a vida dos brasileiros, entre eles, Guto Requena, que vai dar dicas de design.
Para ela, formatos originais de realities são também desafiadores, mas o projeto “É o amor”, sobre a família Camargo mostra que o gênero está evoluindo no Brasil. “A audiência se identifica muito em se ver na tela, mas também deveremos exportar muita emoção”, ressaltou, sugerindo o potencial dos originais brasileiros.
Já Daniela Vieira, diretora de conteúdo para crianças e famílias, afirmou que o Brasil tem potencial para produzir uma imensa variedade de histórias. A missão da área está em encontrar as histórias que farão conexão direta com a audiência. “O menino maluquinho”, por exemplo, é um conteúdo que já atravessou gerações. Para atualizar a história, foi investido em um processo para agregar diversidade na tela e fora dela, exatamente para que a narrativa tivesse mais autenticidade. “Vamos investir também em live-action. Estamos pensando em tramas. Vamos falar de amor, música, de tretas com as amigas. Mas precisamos descobrir como conversar com uma geração que atravessou a pandemia e tem mais consciência de questões sociais e climáticas”, ponderou Daniela.
Qual a definição de novela?
A respeito de novelas, um dos assuntos que mais tem rondado a Netflix, Elisabetta revelou que a empresa está desenvolvendo vários projetos. “Estamos entendendo qual será nossa versão de novela, mas não será o formato tradicional. Não será no estilo clássico, com melodrama diário. Apostamos mais em formato semelhante à série. Não estabelecemos um número de capítulos, mas será menor”, explicou.
Elisabetta mencionou duas séries que servem de parâmetro para o que será a novela da Netflix: “Olhar indiscreto” e “Só se for por amor”. Para a executiva, são propostas que trazem os elementos de novela que consideram interessantes para a audiência. “Vamos fazer um blend de formatos. Antes, isso era quase impensável. Hoje, a indústria tem essa possibilidade”, comemorou.
Convidado para falar de sua experiência com a empresa, o diretor Fernando Meirelles, responsável pelo sucesso “Dois Papas”, disse que o importante, para quem quer fazer parte desse universo, é tentar não criar pensando no mercado internacional. Para Meirelles, a Netflix é um local de produção do mundo para o mundo. Ou seja, é melhor focar em produzir bem uma boa história brasileira que ela, sozinha, conquista fãs além-fronteiras.