Menos 970 mil assinantes

A Netflix divulgou nesta terça-feira, 19, o balanço do segundo trimestre. Nos primeiros três meses do ano, a companhia teve uma perda importante de assinaturas: 200 mil globalmente. E projetava uma queda na adesão ainda maior para o período entre abril e junho. Mas, segundo a própria empresa, o resultado foi melhor do que o esperado.

A plataforma de streaming continua a perder usuários. A queda no segundo trimestre foi de 970 mil assinantes. No entanto, a expectativa apresentada na divulgação dos números dos primeiros três meses era de uma redução de 2 milhões de assinaturas entre abril e junho. A reação da empresa – que fez cortes na estrutura para reduzir despesas e está buscando criar formas de atrair mais gente para seu serviço – fez com que a projeção para o próximo trimestre seja de aumento de 1 milhão de assinantes.

Agora, a base global é composta por 220,7 milhões de assinaturas. No último trimestre de 2021, o total era de 221,8 milhões.

Já a receita teve alta de 8,6% na comparação ano a ano. Um dos destaques foi a América Latina, que teve 19% de aumento na receita sobre o mesmo período em 2021. Pela primeira vez, a região bateu a marca de US$ 1 bilhão amealhado em um trimestre.

“Nosso desafio é acelerar nossa receita e crescer o número de assinaturas ao continuar a melhorar nosso produto, conteúdo e marketing, como fizemos nos últimos 25 anos, e melhorar o meio de monetizar nosso grande público”, escreveu a companhia, em carta aos acionistas.

Como a Netflix observou no documento, no trimestre passado, eles discutiram a desaceleração do crescimento da companhia, que poderia ter sido influenciada pela adoção da TV conectada, pelo compartilhamento de contas, concorrência e fatores macro como os impactos da guerra na Ucrânia.

Por outro lado, um dos trunfos da plataforma foi o conteúdo, com a quarta temporada de “Stranger Things” salvando a empresa. A série foi bem recebida pelos fãs, gerou ações com marcas e ainda teve indicação para o Emmy.

Em suas primeiras quatro semanas de exibição, de acordo com a companhia, a quarta temporada de “Stranger Things” gerou 1,3 bilhão de horas assistidas, tornando-se a segunda temporada de série mais vista dentre as produções em inglês. Além disso, os novos episódios catapultaram “Running Up That Hill”, uma canção de Kate Bush, de 1985, para o topo das listas de músicas.

Um hit antigo do Metallica, de 1986, também retornou aos rankings nos EUA e no Reino Unido: “Master of Puppets” foi tocada na quarta temporada.

Publicidade e compartilhamento de contas

A Netflix informou que seu pacote mais barato por agregar publicidade deverá ser lançado no início de 2023. A companhia fechou neste mês uma parceria de tecnologia e vendas com a Microsoft para desenvolver a estrutura que irá garantir essa oferta (leia mais aqui). “Provavelmente, começaremos em alguns mercados onde os investimentos em publicidade são significativos”, acrescentou a Netflix, sem detalhar que regiões são essas.

Na carta aos acionistas, a empresa comunicou que a ideia é criar um modelo de publicidade melhor do que o oferecido pela TV linear, com mais transparência e relevância e oferecendo mais eficácia para os anunciantes. A liderança da Netflix acredita que ainda vai demorar algum tempo para a base de assinantes crescer em virtude do pacote com publicidade, mas defende que virá uma expansão substancial no número de assinaturas, bem como haverá aumento da receita publicitária.

Em conversa feita por videoconferência com os acionistas, a Netflix salientou que, com a ajuda da Microsoft, a expectativa é oferecer para o assinante uma experiência inovadora. Também foi revelado que agências e redes de comunicação têm sondado a companhia para falar do pacote mais barato.

Quanto ao compartilhamento de senhas, um dos entraves ao crescimento da plataforma, de acordo com a Netflix, a companhia comentou que está nos estágios iniciais para monetizar as mais de 100 milhões de famílias que atualmente desfrutam do conteúdo sem pagar diretamente pelo serviço. “Sabemos que isso será uma mudança para nossos membros”, reconheceu.

Foram lançadas abordagens diferentes na América Latina para que a plataforma entenda melhor o que pode ser feito e teste o projeto para ser lançado no ano que vem. “Nosso objetivo é encontrar um serviço de compartilhamento pago fácil de usar”.

Em agosto, será oferecido aos usuários na Argentina, República Dominicana, em El Salvador, Guatemala e Honduras esse modelo de pagamento por um acesso extra por US$ 2,99 mensais. O Brasil, por enquanto, está livre desse modelo. Outra experiência de compartilhamento pago já está sendo aplicada no Chile, Peru e na Costa Rica.