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Mulheres do áudio – parte 1

Gil Viana, Mugshot

08.03.24

Neste Dia Internacional da Mulher, o Clubeonline traz uma série feita com mulheres que criam e/ou produzem áudio no mercado publicitário. 

Um número que historicamente sempre foi diminuto, mas que agora começa a ganhar musculatura e crescer. Que bom!

A primeira entrevistada é Gilvana Viana Cruz, a Gil, CEO da Mugshot – e CEO também da Casablack e da Punks SA.

Clubeonline – Conte brevemente como surgiu sua história com a música.
Gilvana Viana - Desde criança eu amo ouvir música e dançar. Na minha casa, nunca faltou música. Nasci na Bahia, que é um dos berços da música brasileira, mas também sempre consumi música internacional, como jazz e blues.

Clubeonline - Como começou a produzir para o mercado publicitário?
Gil - Eu fiz especialização em marketing e, com isso, fui contratada por produtoras de imagem reconhecidas no mercado, como Cubo Filmes, Zohar Cinema e Film Planet. Após essas passagens, em 2012 eu decidi abrir a produtora de som Mugshot, com meus sócios. Foi uma escolha para unir paixões: publicidade e som, ter minha própria empresa e estar mais próxima da minha família.

Clubeonline – Passou ou passa por dificuldades, envolvendo, por exemplo, preconceito, neste universo?
GilSeria muita ingenuidade minha dizer que nunca passei por preconceito ou discriminação no mercado de trabalho. Já estou no mercado da publicidade há mais de 20 anos. Então, a única diferença é que antes as situações eram um pouco mais explícitas. Hoje em dia, é mais velado e disfarçado. Infelizmente, eu sinto que muitas pessoas se dizem antirracistas e apoiadores das mulheres porque está na moda, mas continuam discriminando e silenciando as mulheres, e sobretudo as negras. Está na hora de mais ação dentro dos discursos e teorias.

Clubeonline – Você sente que ainda há poucas mulheres sendo reconhecidas e criando nas produtoras de áudio ou acredita que hoje este cenário mudou?
GilSim. Na verdade, eu não sinto, mas vejo. É visível que existem poucas mulheres sendo reconhecidas nas produtoras de áudio. Esse universo ainda é predominantemente masculino. Gosto sempre de trazer o recorte racial também. Com isso, preciso reforçar que é um universo masculino e branco. Isso ocorre porque a indústria do som reflete o mercado, de maneira geral. Ao analisarmos os dados, percebemos que mulheres negras em cargos de liderança não passam de 1%. Em contrapartida, somos 28% da população brasileira (o maior grupo existente). Ou seja, somos sub representadas em qualquer segmento. Isso se dá pelo preconceito e pela segregação velada.

Clubeonline – Dos seus trabalhos feitos para propaganda, quais você destacaria? Por quê?
GilTenho muitos projetos especiais, mas gosto de unir grandes marcas com grandes artistas da cena, em trabalhos que tenham identidade. Já produzi trilhas exclusiva com Baiana System para Apple; Vanessa da Mata para Westwing; Nina Fernandes para Nestlé, entre outros.

Clubeonline – Fora do universo da publicidade, o que te move? Você está em outros projetos que envolvem música?
GilFora da publicidade, estou muito feliz com os podcasts, como a produção executiva do “Mano a Mano”, do Mano Brown. Um projeto que, de fato, fura a bolha da informação e promove diálogo e conexão. Além disso, o que me move verdadeiramente é a minha família, meus filhos. Tudo que eu faço é pensando neles. Estamos em produção de um projeto delicioso que é a formação de jovens talentos musicais, neste caso são quatro meninas.

Mulheres do áudio – parte 1

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