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Elga Bottini, Capta
No Dia Internacional da Mulher, o Clubeonline lançou uma série feita com mulheres que criam e/ou produzem áudio no mercado publicitário.
Um número que historicamente sempre foi diminuto, mas que agora começa a ganhar musculatura e crescer. Que bom!
A primeira entrevistada foi Gil Viana, CEO da Mugshot (leia aqui). A segunda, Mônica Agena, produtora musical da Mr. Pink.
Agora, o papo é com Elga Bottini, compositora e produtora musical da Capta.
Clubeonline – Conte brevemente como surgiu sua história com a música.
Elga Bottini – Faço música desde criancinha. Sempre me imaginei trabalhando com isso. Era um sonho, era difícil me imaginar fazendo outra coisa.
Clubeonline – Como começou a produzir para o mercado publicitário?
Elga - Eu já produzia uns sons na minha casa de forma muito intuitiva. Comecei gravando naquele gravador do Windows. Fazia umas overdubs bizarras. Depois, tive uma banda da hardcore só de mulheres. Foi com essa banda que eu parei em São Paulo. Ainda não conhecia ninguém do meio, mandava meu currículo magrinho, com umas músicas que já fazia, por email para os estúdios e era muito raro alguém me responder. Mas um dia me responderam e foi justamente uma produtora de som com foco em publicidade que me deu a primeira oportunidade.
Clubeonline - Passou ou passa por dificuldades, envolvendo, por exemplo, preconceito, neste universo?
Elga - Sim, passo. Isso tá melhorando. Acho que, quando foi pior, eu era muito nova e não sacava tanto. Acho que essa inocência foi o que me ajudou a não desistir. Mas eu já quase desisti. É engraçado que antes achava que ser a exceção, ali, me destacava. Mas hoje vejo que, na verdade, isso significa outra coisa. Com exceção da Capta, nunca fiz parte de uma produtora onde tinham outras mulheres na produção. Na Capta, a gente fala muito o quão importante é trazer mulheres que estão começando para perto da gente. Essas mulheres precisam ver outras trabalhando. Fico imaginando que, se eu tivesse tido mais referências femininas dentro do estúdio, 12 anos atrás, teria sido muito significativo.
Clubeonline – Você sente que ainda há poucas mulheres sendo reconhecidas e criando nas produtoras de áudio ou acredita que hoje este cenário de fato mudou?
Elga - Ainda há uma diferença brutal entre oportunidades e quantidade de mulheres na área. Sei que as agências estão tentando fazer essa inclusão nos times. Acho mega certo, mas gostaria de fazer filmes com temáticas mais neutras. Já passei por fases em que os convites para freelas eram sempre os mesmos. Já tive alguns problemas com isso e, por essa razão, quando a Capta me convidou para fazer parte da produtora, fiquei muito feliz de poder fazer isso de uma forma mais real. Sei que todos os projetos que a gente faz tem uma equipe que não é chamada para filme x ou y e que a gente vai fazer filmes de empoderamento, sendo empoderadas de verdade. E eu quero deixar claro que não vejo problema algum em homem produzir a trilha de um filme de Dia das Mães, por exemplo, mas eu quero ter as mesmas oportunidades de fazer um do Dia dos Pais.
Clubeonline – Dos seus trabalhos feitos para propaganda, quais você destacaria? Por quê?
Elga - Um filme que adorei fazer e que me mostrou a importância dessas pontes entre linguagens e gêneros musicais foi um funk que produzi para um filme de Buser. Eu tinha acabado de fazer uma temporada da série “Sintonia” como music editor e mergulhado profundamente no universo do funk. Não era um funk caricato. Era um funk moderno, com timbres específicos e uma levada específica. Tem de saber fazer. Aplicar essa experiência num filme desse foi muito interessante.
Clubeonline – Fora do universo da publicidade, e da sua banda, o que te move? Você está em outros projetos que envolvam música?
Elga - Fora da publicidade, profissionalmente falando, o que tem me dado muito gás agora é encontrar processos mais humanos, juntar mais pessoas e mais mulheres. Exaltar a subjetividade feminina, explorar essa voz. Sinto que a gente acaba se adaptando demais para caber nesses espaços de criação, nesses espaços da música. Parece que tudo que a gente faz já vem com umas tags: “romântica”, “rosa”, “delicado”. Se é que existe “música de mulher”, eu quero ver essa música em todos os gêneros musicais, instrumentos e mídias.