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Luna França, da Evil Twin
Neste mês de celebração da mulher, o Clubeonline está com uma série feita com mulheres que criam e/ou produzem áudio no mercado publicitário.
Um número que historicamente sempre foi diminuto, mas que começa a ganhar musculatura e crescer. Que bom!
A entrevista agora é com Luna França, produtora musical, cantora e compositora da Evil Twin.
Confira como foram as conversas anteriores com: Gil Viana, CEO da Mugshot; Mônica Agena, produtora musical da Mr. Pink; Elga Bottini, compositora e produtora musical da Capta; Janecy Nascimento, maestrina, sócia-fundadora e CEO da Loud+; e Silvanny Sivuca, produtora musical da Pingado Áudio.
Clubeonline - Conte brevemente como surgiu sua história com a música.
Luna França - Minha história com a música se mistura com minha história de vida. Meu pai, o cantor Dudu França, tinha um estúdio em casa e criava muitos jingles publicitários. Quando eu tinha quatro anos, ele já me colocava para gravar voz em seus jingles, aqueles que precisavam de voz infantil. Então, cresci no ambiente de estúdio e gravação. Na adolescência, comecei a cantar como backing vocal de bandas e mais tarde como tecladista. Toquei em várias bandas da cena paulistana, até desenvolver meu próprio projeto autoral. Lancei, em 2022, meu álbum “Um” (ouça no Spotify), produzido por mim e pelo André Whoong e, desde então, venho realizando meu caminho autoral. Na produção musical, também desenvolvi trilhas para filmes (curtas e longas), podcasts e publicidade.
Clubeonline - Como começou a produzir para o mercado publicitário?
Luna - Após o processo de produção do meu álbum, que foi de 2018 a 2020, decidi entrar de cabeça no universo da produção musical. Comecei compondo para curtas-metragens, depois surgiu a oportunidade de criar uma música original para um longa-metragem documental, além de trilhas e vinhetas para podcasts. Fiz alguns conteúdos publicitários como freelancer, mas ingressei de vez no mercado publicitário ao entrar para o time de produtores musicais da Evil Twin.
Clubeonline - Passou ou passa por dificuldades, envolvendo por exemplo preconceito, neste universo?
Luna - No ambiente profissional, em geral, já me senti invisibilizada ao não levar o crédito pelo trabalho que eu havia feito ou ao não ser paga de forma correta e justa em comparação a outros profissionais do projeto. Também já senti uma desconfiança de que eu seria capaz de realizar determinados trabalhos. Ao tocar com bandas, passei por situações bizarras em que homens queriam me ensinar como plugar meu próprio instrumento, ou me dizer como passar o som… É duro rsrs! Já presenciei uma técnica de som passando pela mesma situação. Sinto que hoje o preconceito é mais velado. Não é tão explícito. Mas ele está presente: basta observarmos o número de mulheres que assinam a criação e produção musical de peças importantes, tanto no cinema quanto na publicidade. Se falarmos em posições de liderança, isso é ainda mais raro.
Clubeonline - Você sente que ainda há poucas mulheres sendo reconhecidas e criando nas produtoras de áudio ou acredita que hoje este cenário mudou?
Luna - Com certeza ainda há poucas mulheres criando e sendo reconhecidas dentro das produtoras de áudio. Fazendo uma breve enquete entre colegas da produção, descobri que praticamente todos eles nunca tinham trabalhado com uma mulher antes na área de produção musical ou finalização de som. Pessoas com 10, 15 anos de carreira e eu sou a primeira mulher com quem eles trabalharam. As mulheres nas produtoras de áudio costumam ocupar os cargos de atendimento e produção executiva, mas a criação é dominada por homens. Acredito que, para mudar esse cenário, é necessário um esforço por parte das produtoras para abrir espaço para profissionais mulheres, além de pagá-las de forma igualitária. Buscar profissionais femininas do áudio e formar novas profissionais só tem a acrescentar em diversidade de ideias para as produtoras, agências e marcas.
Clubeonline - Dos seus trabalhos feitos para propaganda, quais você destacaria? Por quê?
Luna - Destaco dois trabalhos que gostei muito de fazer e têm abordagens bem diferentes entre si. Um deles é a trilha para a campanha “É outro mundo”, da Brastemp, com criação da FCB Brasil. Foram três filmes dirigidos por Fábio Mendonça, da O2, que apresentaram o novo reposicionamento da marca com roteiros sagazes que abordavam temas muito atuais (veja aqui, aqui e aqui). Tive liberdade para criar, junto da Evil Twin Music, uma trilha inventiva e não convencional para filmes com que pediam um desenho musical cuidadoso. Foi um prazer! Outro trabalho que me agradou muito foi a trilha para a marca francesa de acessórios Dentro. Com uma pegada de fashion film, a série de cinco filmes dirigidos por Camila Freiha tem uma estética disruptiva e mostra ao mesmo tempo elegância e trabalho artesanal. Os filmes pediam uma trilha desconstruída. O trabalho de sfx dos profissionais da Evil Twin também foi impecável e a série foi exibida na Semana de Moda de Paris, além de ganhar vários prêmios em festivais pelo mundo (confira aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
Clubeonline - Fora do universo da publicidade, o que te move? Você está em outros projetos que envolvem música?
Luna - Fora do universo da publicidade, sigo no meu caminho autoral. Tenho um álbum lançado com composições próprias, faço shows e estou compondo e produzindo novas músicas para um próximo álbum. Para mim, é importante sempre manter a chama de projetos autorais acesa, pois é por meio deles que eu me expresso de forma mais genuína. Além do estúdio, o palco é um lugar de realização para mim.