arrow_backVoltar

Mulheres negras, indígenas e trans

Curso de formação criativa da Publicis amplia perfis de candidatas

23.05.23

Em sua quinta edição, o Entre, programa gratuito da Publicis Brasil para capacitação e inclusão de mulheres na criação, amplia os perfis de candidatas ao curso. O projeto tem foco em estudantes negras ou recém-formadas e havia aberto espaço para indígenas no ano passado. Agora, além das vagas reservadas para elas, 10% estão destinadas a mulheres trans.

O programa, que já formou 120 profissionais desde que foi lançado (em 2018), abriu inscrições nesta terça-feira, 23, pelo site entre.publicis.com.br. São 30 vagas para o curso que será iniciado no dia 19 de julho. No ano passado, a Publicis recebeu 615 inscrições. A expectativa é bater esse número.

Podem se inscrever pessoas a partir de 18 anos que estejam cursando qualquer semestre ou já estejam formadas nas faculdades de publicidade, marketing, jornalismo, relações públicas e áreas correlatas, com ou sem experiência em criação.

O foco do Entre está na área de criação, porém as alunas que concluírem o programa poderão ser empregadas em outros departamentos, como já aconteceu. Elas podem ser contratadas pela Publicis, por outra agência, veículo ou anunciante, conforme o histórico das alunas comprova. Isso porque o curso visa preparar profissionais criativas que possam atuar no mercado de comunicação. Ainda assim, é a criação que movimenta o projeto.

O Entre é literalmente um convite, uma oportunidade que já passou por centenas de mulheres que assim como eu, sempre sonharam com a criação. Ter acesso às aulas, aos profissionais e a uma das maiores agências do país pode fazer a diferença na trajetória dessas mulheres e nos dar profissionais brilhantes no futuro da publicidade”, afirmou Deh Bastos, diretora de criação da Publicis.

Consultoria

Pelo segundo ano consecutivo, a Publicis conta com a parceria da Carreira Preta, consultoria em soluções corporativas e educacionais em diversidade para inclusão e integração social, no preparo do curso. Ela oferece workshops para a liderança criativa da agência para que esses profissionais estejam habilitados para compartilhar conteúdos práticos com as alunas.

A parceria com a Carreira Preta também envolve outra missão essencial dentro do projeto. Fora o conhecimento técnico – ministrado majoritariamente por profissionais da Publicis e completado por visitas a escritórios de clientes da agência –, o programa oferece mentoria de carreira para as mulheres selecionadas.

A metodologia aplicada para dar esse suporte para as alunas foi desenvolvida pela consultoria. Isso inclui um olhar atento para a trajetória dessas mulheres, no sentido profissional e de suas vivências pessoais.

De acordo com Priscilla Turíbio, executiva e gestora de projetos do Carreira Preta, 70% das mulheres que participaram do programa reportaram que o Entre impactou a carreira delas. E também impactou a consultoria. Outros clientes da empresa chegaram a pedir um projeto semelhante ao realizado pela Publicis. “O Entre transformou o Carreira Preta”, contou.

Para poder atrair mais candidatas indígenas (no ano passado, não houve nenhuma aluna dentro desse perfil) e chamar a atenção da comunidade LGBTQIA+, a consultoria acionará parceiros para que ajudem na divulgação do Entre, eventualmente até com apoio de conteúdo.

Identidade visual e conceito

Dani Ribeiro, ECD da Publicis Brasil e líder do Entre, apresentou a nova identidade visual do programa. Antes, ele tinha como ícone uma porta. Hoje, está mais conectado à geração Z e faz referência à tecla “enter”. O conceito remete ao processo de seleção das alunas do curso.

Nosso critério de escolha passa por valorizar habilidades. O que é necessário para participar? É preciso falar inglês? Não. Nossa proposta é ‘Entre do jeito que você é”, disse Dani.

O perfil da Publicis nas redes sociais já está com a campanha da quinta edição do Entre no ar. Ela traz vídeos com alunas que fizeram o curso. Um deles traz a seguinte mensagem no post: “Você gosta de fotografia? Gosta de teatro? Gosta de música? São talentos que a Bianca Santos tem e nunca pensou que poderia entrar com eles. Mas entrou”.

Desafio para o mercado

Segundo Eduardo Lorenzi, CEO da Publicis Brasil, o programa é a manifestação concreta do valor que a representatividade tem para a agência. O Entre começou em 2018 em virtude de uma constatação: havia poucas mulheres na criação. Era preciso mudar esse quadro. Atualmente, metade da criação é feminina. Outro dado que ele destacou é que um terço dos colaboradores é composto por negros (34% do total do time). A meta do Grupo Publicis é chegar a 50% em 2027.

Como Lorenzi observou, o Entre é um projeto construído para fora. “A gente não tem 30 vagas todo ano. O curso não é exclusivamente para a Publicis, e sim para o mercado. Dani apontou que existem diversas iniciativas de inclusão na indústria, todas importantes, mas há um gargalo: a retenção.

Como explicou Priscilla, a cultura da empresa determina muito a permanência das profissionais naquele ambiente. É ela quem diz se é possível dar mais passos dentro da corporação. Por isso, é fundamental compreender e estudar como funciona cada companhia, cada gestão. “A conduta resulta em cultura. E conduta é ação. As lideranças têm de entender que a sociedade precisa estar representada dentro da empresa. Por isso, trabalhamos com líderes, falamos de privilégios, fazemos letramento”, completou.

A respeito desse desafio do mercado, Deh afirmou que, quando se fala de vagas afirmativas, isso implica em confrontar um sistema de privilégios. E isso pode causar desconforto. É necessário assumir isso e enfrentar os privilégios, o que dá trabalho. Outro ponto que salientou é que, para um projeto ter sucesso, é necessário que gere um legado. “As meninas que entrarem no programa vão fazer parte de um legado. É importante ter sucessão. A gente tem de se perguntar como vamos construir isso. A história não pode parar na gente”, acrescentou.

Mulheres negras, indígenas e trans

/