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Na Folha e no Facebook

Nizan e Serpa trocam elogios

10.12.13


Nizan Guanaes, chairman do Grupo ABC, assina um texto intitulado "Marcello Serpa", publicado na edição desta terça-feira (10), na Folha de S.Paulo (leia abaixo), em que elogia o sócio e diretor de criação da AlmapBBDO. Entre outras exaltações, o autor afirma que Serpa "deveria ser sir pelo que faz pelas marcas brasileiras e pelo Brasil nos prêmios institucionais."



Serpa respondeu com um texto chamado "Obrigado ao Nizan", postado em sua página no Facebook (leia abaixo na íntegra, logo depois do artigo assinado por Guanaes). Entre outras coisas, destaca que admira, entre as "inúmeras qualidades" do "brilhante redator/megaempresário/showman", a "sua inteligência fora do comum: ele é incapaz de levar a público desavenças pessoais."



Confira os dois textos, abaixo. Primeiro, o artigo de Nizan:



Marcello Serpa



Ele é o mais premiado publicitário brasileiro da atualidade. E o terceiro mais premiado do mundo neste ano. Mas a importância de Marcello Serpa e a minha admiração por ele não estão apenas no que o publicitário faz mas também nas coisas que ele não faz. Serpa não é promiscuo com o valor do seu trabalho e jamais aceita trabalhar de forma aviltante.

Como aconteceu recentemente com um cliente que queria pagar valores abaixo do mercado e a quem Marcello Serpa mandou passear. Ao dizer um sonoro não a esse cliente, Marcello Serpa se firma como orgulho do mercado e nosso herói.



Serpa, sócio e comandante da AlmapBBDO, representa uma classe de grandes publicitários brasileiros, como Fabio Fernandes, Júlio Ribeiro, Sérgio Gordilho, Celso Loducca, Alexandre Gama, entre muitos outros, que, ao fazer trabalho de valor e cobrar por ele, fazem o mercado brasileiro ser um dos três melhores do mundo e o melhor entre os Brics.



Os publicitários brasileiros são tão criativos que, assim como os jogadores de futebol, nossos craques da publicidade estão espalhados pelo mundo exercendo seus talentos, como André Laurentino, principal nome de criação da TBWA em Londres, Miguel Bemfica, diretor-global de criação da McCann em Londres, e Gustavo de Mello, VP de estratégia global da DDB em Chicago.



PJ Pereira, meu sócio na Pereira & O'Dell em San Francisco, na Califórnia, está fazendo da sua agência um fenômeno da publicidade mundial. O novo "golden boy" da publicidade americana é carioca, torce pelo Flamengo e acaba de lançar um romance, em português, sobre o candomblé. Seus comerciais para Intel e Skype são hiperpremiados

e memoráveis. O da Skype foi eleito pela revista "Time" um dos melhores de 2013. PJ ganhou nada menos que três Grand Prix em Cannes neste ano. Coisa que eu nunca vi na minha vida.



A publicidade é fundamental na transformação de uma commodity em produto de valor agregado. Foi ela quem fez uma palha de aço se tornar Bombril e uma boa geladeira ser uma Brastemp.



O publicitário sabe melhor do que qualquer outro profissional estabelecer as pontes entre um produto e seus consumidores. Ele concentra todo o conhecimento do produto, da marca, do mercado, das mídias, do público e da relação entre eles para proporcionar as melhores oportunidades de negócios para as empresas prosperarem.



A propaganda brasileira tem dado provas de sua eficiência ao longo de varias gerações, ao estabelecer marcas e mercados para produtos que movimentam nossa economia, criam empregos e geram riqueza.



Agora, com Copa do Mundo e Olimpíada no horizonte próximo, teremos os olhos, os ouvidos, os corações e as mentes do planeta focados no nosso país -uma oportunidade de ouro, prata e bronze para avançarmos de forma decisiva na construção da marca Brasil e das marcas do Brasil.



E as marcas têm enorme valor econômico.



Pela pesquisa da Interbrand, a marca do Itaú vale R$ 19,3 bilhões; a do Bradesco, R$ 14,1 bilhões; a da Skol, R$ 9,3 bilhões; a da Brahma, R$ 7,2 bilhões. Esses valores não são obviamente gerados só pela propaganda, mas a propaganda tem um peso decisivo na criação desses valores.



A Inglaterra, que considero uma das duas melhores propagandas do mundo, reconhece institucionalmente o valor da contribuição da propaganda ao dar o título de sir a sir Martin Sorrell, o grande financista que montou a WPP, o segundo maior conglomerado de serviços de marketing do mundo, e a sir John Hegarty, o maior criativo inglês de todos os tempos e um sujeito esplêndido (como diriam os ingleses).



Marcello Serpa deveria ser sir pelo que faz pelas marcas brasileiras e pelo Brasil nos prêmios institucionais. Porque para nós, seus colegas, ele já é sir e tem todo o respeito e toda a admiração.



Afinal, ao valorizar o seu trabalho e estabelecer preço digno por ele, Marcello Serpa dá tom ao mercado e valor ao trabalho seu e de todos nós.



Nizan Guanaes.



Com Folha de S.Paulo.



Abaixo, o texto de Serpa:



Obrigado ao Nizan.



Hoje acordei e levei um susto ao ver meu nome dando título à coluna do Nizan na Folha. Imediatamente após o susto, veio um sentimento de alívio que se confirmou ao ler o texto. Ele me elogiava muito mais do que jamais mereci.



A certeza de elogio é estranha para quem sabe que Nizan e eu temos as nossas diferenças que, com o passar de tantos anos, já merecem o título de “Históricas”.



Das inúmeras qualidades que admiro no Nizan, brilhante redator/megaempresário/showman, uma é sinal claro da sua inteligência fora do comum: ele é incapaz de levar a público desavenças pessoais.



Depois de trabalharmos muito bem juntos, a vida nos separou em campos opostos na área da publicidade. Como é do jogo, nós nos xingamos inúmeras vezes, numa delas, inclusive, fui chamado até de Doris Day, conhecida em Hollywood por ser um doce de pessoa em público e um péssimo caráter na vida real.



Eu, pelo meu lado, fui bem menos criativo e o chamei de tantas coisas impublicáveis que fariam até o Fábio Porchat corar.



Mas fizemos isso sempre olho no olho, em particular, nunca em público. Afinal, roupa suja se lava na agência ou nas escadarias do Palais em Cannes.



O meu respeito à sua carreira e as suas conquistas sempre serão maiores que qualquer picuinha.



Fico muito feliz pelo reconhecimento público do Nizan de atitudes que valorizamos tanto na Almap.



Mas é preciso corrigir uma injustiça cometida por ele em seu texto: nesses 21 anos de Almap jamais fui o “comandante” e, sim, sempre copiloto. Meu sócio, José Luiz, e eu dividimos as glórias, as derrotas e o prazer de ver que dá para fazer um negócio de sucesso sem comprometer a dignidade.



Temos a sorte de dividir os mesmos princípios e, por esses serem inegociáveis, fica fácil recusar os cantos de sereia que soam por todo lado e que sabemos que têm o poder de destruir o valor do nosso negócio.



É preciso também dividir esses méritos com os 4 novos sócios, Luizinho, Cíntia, Rodrigo e Gustavo, que têm pela frente a tarefa de levar a agência para o futuro sem nunca esquecer os fundamentos do passado.



Novamente, muito obrigado ao Nizan pelas palavras elogiosas, pelo título de Sir e pela injusta canonização pública.



Longe de ser santo, eu só posso esperar que um milagre aconteça. Que as agências comecem a dizer não a propostas indignas, a concorrências indecentes, que estão destruindo o que as gerações anteriores de grandes publicitários demoraram tanto para construir.



Marcello.



Postado na página de Marcello Serpa no Facebook.


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