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Nota de Falecimento

Ziraldo, aos 91 anos

06.04.24

O escritor e cartunista Ziraldo, que criou o personagem "Menino Maluquinho", morreu na tarde deste sábado (6), aos 91 anos, de "causas naturais", no apartamento onde morava, no bairro da Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro.

Ziraldo, que também foi jornalista, cofundou, em 1969, o jornal “O Pasquim”, veículo que ajudou a combater a ditadura militar no país. O título foi descontinuado em 1975.

Nascido em Caratinga, Minas Gerais, Ziraldo Alves Pinto - que falou suas primeiras palavras tardiamente, com mais de três anos -, teve seu primeiro desenho publicado com seis anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.

Em 1949, partiu para o Rio de Janeiro, para tentar trabalhar como caricaturista, ilustrador ou desenhista de histórias em quadrinhos. A ideia era atuar em jornal, mas foi parar em uma agência de publicidade – a então McCann Erickson. Voltou para Minas em 1952 e formou-se em Direito cinco anos mais tarde. Em 1958, de novo no Rio, publicou cartuns em várias revistas internacionais. Também trabalhou nas revistas O Cruzeiro, O Cruzeiro Internacional e a Cigarra.

Ziraldo foi responsável, em 1960, pelo lançamento da primeira revista brasileira de comics, a “Saci-Pererê”. A obra reunia, além do personagem que deu nome à publicação, outros ícones do universo folclórico brasileiro. Com o golpe militar de 1964, o título foi descontinuado, mas, em 1973, a Editora Primor reeditou as melhores histórias, em três volumes, sob o nome de “A Turma do Pererê”.

Em 1969, lançou seu primeiro livro infantil: “Flicts”, a história de uma cor sem lugar no mundo, que conquistou o Prêmio da Academia Brasileira de Letras. “O Planeta Lilás”, também focado nas crianças, foi lançado em 1979.

No ano seguinte, foi a vez da icônica obra infantil “Menino Maluquinho”, que ganhou o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, Prêmio Unesco e Prêmio Caran D’Ache, além de ter sido escolhido para fazer parte da 1ª Ciranda de Livros da Fundação Roberto Marinho. O personagem se desdobrou em diversos produtos, como histórias em quadrinhos – publicadas pelas editoras Abril e Globo de 1989 a 2007 – filmes para cinema, séries para TV, peças teatrais e desenho animado.

Entre 1979 e 1981, Ziraldo ilustrou, no Caderno B do Jornal do Brasil, pequenos registros (chamados de pipocas) sobre o cenário político e social do Brasil, com textos assinados por Carlos Drummond de Andrade. Juntos, Ziraldo e Drummond lançaram o livro “O Pipoqueiro da Esquina”, em 1981, pela editora Codecri (a mesma do jornal Pasquim).

Sempre em movimento, em 1999, Ziraldo lançou duas revistas: a Palavra, especializada em artes brasileiras, e Bundas, que tinha a proposta de fazer crítica política por meio do humor e que trazia editoriais assinados por Luís Fernando Veríssimo. Ambas saíram de circulação em 2001. Entre 2002 e 2004, Ziraldo editou OPasquim21, inspirado no antigo Pasquim.

Adentrou mais firmemente no universo das artes plásticas em julho de 2010, com o lançamento da exposição Zeróis, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Ele pintou 44 telas, retratando heróis de histórias em quadrinhos em situações divertidas.

Ziraldo esteve no Festival do Clube de Criação em 2017, em papo com Washington Olivetto, no painel “Os Meninos Maluquinhos”, leia aqui.

O corpo de Ziraldo será velado às 10h deste domingo (7), na Associação Brasileira de Imprensa, no Centro do Rio de Janeiro, e o sepultamento ocorrerá na tarde do mesmo dia, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Nota de Falecimento

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