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Washington Olivetto, aos 73 anos
Um dos maiores nomes da propaganda brasileira e um dos ícones da publicidade mundial, Washington Olivetto morreu neste domingo (13), aos 73 anos, devido a falência múltipla de órgãos, em decorrência de complicações pulmonares, no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, onde estava internado há cinco meses.
Nascido na capital paulista em 29 de setembro de 1951, filho de vendedor, que o inspirou a seguir a carreira publicitária, Olivetto iniciou sua trajetória na indústria publicitária ainda muito jovem, com menos de 20 anos. Começou como estagiário na agência Harding Gimenez Publicidade (HGP), já na área da criação.
Em seguida, foi para a Lince Propaganda, onde conquistou seu primeiro Leão, de Bronze, para a marca Deca, no Festival da SAWA (Screen Advertising Worlds Agencies) - o Festival Internacional de Criatividade de Cannes.
Olivetto também acompanhou a fusão da Lince com a Júlio Ribeiro, Mihanovich - JRM, que gerou a Casabranca. No início de 1973, foi para a DPZ, onde atuou por 14 anos e formou dupla com Francesc Petit.
Em 1975, abocanhou, juntamente com o "P", da DPZ, o primeiro Leão de Ouro para o Brasil, com a peça "Homem de mais de 40 anos" (assista abaixo), para o Conselho Nacional de Propaganda (CNP).
No ano seguinte, sob o pseudônimo George Remington (George em referência a George Washington e Remington em alusão às máquinas de escrever Remington, concorrentes da Olivetti - que lembra Olivetto), conquistou seu segundo Leão de Ouro, com um trabalho “freelancer” para o banco Bamerindus, com o filme "Homem Frustrado" (veja abaixo), sobre segurança no trânsito e protagonizado por Irene Ravache, sob direção de Andres Bukowinski. Olivetto usou, na ocasião, o pseudônimo porque atuava na DPZ, que tinha em seu portfólio o concorrente Itaú.
A dupla Olivetto e Petit também criou o garoto-propaganda da Bombril, com o ator Carlos Moreno - o garoto-propaganda com maior tempo de permanência no ar, com direito a registro no Guinness Book. A parceria entre Olivetto e Bombril se encerrou somente em 2013, depois de mais de três décadas juntos.
Em 1986, Olivetto deixou a DPZ para lançar a sua própria agência, a WGGK, com o suíço Paul Gredinger como sócio. Em seguida, comprou a participação de Gredinger e fundou a W/Brasil, com capital inteiramente brasileiro, em 1989. Olivetto tinha 60% de participação. Os outros 40% eram divididos entre Javier Llussa Ciuret e Gabriel Zellmeister.
Na W/Brasil, criou diversos comerciais que entraram para a cultura popular, como trabalhos para a fabricante de sapatos Vulcabras, a série de filmes com o cachorrinho da Cofap e com o casal Unibanco, só para citar alguns.
Foi presidente do Clube de Criação entre 1989 e 1991.
Em 2001, Olivetto foi sequestrado em São Paulo, por um grupo formado por argentinos e chilenos, e passou 53 dias no cativeiro. Os sequestradores queriam um resgate de R$ 10 milhões, que nunca foi pago. Washington foi mantido em um quarto de um metro de largura por três metros de comprimento, sem janelas. Ele declarou, na época, que foi agredido inúmeras vezes pelos sequestradores. Em fevereiro de 2002, o dono de uma chácara em Serra Negra, no interior de São Paulo, desconfiou dos inquilinos e chamou a polícia.
Em maio de 2010, a W/Brasil se uniu à McCann, dando origem à WMcCann (leia aqui a conversa do Clubeonline com Olivetto na época). No final de 2017, Washington se mudou para Londres (Inglaterra) com a família e foi consultor criativo da McCann Europa até 2019.
Fã de futebol e torcedor do Corinthians, em 1981 foi um dos criadores do movimento que ficou conhecido como Democracia Corintiana, quando era vice-presidente do clube. Foi homenageado pela Gaviões da Fiel no Carnaval há 11 anos, quando o tema do samba-enredo da escola foi a história da publicidade brasileira.
Também publicou os livros “Corinthians, É Preto no Branco”, com o jornalista Nirlando Beirão, “Os piores textos de Washington Olivetto”, “Corinthians x Os Outros”, “O Primeiro a Gente Nunca Esquece”, “O que a vida me ensinou” e “Só os Patetas jantam mal na Disney”.
Ganhador de mais de 50 Leões no Cannes Lions, somente na categoria Film, Olivetto entrou para o "Hall of Fame", do The One Club de Nova York, e para o "Lifetime Achievement", do Clio Awards. Seus filmes "Hitler" (1989), para a Folha de S.Paulo, e "Primeiro Sutiã" (1987), para a Valisère, são os únicos comerciais brasileiros a constarem na lista mundial dos 100 maiores comerciais de todos os tempos (assista a ambos, abaixo).
Inúmeras manifestações e homenagens de amigos, admiradores de Washington Olivetto e de autoridades inundaram as redes sociais. O presidente Luís Inácio Lula da Silva lamentou o falecimento, em sua conta no X:
"Aos 73 anos, nos despedimos do publicitário Washington Olivetto, talvez o mais célebre nome da nossa propaganda.
Criador de grandes campanhas da televisão brasileira, Olivetto ganhou mais de 50 prêmios no Festival de Publicidade de Cannes e ficou conhecido como a mente por trás da propaganda do 'Garoto Bombril', um personagem clássico que moldou a publicidade desde a década de 70.
Sua participação em empresas foi tão famosa que viraram até música, a 'W/Brasil' de Jorge Ben Jor. Também foi colunista, escrevendo artigos na imprensa brasileira por anos.
Washington Olivetto foi ainda vice-presidente do Corinthians, ajudando a fundar a Democracia Corinthiana ao lado de grandes nomes como Sócrates e Casagrande, durante a ditadura militar.
Meus sentimentos à família, amigos, colegas de profissão e admiradores."
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, também se manifestou, em nota: "O publicitário se tornou um dos maiores ícones na profissão em razão de sua carreira construída com brilhantismo, premiada no Brasil e no exterior. A genialidade de Olivetto, impregnada na criação de suas peças, deixou marcas indeléveis no imaginário de gerações de brasileiros".
Nossos mais profundos sentimentos a todos os amigos e familiares.