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A retomada de um sucesso do cinema brasileiro
Lançado em setembro de 2000, o filme “O Auto da Compadecida”, baseado na obra de Ariano Suassuna, tornou-se um sucesso de bilheteria, arrecadando mais de R$ 11 milhões, e conquistou um espaço na galeria das produções preferidas dos brasileiros. Tanto é que o anúncio, em março passado, de que ele teria uma continuação provocou agito nas redes sociais. Na CCXP23, evento de quatro dias encerrado neste domingo, 03, o barulho também foi alto quando os dois protagonistas, Matheus Nachtergaele (João Grilo) e Selton Mello (Chicó), foram recebidos no principal palco do festival para falar das novidades de “O Auto da Compadecida 2”, que irá estrear em dezembro de 2024.
Aguardava-se a confirmação da data, antes apresentada como “final do ano que vem”. A oficialização chegou a surpreender. Afinal, falta um ano para o filme entrar em cartaz. Tamanha antecedência no anúncio de estreia não é comum no cinema brasileiro. “Estamos sendo arrojados no lançamento. Ele será gigante, como nunca foi feito antes”, disse Selton. Matheus completou: “O filme merece isso porque ‘O Auto da Compadecida’ faz parte da cultura brasileira”.
De fato. A popularidade dos personagens João Grilo e Chicó faz com que os dois atores até hoje sejam associados aos papéis. Selton confidenciou que não pode dizer “não sei” em seu dia a dia porque os interlocutores fazem trejeitos, indicando que aguardam o complemento da frase famosa na boca de Chicó: “só sei que foi assim”.
“O Auto da Compadecida 2” volta a ter Guel Arraes na direção, mas desta vez a tarefa é dividida com Flávia Lacerda, que era assistente de direção no primeiro filme. O longa é um projeto assinado por Conspiração, H20 Films e Guel Arraes Produções.
Segundo os atores, havia um apelo do público pela retomada dos personagens. Mas também havia esse sonho entre aqueles que fizeram o primeiro filme. O desejo foi manifestado por Guel em uma conversa com o próprio Suassuna, quando o longa já era um sucesso. A ideia da sequência, porém, não avançou. O escritor morreu em julho de 2014. Dois anos atrás, a família do escritor foi consultada pelo diretor e, enfim, o projeto foi liberado.
A trama é original, mas, de acordo com os realizadores, ela respeita a obra de Suassuna, além de ter a autorização da família. A história se passa 25 anos depois dos acontecimentos do primeiro filme.
O roteiro foi escrito por João Falcão e Adriana Falcão, que já tinham trabalhado no primeiro filme. A dupla conta com a colaboração de Jorge Furtado nesta produção. Ter na equipe esses profissionais do primeiro filme fez diferença. “Isso nos deu coragem”, comentou Selton.
No teaser liberado no painel da CCXP, Chicó está varrendo a entrada da igreja de Taperoá, quando João Griló aparece, após muitos anos de ausência. As cenas mostram os novos atores do elenco, como Eduardo Sterblitch, que fará o vilão Arlindo, Humberto Martins (como coronel Ernani), Fabiula Nascimento (no papel de Clara) e Luís Miranda.
Outra novidade é a atuação de Taís Araújo como a Compadecida. Se no primeiro filme Fernanda Montenegro arrebatou no papel, a nova intérprete promete causar impacto. A imagem de Taís exibida no teaser foi recebida com entusiasmo pelo público. Para Matheus, a aparição de Taís com os trajes criados para O Auto da Compadecida 2 foi um dos momentos mais belos das filmagens.
Taís, que também participou do painel, contou que procurou Fernanda Montenegro para falarem da nova Compadecida. “Conversamos sobre a importância das múltiplas representações. Existe Nossa Senhora Aparecida, existe Nossa Senhora de Guadalupe. Então, eu não estou substituindo a Fernanda. Faço outra Nossa Senhora”, explicou.
A atriz destacou o impacto de a Compadecida ser negra no novo filme. “A população preta sempre foi sub-representada. Agora estamos vendo mais representatividade. Nós somos múltiplos. A gente não quer ver só pretos na favela – e morrendo. Nós não somos a mazela. Somos a riqueza. Tenho a esperança de estarmos num caminho mais interessante e inteligente”, afirmou.
Medo, excitação e responsabilidade
Diante da expectativa gerada no público e nos fãs do primeiro filme, como retomar personagens já tão consagrados? “João Grilo e Chico meio que viraram lendas. Deu medo voltar, mas também há uma excitação grande. A gente está fazendo muito esforço para devolver o carinho que recebemos nesses quase 25 anos”, disse Matheus.
Também voltam à trama os atores Virginia Cavendish, que faz Rosinha, e Enrique Diaz, no papel de João Brejeiro.
Por outro lado, cai sobre o novo elenco uma grande responsabilidade, observou Selton. Ele pontuou que foi preciso ter atores novos na história já que personagens importantes do primeiro filme morreram. Denise Fraga e Diogo Vilela, por exemplo, não poderiam retomar seus antigos papéis. Do elenco original, dois atores faleceram: Rogério Cardoso e Paulo Goulart, em 2003 e 2014, respectivamente.
Emoção
A H2O já havia anunciado que o filme “seguirá privilegiando a exuberância visual brasileira e a tecnologia, que, dessa vez, será uma forte aliada. A produção recriará, de uma forma encantatória e fabular, a mítica Taperoá dos anos 50”.
Se depender do entusiasmo dos atores, a promessa se cumprirá. “'O Auto da Compadecida' é tão grande quanto eu imaginava”, salientou Taís, que foi ao set mesmo em dias em que não precisava entrar em cena. “Chorei de emoção. O filme é a cara deste país”, resumiu. Ao que Matheus acrescentou, dirigindo-se ao público: “Espero que vocês gostem de novo da gente”.