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Paulo Barros e nós, publicitários (2)
Em 2010, escrevi para esse mesmo site do Clube de Criação de São Paulo um texto a respeito do carnavalesco Paulo Barros (leia aqui). Na época, falei muito mal do novo fenômeno do carnaval carioca. Normal. Era o instinto juvenil de polemizar. Mas, quatro anos mais velho, fui assistir ao bate-papo de Washington Olivetto com PB no Festival do CCSP.
Confesso que me despi (é carnaval, né?) dos meus preconceitos ao conhecê-lo um pouco melhor. Trocamos até algumas palavras sobre “a maior festa popular do planeta”.
Na plateia, publicitários pareciam não entender muito bem o que aquilo tinha a ver com nossa profissão. Foram muitas perguntas sobre “formato do briefing”, “estrutura da escola”, enfim, coisas que caberiam mais a um evento do Clube de Atendimento (existe?) do que a uma audiência de pessoas ligadas à criatividade.
Mas, num rápido papo com o carnavalesco, entendi o que fazia dele um profissional, bem...digamos, diferenciado.
Já virou uma piada corrente a imitação do artista do carnaval explicando seu enredo na Globo. É um tal de “índio tupi que encontra com os fenícios” e a “cor dourada que simboliza a luz de não sei o quê”.
A galhofa tem razão de ser. Faz tempo que os carnavalescos realizam desfiles que dependem da sinopse, da narração do Cleber Machado, da legenda, para alguém saber o que está acontecendo. Quem está na Avenida não entende nada.
O que tornou Paulo Barros um cara querido foi algo simples: levar em conta o público. Comentei isso com ele. Seus enredos são assim: “É segredo”, “É de arrepiar”, “Acelera, Tijuca”. Não precisa ter pós-graduação na Escola de Belas Artes para entender.
Ele sacou direitinho o que nós, às vezes, esquecemos. O público que vai ver o show na Avenida não lerá a sinopse, assim como o consumidor que vai ver a campanha não terá um keynote à disposição. Ou ele compreende a ideia visualmente ou a gente errou. Sem falar em ideias que só júris de especialistas conseguem absorver. Jurados do carnaval ou de Cannes. Para quem criamos, afinal?
Ah, e tem outra coisa. Já foi o tempo em que campanha era aquilo que o Don Draper fazia: um key visual, um filme contado e um blá anterior. Hoje o cliente quer ver o que vai estar presente na vitrine, na internet, na revista. Paulo Barros não cria uma comissão de frente genial e pronto. Aquilo é desdobrado em sete setores, três mil integrantes e num samba compreensível. Nós, cada vez mais, também temos que fazer a lição de casa completa.
Quatro anos depois, finalmente entendi, Paulo Barros. Obrigado e desculpa qualquer coisa.
Por Rafael Simi, redator da Babel
Aqui você lê um pouco mais sobre a apresentação de Paulo Barros no Festival do CCSP 2014.