O Espaço é Seu

Quantas vezes você já ouviu isso? Pior. Quantas vezes você já viu um filme ou uma campanha ir para a gaveta ou para o lixo depois de uma pesquisa, seja ela quali ou quanti.? Eu, sinceramente, não entendo o porquê disso.

Dia desses, chamei um empreiteiro em casa porque precisava instalar um ar-condicionado no quarto. Ele disse que ia dar trabalho. Disse que para que o ar-condicionado funcionasse da forma ideal eu tinha que instalar um disjuntor exclusivo para ele, na área de serviço. Que para chegar com a fiação do ar-condicionado até lá eu precisava quebrar o gesso do teto do meu quarto, do corredor, do lavabo, da dispensa e da área de serviço só pra ver se os fios estavam indo no caminho certo. Que eu tinha que contratar um eletricista, afinal de contas, “eu sou apenas um empreiteiro”. E que tudo isso ia me custar um valor $$. Um puta trabalho que ia durar alguns dias e fazer a poeira subir em casa. Mas, diante da solução me dada pelo empreiteiro, eu tinha duas opções: “sim, faz” ou “não, não faz”. Não passou pela minha cabeça colocar a ideia do empreiteiro em pesquisa.

Também não pensei em colocar em pesquisa a obturação que a minha dentista disse que eu tinha que trocar porque aquela que estava lá era velha e, para “segurança da minha saúde bucal”, o ideal seria pagar por uma nova. Nem coloquei em pesquisa a revisão que o mecânico disse que eu tinha que fazer no meu carro. Ou a lista de coisas que o jardineiro me fez comprar para que a planta da varanda não morresse.

Mas quando eu, agência, digo ao cliente que ele tem que fazer assim ou assado, o que ele faz? Coloca o meu trabalho em pesquisa e deixa que empreiteiros, dentistas, mecânicos, jardineiros, professoras, donas de casa, todos sentados em uma salinha, bebendo sukita e comendo coxinha, decidam se vale a pena ou não seguir com o meu trabalho.

Para mim é triste ver o trabalho feito por profissionais de criação e aprovado por profissionais de marketing (que na maioria dos casos possuem seus MBA’s e afins) ser decidido por pessoas que não fazem a menor ideia de qual a melhor maneira de vender um produto.

Se está ótimo, coloque na rua. Se não está, refaça. O dentista não tem medo de obturar. O pedreiro não tem medo de subir uma parede. Não tenha medo de fazer o seu trabalho.

Rico Lins, redator da Neogama/BBH