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Mais um na Rota da Tocha (André Pedroso)
Vamos deixar de lado as questões políticas e conversar só sobre a Rota da Tocha e a publicidade. Porque assim como a publicidade, não há nada tão colaborativo como o Revezamento da Tocha. São 12 mil condutores com o mesmo objetivo. Levar a chama olímpica da Grécia até o Rio de Janeiro. E o que hoje vemos em nosso mercado é uma necessidade cada vez maior de colaboração entre pessoas com diferentes habilidades. Não há mais espaço para a carreira solo ou para o franco atirador. Ou todos ganham ou todos perdem.
Recebi a honra de conduzir a Tocha e de colaborar com milhares de pessoas a cumprir sua missão graças à indicação do meu amigo Bruno Paes. Cada um percorrendo apenas 200 metros. Cada um carregando uma parte de sua história para fazer com que a chama viajasse mais de 20 mil quilômetros por todo o Brasil até chegar ao Rio de Janeiro. Eu era apenas mais um no meio de tantos condutores. Nada além disso. Onde cada um tem uma função essencial para que o projeto maior ganhe vida. Onde, mesmo que alguns caiam, tropecem ou deixem a tocha cair, o projeto tem que continuar. Porque você é só mais um. E sempre vai ter alguém do seu lado para ajudar você a se levantar, continuar e entregar a Tocha para o próximo.
Todo o processo até chegar ao seu ponto de largada faz com que você seja mais humilde e entenda exatamente a parte que lhe cabe na Rota. Mesmo que você, naquele momento, seja a única pessoa no universo que está conduzindo a Tocha, como bem lembrou minha amiga Mara.
Tudo começa em um ponto de encontro onde você e mais 14 pessoas assistem a um discurso da Rio 2016 sobre tudo o que deve ou não deve ser feito durante a Rota da Tocha. O cara explica que um ônibus levará você até o seu slot e lá você deverá esperar pelo condutor anterior. Ele reforça cada detalhe explicando que você não deve largar ou emprestar sua tocha de maneira alguma. Teve um cara no Nordeste que deu a tocha para sua filha ser fotografada e alguns segundos depois a tocha estava nas mãos de um bêbado num bar próximo. Ou um outro em Bauru que decidiu homenagear a cidade e tentou correr segurando a tocha em uma mão e um sanduíche na outra. Não permitiram, é claro. Depois de todo o discurso, que carrega um tom motivacional, você é levado ao ônibus.
O caminho é uma das melhores partes. Algumas pessoas foram escolhidas através de promoções, outras vieram através dos patrocinadores e três, em especial, estavam ali porque são atletas olímpicos e davam ao ônibus uma aura especial. Carol, do tênis de mesa, Edinanci, do judô, e a Elisângela, do lançamento de disco. Uma honra conhecê-las. De uma certa maneira, o sentimento de que eu era um intruso em um ambiente que só deveria ter atletas foi desaparecendo. Mesmo sem nenhuma medalha olímpica você faz parte daquilo ali. Cada um dentro do ônibus, de um jeito ou de outro, merecia estar ali. Lembrei do meu passado como atleta de vôlei e natação. Lembrei do olhar orgulhoso da minha mãe quando eu saía vitorioso da piscina ou quando vestia o uniforme do time de vôlei do Flamengo, seu time do coração. Finalmente, buscando estas lembranças lá atrás, consegui entender que minha mãe havia me colocado naquela sala. Neste momento tem gente que não pensa em nada e apenas vive a emoção. Tem gente que pensa em tudo ao mesmo tempo.
E tem gente, como eu, que olha para trás para entender como foi parar naquele ônibus. Você então sai do ônibus sob aplausos de todos os outros e é colocado no seu slot para aguardar o condutor anterior. Os curiosos chegam perto, querem fotografar a Tocha, pedem para serem fotografados ao lado dela, você quase se sente um pop star. Mas, na verdade, a celebridade ali não é você. É a Tocha. O condutor vem chegando. Você realiza o Torch Kiss e parte para a sua gigantesca jornada de 200 metros. Eu corri sem cair e felizmente não virei meme. Entreguei a chama para a Edinanci e fui recolhido pelo ônibus. Chegava ao fim a minha pequena colaboração. Então, na próxima vez que você entrar em um job, qualquer um, entenda como você pode ajudar o grupo. Porque comunicação não tem mais espaço para lobos solitários. Isso virou terrorismo.
André Pedroso, vice-presidente de criação da Momentum Brasil