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A máquina de lavar (Borja de la Plaza sobre a DM9)
A máquina de lavar
"Comecei a trabalhar em publicidade no final de 1997 na agência independente espanhola Ruiz Nicoli, para passar pouco tempo depois para a Young & Rubicam, quando as duas se fundiram. Nos dois anos que precederam a virada do milênio, eu não era como quase todos os jovens executivos que passavam o dia esperando a ligação de outra agência para ganhar uma promoção e maior remuneração mais rapidamente. Pelo contrário, estava focado em crescer de forma sustentável onde eu havia começado. No entanto, houve apenas um nome que alterou minha mentalidade determinada: a DDB. Essa era a agência em que todos queriam trabalhar, aquela que fazia as campanhas de que todos falavam e é por isso que eu sempre me perguntava o que seria necessário para ser chamado para uma entrevista.
Minha preocupação era tão grande quanto minha juventude, o que me levou a cruzar o Atlântico e descobrir outro mundo publicitário. Cheguei ao Brasil e à Y&R, no momento do grande Alexandre Gama, e também de Duailibi, Petit, Zaragoza, Washington Olivetto, Fabio Fernandes, Marcello Serpa. E onde havia um maior ainda, Nizan Guanaes, que comandava uma agência chamada DM9 e estava lançando um portal da internet chamado iG. Como na DDB Espanha, todos queriam trabalhar lá. Foi um sonho para muitos e para mim, e, a partir daquele momento, a DM9 se tornou uma lenda.
Durante o período em que trabalhei na Espanha e no Brasil, recebi vários telefonemas de agências e até de alguns clientes, sem que nenhum deles me atraísse o suficiente para mudar de ares. Mas seis anos depois de ter pisado em uma agência de publicidade pela primeira vez e já morando em Miami, recebi a ligação com a qual tanto sonhava. Era a COO da DDB. Ela queria me conhecer. Dois dias depois, sentei-me com ela e com o presidente. Naquele dia, descobri o que era necessário para trabalhar na DDB: talento e ser um bom ser humano.
Mas o que não sabia quando mudei de camisa Y&R para a camisa DDB era que eu estava matando dois coelhos com uma cajadada só. Não só entrei para a marca que sempre me atraiu como uma canção de sereia, mas também conheceria e começaria a trabalhar com a lenda DM9, a agência brasileira da DDB.
Nunca vou esquecer a primeira vez que voei para o Brasil para a minha primeira reunião. No táxi, ficava olhando para fora da janela enquanto eu me aproximava do endereço icônico da agência: Brigadeiro Luiz Antônio, 5013. O entusiasmo invadia o meu corpo e me perguntei se seria capaz de estar a altura deste monstro da publicidade que eu tanto admirava
Cheguei. Ali estavam as três letras monumentais presentes na entrada do prédio. Sim, do prédio, nunca havia estado em uma agência que tivesse um prédio inteiro daquele tamanho. Isso me impressionou. O D, o M e o 9 presidiam majestosamente à porta.
Quando passei as portas de entrada e entrei na recepção, pude ver, sozinho ao lado da recepcionista e os Leões de "Agência do Ano". Consegui sentir a energia que reinava naquele edifício. Parecia que as trezentas e cinquenta pessoas da agência estavam juntas naquele espaço, cheio de mensagens inspiradoras, que levava para os elevadores. Entrei no elevador e compartilhei o espaço com três pessoas que não conhecia. Queria saber quem elas seriam, quais seriam seus talentos para merecer estar lá. Quando a porta se abriu, percebi de onde vinha tanta energia. Criatividade, movimento, ação, velocidade, exigência, gritaria, voracidade, paixão, ferocidade, impaciência, sede de sucesso, fome de vitória, são apenas algumas das características que me vêm à mente quando me lembro daquele momento.
Essa era a DM9 do Sérgio, Alcir, Paulo, Alex, Mônica, Cynthia e muitos outros grandes talentos que, ao longo dos anos, se tornaram grandes amigos, assim como muitos outros que vieram depois. Era uma agência 'imparável', monstruosa, inconformada, inovadora, devastadora, incomparável e, acima de tudo, guerreira. Nizan não estava mais lá, ele havia formado o Grupo ABC, mas claramente seu espírito estava sempre presente no ambiente.
Naquele dia, passei mais de 12 horas trabalhando com aqueles selvagens da publicidade. Selvagens e inspiradores. Eram nove da noite e Alex estava me acompanhando quando saí do prédio para pegar o táxi que me levaria ao hotel. Quando pus os pés na rua, olhei para trás, vi o edifício de baixo para cima, respirei fundo e disse: 'Eu me sinto como se tivesse saído de uma máquina de lavar roupa, fui centrifugado'.
Naquele dia um outro eu nasceu.
Obrigado DM9".
Borja de la Plaza - Espanhol, veio ao Brasil com 27 anos como Diretor de Contas na Y&R e conheceu a DM9DDB pela primeira vez com 33 anos quando foi Diretor Regional de Contas na DDB Latin America. Depois de vários anos como Diretor de Operações da DDB Latina (América Latina, Espanha e US Hispânica ), hoje ele é Presidente e CEO do Grupo DDB Colômbia, hub criativo global que reúne quase 500 pessoas
Leia também sobre a história da DM9, aqui.