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Washington, pandemia e o prazo final para inscrever no Anuário
Por Dulcidio Caldeira, sócio e diretor de cena - Boiler
Eu amo a estátua da garota em Wall Street, daria tudo para ter feito aquela gangorra no muro do Trump e virei diretor
para um dia quem sabe fazer o meu longa-metragem.
Em outras palavras, sou fã dos novos formatos da propaganda e adoro fazer filme grande.
Mas o que começou a me chamar atenção de uns tempos para cá foi um certo descompasso do mercado. De um lado, os roteiros ficando cada vez mais grandiosos impulsionados pela tecnologia de captação mais acessível. E do outro, as verbas encolhendo e os clientes pedindo mais e mais execuções para diferentes plataformas.
Foi onde eu comecei a me perguntar: onde foram parar os filmes simples?
Todos queremos escrever e filmar o Van Damme fazendo espacate entre dois caminhões em movimento no deserto, com Ennya tocando ao fundo.
Mas uma coisa não precisa excluir a outra.
Por que não vemos mais filmes como o do Frank Zappa falando para a câmera que jamais toparia fazer um comercial para vender algo. Mas que toparia fazer se fosse para dizer para as pessoas consumirem menos – eletricidade no caso do filme que estava fazendo.
Ou do Jô Soares evitando a palavra morte.
Ou dos dois atores falando de coisas que não eram uma Brastemp.
Ou do Luiz Fernando Guimarães ensinando as crianças a pedir Lego.
Fiquei me perguntando se isso já não é página virada da propaganda.
Mas algo me diz que não.
As pessoas nunca consumiram tanto stand up comedy.
O Whindersson comprou uma coleção de carros importados – eu sei porque ele me mostrou no celular dele no set – só contando piadas no seu quarto.
O Porta dos Fundos se fez com filmetes simples baseados só em diálogos.
E a Geico volta e meia emplaca um blockbuster nesse formato.
As pessoas adoram texto e bons atores.
Me lembrava disso toda vez que estava na ilha sofrendo para reenquadrar um filme feito com janela de cinema para uma janela vertical de celular.
Aí veio a pandemia. E só agravou tudo isso.
As condições de filmagem se tornaram críticas – e parece que estão longe de voltar ao normal. E foi filmando um comercial com equipe mínima, máscara na cara e bombeiros para medir a temperatura corporal da equipe de seis em seis horas, que resolvi escrever algo sobre a diferença que as ideias simples podem fazer neste momento.
Escrevi e sabe-se lá por que – coisas da pandemia – resolvi mandar para o Washington Olivetto. Como eu não conheço o Washington, fui incomodar o meu amigo Rynaldo Gondim (que conheceu o Bono através do Washington. Mas isso é outra história).
O Ryna abriu as portas e meia hora depois eu estava falando com o Washington.
Ele, generoso demais, topou na hora e ainda me contou histórias sobre o Tommaso Buscetta em Ilha Bela. Dois dias depois, o querido Guilherme Falcão e o Adriano Goldman estavam lá na casa do Washington captando o depoimento.
Acho que o vídeo em si (veja abaixo) é um bom exemplo do que é possível fazer com a simplicidade do formato de um ator e um texto. Não que seja uma grande ideia.
Mas é algo que foi pensado em Camburi – onde estou passando a quarentena – e dois dias depois pôde ser filmado em Londres com um celular.
O que tudo isso tem a ver com o fato de 14 de agosto, sexta-feira, ser a data limite (já com a prorrogação) para inscrição de peças no Anuário do Clube? A rigor, nada. Mas se pensarmos no quanto os Anuários do Clube nos ensinaram sobre o valor das ideias simples, tudo.
Não é um momento fácil para ninguém. Muito menos para o Clube.
Se você é de produtora, faça como eu: inscreva as suas peças no Anuário. Assim você não corre o risco de deixar de ganhar porque a agência esqueceu de inscrever.
PS. Obrigado ao André Faria e a Evil Twin pela trilha.
PS 2. Para fazer suas inscrições, clique aqui.