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O Espaço é Seu

A história e as estórias

29.03.21

A pandemia do novo coronavírus trouxe, além do medo, necessidade de cuidados redobrados e muita tristeza por perdas pessoais e coletivas, a necessidade de reinventar nosso dia a dia. Vivemos um dos capítulos mais dolorosos da história mundial. Mas podemos, e devemos, aprender com ele.

No mercado audiovisual, especificamente, não há quem esteja sobrevivendo (e a palavra é exatamente esta: sobrevivendo) que não tenha aprendido a fazer o seu ofício de uma forma diferente. Seja à distância, com menos equipe, com distanciamento ou com aparatos de proteção (máscaras, luvas, face shields, álcool em gel) e sempre respeitando os protocolos.

Isso também trouxe à tona alguns pontos nevrálgicos da produção audiovisual, que se tornaram essenciais para a sobrevivência das produtoras. Como meu mestre André Furlanetto, que sempre organiza os raciocínios e registros de reuniões em tópicos, ou numera os assuntos, sigo esse texto nomeando os quatro principais aprendizados que tiro deste momento:

O poder da direção
Com as restrições à produção audiovisual, que na sua essência é uma atividade coletiva (e "aglomerativa"), direcionar cada projeto ao diretor mais adequado é um desafio. Até porque muitas vezes os pedidos e consultas chegam certeiros na produtora, mas em algumas outras vezes chegam como pacientes autodidatas vão ao médico - já sabendo a sua doença e pedindo os seus remédios pelo nome. E cabe a nós mostrar, e provar, que o melhor diretor pode ser outro, e que no final o projeto vai crescer e brilhar num outro nível, e todos vão ganhar com isso.

Produção-executiva criativa
Essa expressão nunca foi mais adequada do que nos tempos atuais. Todas as alternativas estão na mesa: a captação remota, em outros estados ou até outros países, a animação, CGI, bancos de imagem. E pensar em todas as alternativas é o papel da nova produção-executiva.

Parcerias com empatia
O sucesso de uma produção é medido por dois pilares: qualidade da entrega e rentabilidade do job. A qualidade da entrega é sempre prioridade, e toda a equipe envolvida tem esse compromisso. Cada um quer fazer o seu trabalho da forma mais brilhante possível. Já a rentabilidade do job é a principal função da produção-executiva, e passa por saber negociar com os líderes do projeto, suas respectivas equipes e terceiros. Em meio a essa equação, sem abrir mão da sustentabilidade do negócio, a pandemia reforçou o valor da empatia pelas pessoas envolvidas. E, com isso, nos focamos em colaborar cada vez mais com toda a cadeia, dando oportunidade para o maior número de parceiros possível – muitos que até acharam que estavam esquecidos (mas nunca). O objetivo é um só: que possamos passar por tudo isso juntos.

Que sejamos ainda mais humanos
Aqui cito o post de um amigo do mercado no Facebook que, confinado com Covid, recebeu sopa de dois outros amigos na porta de casa. Sabemos de doações de cestas básicas para técnicos que ficam sem trabalho a cada endurecimento das medidas de restrição. E de pagamento de cachês de jobs com prazos menores. E aí penso que a pandemia acabou mostrando o melhor e o pior de nós, mas o melhor ainda tem vencido. E isso me dá ânimo para continuar.

Por conta destes pilares, vemos que o mercado vem se segurando. Um segurando na mão do outro, mantendo entregas lá em cima e equipes também em pé, do jeito que dá. Com muito cuidado com a saúde de cada um, lamentando o sofrimento de quem passou pela doença ou perdeu alguém próximo, e trabalhando em dobro para fazer os resultados. Torcendo a cada dia por vacina para todos, e que esse capítulo pesado da história não nos impeça de continuar contando boas estórias.

Ale Zanetti, sócio e diretor de atendimento da Ça Va Art

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