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Briefing: a dieta das palavras (Douglas Nogueira)
"Briefar" é sobre escrever e escrever é escolher. Este é um processo intrínseco para quem se arrisca a enfrentar o papel branco de um briefing criativo. Cada palavra conta. Tudo em um texto precisa ser selecionado conscientemente. Dando uma resposta lúcida a um problema complexo por meio de uma solução simples.
Parece fácil, não é? Agora, cuidado, para alcançar a simplicidade não existe atalho.
É como olhar para algo e enxergar, o que, de bate pronto, é difícil ver.
Quando revelado é de uma obviedade constrangedora.
- Como não pensei nisso antes?
Para chegar lá não há espaço para rolê aleatório. Tudo precisa ter um porquê.
Escrever um bom briefing é como seguir uma dieta. Não se faz sem sofrimento.
É que todo processo de sua escrita exige uma condição inegociável.
Afinal, um bom briefing cobra o seu preço.
Optar por uma linha estratégica pressupõe abandonar todas as outras possibilidades.
Por isso, palavras são estratégia e estratégia é abstinência.
Existem briefings que são sopas de letrinhas. Só letras e palavras espalhadas.
Não têm sabor definido. Tudo na sopa, sobra.
Quem não gosta de uma sopa quentinha, não é mesmo?
Fazer uma sopa é como um atalho gostoso para o “saudável e saboroso”.
Aquece o coração e engana o estômago, mas não resolve o problema.
O melhor dos dois mundos não é o melhor de mundo nenhum.
Pior: um bom briefing não tem receita.
Depende de ingredientes que mudam, de acordo com a dispensa.
Só existe uma premissa:
- É um exercício de subtração e não de soma. Tira, tira, tira.
Até que se sobre apenas aquilo que importa. Nada mais, nada menos.
Uma redução para quem escreve, reescreve e reescreve de novo até ficar no ponto.
Na medida certa. Ao dente.
Ufa, dá um trabalhão escrever pouco.
Esse é o exercício fundamental para se chegar o mais perto possível de entregar ao receptor uma mensagem o mais próximo possível da intenção do mensageiro.
É impossível passar seu sentido por completo.
O que eu penso não é, exatamente, o que eu digo, que não é o que exatamente alguém entende.
As palavras têm suas limitações. Talvez a arte, a poesia deem conta.
Um briefing é só um briefing, mas, muitas vezes, nem chega a ser um.
Douglas Nogueira, diretor de planejamento da Talent Marcel