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O Espaço é Seu

Cannes Lions, um festival de causas sociais? (Felipe Braz Costa)

26.07.22

Assistimos a uma série de debates acalorados em nossa indústria sobre a última edição de Cannes Lions.

E a maioria deles gira em torno dos mesmos temas e questões:

Paramos de fazer criatividade de verdade para produtos e serviços?
Estamos realmente tentando salvar o mundo?
Ou estamos simplesmente apelando para ganhar mais Leões?

E não poderia ser diferente, já que os principais prêmios do festival foram para ideias com propósitos sociais, para ser mais preciso, 90% de todos os Grand Prix deste ano.

Ter uma resposta 100% precisa para essas perguntas é, obviamente, uma tarefa impossível, mas gostaria de trazer à luz alguns dados relevantes do último Edelman’s Trust Barometer, uma pesquisa realizada com 36 mil pessoas em 28 países.

Vou mergulhar brevemente no ativo mais importante do nosso negócio, a confiança do nosso público.

A confiança nas ONGs aumentou em 16 países, a confiança na mídia diminuiu em 15 e a confiança no governo caiu em 17.

As pessoas passaram a acreditar mais nas marcas do que nas instituições, e isso as leva a consumir marcas que compartilham os mesmos princípios que elas. De acordo com a pesquisa, as empresas são mais confiáveis do que o governo em 23 dos 28 mercados pesquisados. E 58% dos entrevistados compram ou defendem marcas com base em suas crenças e valores. 60% deles escolhem um local para trabalhar com base nos mesmos critérios.

Quando paramos para analisar as maiores preocupações das pessoas, também encontramos alguns dados que se destacam: 85% se preocupam com a perda de emprego, 75% com as mudanças climáticas e 57% com preconceito ou racismo.

E quando voltamos nossos olhos para a economia, encontramos tecnologia, educação e saúde como os três principais setores da indústria mais confiáveis e a empresa familiar como o tipo de negócio mais confiável.

Acredito que não precisamos ir muito além para entender que as pessoas delegaram mais responsabilidades e mais confiança às marcas e, com isso, exigem que atuem de acordo com suas expectativas. E isso afeta diretamente o nosso negócio, a criatividade.

Fazer criatividade para o bem é bom para as pessoas, é bom para as marcas, é bom para os negócios, é bom para a indústria e é bom para os prêmios.

Talvez não salvaremos o mundo, com certeza não deixaremos de criar coisas divertidas, e tampouco deixaremos de vender papel higiênico e meias, mas não tenho dúvidas que podemos e devemos tentar fazer do mundo um lugar um pouquinho melhor.

"Se o malandro soubesse como é bom ser bom,
ele seria bom só por malandragem."

Felipe Braz Costa, Creative Director da Edelman Madri

Leia anterior sobre GPs, causas e marcas no Festival de Cannes, aqui.

E leia anterior de O Espaço é Seu, "Muito mais que dancinhas milionárias", por Amanda Amorim, aqui.

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