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Não subestime os fãs de anime (Kojiro Tanoue)
Este ano, completo 8 anos de Brasil e poderia ficar aqui falando horas e horas sobre como as culturas entre oriente e ocidente se diferem. A começar pelo meu português, por exemplo, que está longe de ser intermediário. Mas isso me custaria muito além dos caracteres a que tenho direito aqui. Por isso, vou falar das animações japonesas, mais conhecidas como animes, e mais exclusivamente, sobre seu uso na publicidade.
Os animes se tornaram famosos no mundo todo por conta de alguns fatores: têm uma história única; englobam diversos gêneros; os traços são de altíssima qualidade; e traduzem e carregam a cultura japonesa. Todos esses fatores contribuíram para a crescente democratização da animação japonesa no mundo. A partir dos anos 1990, os animes foram amplamente popularizados no Brasil, com as chegadas de "Cavaleiros do Zodíaco", "Dragon Ball", "Naruto" e, agora, com o poder do streaming, uma nova leva, como "One Piece", "Death Note" e até o “velhinho” "Fullmetal Alchimist" estão mais presentes do que nunca. E parece provável que essa tendência continue no futuro.
No gosto popular desde então, foram timidamente usados na publicidade e isso tem um motivo.
É claro que, à primeira vista, é fácil concordar que o anime/mangá japonês pode ser uma boa abordagem a ser usada na publicidade no Brasil. No entanto, depende muito do contexto específico e dos objetivos da campanha publicitária.
Uma vantagem potencial do uso do anime/mangá na publicidade é que ele pode ajudar o anúncio a se destacar de outros tipos de propaganda que utilizam estilos de animação mais convencionais. O estilo visual único e a narrativa de anime podem ajudar a captar a atenção dos espectadores e criar uma impressão memorável.
Entretanto, é importante considerar o público-alvo do anúncio. Se o anúncio for dirigido a um público que já está familiarizado com o anime, então seu uso pode ser eficaz. Especialmente no Brasil, existe uma enorme base de fãs apaixonados pela cultura, tanto é que a CCXP é uma das maiores do mundo.
Outra consideração é a natureza do produto ou serviço que está sendo anunciado. Se estiver relacionado à cultura japonesa, então o uso de elementos de anime/mangá pode ser uma maneira eficaz de reforçar a conexão e o apelo junto aos fãs.
Na Dentsu Creative usamos o estilo "Gekiga" em uma campanha para uma das marcas com as quais trabalhamos. Como é outro estilo de mangá típico japonês, que é mais adulto e traz temas mais realistas, muitos fãs brasileiros comentaram imediatamente, mostrando seu amor e paixão pelo filme. Foi um sucesso de engajamento.
No passado, fizemos uma campanha usando o personagem original de uma forma mais "tropical", misturando o desenho japonês com desenhos animados ocidentais, mas não tivemos a mesma reação por parte dos fãs de anime/mangá.
Estou realmente surpreso com o profundo conhecimento dos fãs brasileiros. Portanto, se você quiser se envolver com a entusiasmada base de fãs de anime/mangá japonês, acreditamos que é mais poderoso ser mais fiel ao estilo de desenho japonês. Caso contrário, os fãs vão sentir que é fake e que estamos apenas “fingindo”.
Ao mesmo tempo, cada vez mais novos anime/mangá estão sendo introduzidos, de modo que já há muito mais estilos e possibilidades. Me considerando um forte entusiasta de mangá, estou feliz por estar neste ponto de cruzamento cultural para ter a chance de poder trazer aos meus trabalhos no Brasil a singularidade da cultura pop japonesa.
Kojiro Tanoue, ECD, Dentsu Creative
Leia anterior da seção "O Espaço é Seu", aqui.