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O que cozinhas e agências têm em comum
Menu da publicidade: o que cozinhas e agências têm em comum
Sempre fui uma pessoa apaixonada por comunicação, e não hesitei em escolher o jornalismo quando precisei dar os primeiros passos em minha vida profissional. A partir dali, fui me encantando por muitos outros conhecimentos que agregam ao exercício de qualquer profissão, mas que por vezes me colocavam em dúvida sobre o que me faria mais feliz.
Em um desses momentos, quando já trabalhava com comunicação publicitária, me vi completamente envolvida com o mundo da gastronomia. Depois de fazer alguns cursos livres, decidi me inscrever no Lab.Maní, que funcionava como um programa de treinamento nas cozinhas de produção e serviço do estrelado Maní, da chef Helena Rizzo.
Após essa imersão e o meu retorno para o mundo das marcas, foi impossível não criar paralelos entre a cozinha e o que era construído dentro da agência, e esse não é um comparativo só meu. Em um encontro de times que tive com o Ícaro Doria, CCO da DM9, assistimos juntos a um episódio de "Chefs Table", o do chef Grant Achatz, e a experiência rendeu muita troca e inspiração.
Desde então, me desafiei a colocar no papel as associações que tive e levantar essa provocação, para que outras atividades possam coexistir em nosso dia a dia e nos ajudar a melhorar processos e dinâmicas. Assim, separei esses sete tópicos para refletirmos juntos:
Organização e disciplina
Muitas pessoas usam o termo “abrir a cozinha” para expor um assunto interno relacionado a algum problema ou desordem, mas, a verdade é que a cozinha de um restaurante é o retrato de organização e disciplina. Processos muito bem definidos, com times que possuem responsabilidades claras, e métodos que trabalham a favor do tempo.
Em uma agência, no dia a dia, tudo funciona da mesma forma. Cai por terra a imagem de um trabalho que acontece por meio da dispersão. É necessário entender o papel de cada área, de que forma ela é acionada, em que momento, e qual é o impacto desse trabalho na solução final. Tudo deve ser orquestrado para que funcione bem junto.
Busca pelo novo X Apreciação do simples
Muitas vezes nos vemos forçados a apresentar algo totalmente novo para o nosso cliente, seja na comunicação ou no prato que ele vai consumir. Essa busca pela novidade e pelo nunca feito ou experimentado, é essencial para ampliar horizontes e pensamentos. Porém, o mais interessante que vemos nesses dois ambientes, é que muitas vezes a resposta está no simples, na combinação não tão nova, mas feita de uma nova forma: com excelência.
É importante buscar o novo, mas também essencial saber apreciar o simples, principalmente quando falamos de pessoas e queremos sensibilizá-las sobre algo. No fim das contas, estamos todos buscando agradar pessoas do outro lado do balcão.
Tempo para o mise en place
Lembro que quando comecei minha experiência no restaurante, estava ansiosa para ver o prato montado e sendo servido para as pessoas. Mas, a verdade é uma só: investe-se muito mais tempo na preparação do que no momento de curtir a entrega de fato.
Quem trabalha com comunicação sabe bem disso. É preciso ter um plano de ação muito bem estruturado, com todos os prazos estipulados e, principalmente, tempo para trabalhar os insumos que vão contribuir para que a criação possa brilhar na ponta da entrega.
Liderança próxima, que dá autonomia
O chef de cozinha é o responsável pela criação do menu, pelas diretrizes que devem ser seguidas, e pelo desenvolvimento de cada um que divide aquele espaço-tempo de colaboração. Para ajudar no desenvolvimento do outro é preciso estar perto, observar e entender as oportunidades de acordo com a individualidade de cada um.
Além de possibilitar a evolução, um bom chef também sabe delegar, e confia no seu processo. Quando ele não pode estar presente, sabe que tudo vai funcionar da mesma forma. Quando ele está, ou fica na boqueta do restaurante (aquela janelinha entre a cozinha e o salão) dando o toque final e passando o prato para a frente, ou ele está focado em desenvolver um novo prato.
Tudo isso já diz muito, né?
Comunicação clara e constante
Todo mundo que assistiu “The Bear” deve ter reparado na mudança de comunicação que aconteceu na cozinha depois da chegada da personagem Sidney. Todo dia de manhã havia um alinhamento para entender as tarefas de cada um e durante o expediente todos se comunicavam sobre sua posição. "Atrás!", "Pesado!", "Quente!".
É fácil entender o porquê desse tipo de comunicação na cozinha. Muitos desastres podem acontecer quando a comunicação não é clara ou quando não damos status correto do ponto em que estamos para todo o time. Em uma agência, quem nunca fez a mesma coisa que outro colega também estava fazendo? Ou podia ter resolvido algo com mais facilidade se outra pessoa soubesse do seu desafio?
Vulnerabilidade
A apresentação da ideia. A primeira garfada. Por mais tempo e dedicação que a gente tenha investido naquela campanha, ou naquele prato, só vamos ser reconhecidos depois de darmos a cara a tapa e nos colocarmos vulneráveis à opinião e ao gosto do outro. No fim das contas, trabalhamos com subjetividades e estamos suscetíveis às críticas. O tempo todo.
Trabalho colaborativo
Por último e, para mim, mais importante: o bom resultado só existe porque existem times que se complementam e sabem trabalhar juntos. O sabor daquele risoto só é especial porque, muito antes, existiu uma equipe que investiu horas preparando o caldo que cozinha o arroz.
É preciso olhar para o todo a fim de entender o valor de cada área e o que ela agrega ao produto final. E essa reflexão também traz insights necessários em relação à sincronia de uma equipe. Assim como na cozinha, na agência temos etapas e processos que acontecem simultaneamente em torno dos entregáveis, e é muito significativo olhar ao redor e entender como cada par pode enriquecer o que você faz sozinho.
E na sua vivência, que outras áreas agregam conhecimento para o seu trabalho?
Jussara Coutinho, estrategista de conteúdo da DM9
Leia anterior da seção "O Espaço é Seu", aqui.