O Espaço é Seu

No dia a dia do meu trabalho, ouço com frequência a mesma pergunta: “como fazer para ser uma love brand?”. Uma marca amada e admirada para além dos seus produtos, capaz de invadir conversas e influenciar estilos de vida.

Mas Love brand está virando coisa do passado.

Amar uma marca pode ser unilateral. É um lugar de admiração e desejo. É forte, mas, hoje em dia, não é o suficiente.

Em tempos de consumidor no poder - criando e cocriando conteúdos, tendências e novas formas de conversar -, o que as marcas deveriam desejar é intimidade com sua audiência. Ser íntimo pressupõe relacionamento, troca, constância. Ser íntimo pressupõe conhecer do avesso, na vulnerabilidade e na força.

É a partir dessa potência emocional que os vínculos devem ser construídos e mantidos.

Se sua marca está disfarçando sua passividade por meio de ações pontuais e desconexas, lindas, porém vazias de significado e consistência, ela pode até estar no “hall das love Brands”, mas não alcançará o passo da intimidade.

A intimidade é conquistada no dia a dia para além dos grandes gestos. Ela é insistente e persistente. Ela é parceira, leve e pesada, dependendo da ocasião.

Não adianta, por exemplo, entrar com sua marca no mundo gamer só para tirar vantagem dessa comunidade, que veio para ficar, e que hoje movimenta no mundo mais de 3 bilhões de dólares e mais de 1 bilhão de reais só no Brasil. Como criará intimidade numa relação de vantagem unilateral?

Não adianta patrocinar o BBB e, passados os 3 meses de intensa conversa nas mídias sociais, desaparecer até o ano seguinte. Intimidade precisa ser trabalhada todos os dias.

Não adianta fazer uma ação ou uma propaganda linda no Dia da Consciência Negra e depois se distanciar da batalha diária deste tema tão urgente e fundamental.

Hoje, as ferramentas e métricas tornam conquistar a intimidade entre marca e consumidor um desafio mais que possível, “quase" técnico. Saber medir emoção com tecnologia, entender o efeito e poder de determinadas palavras e conhecer os impactos e gatilhos de diferentes timbres de voz são requisitos da equação de intimidade. Porém, o único elemento não copiável desta equação são as pessoas e suas escolhas. Nelas - as pessoas - mora a magia dos encontros de alma, de marcas e de histórias.

Assim, se eu pudesse prever e batizar meus próximos diálogos com clientes e amigos empreendedores, me atreveria sonhar com uma nova pergunta: “como faço pra ser uma INTIMACY BRAND?”.

Carol Mello, CSO da Galeria

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