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Ciclope: combo entre tecnologia, inspiração e orgulho
Nos últimos três dias, entre 7 e 9 de novembro, estive novamente em Berlim para prestigiar e acompanhar o Ciclope Festival. Foram três dias 100% dedicados ao craft e ao que tem de mais refinado em relação a isso.
Os primeiros dias focaram bastante na tecnologia, passando por temas como: aplicabilidade da inteligência artificial no mercado do audiovisual e criativo, e sets virtuais. Este último trouxe insights com um case super interessante de Uber Eats com o ator Robert De Niro, que foi criado pela Mother de Londres (leia e assista aqui).
Não há o que discutir: o filme é maravilhoso. E o mais incrível é que tudo foi feito em um set totalmente virtual. A producer do projeto apontou um olhar bem importante para os benefícios que esse modelo trouxe, tais como trabalhar com uma celebridade em um ambiente controlado, o que fez com que não houvesse questões como weather day, além de que foi possível evitar assédio de fãs, que muitas vezes atrapalha o andar da carruagem.
Além disso, se um filme como esse leva cerca de três dias para ser rodado, no set virtual ele foi filmado em uma única diária. Enfim, várias situações que estamos acostumados a ver em um set “tradicional”, por assim dizer, não ocorreram no modelo apresentado pela palestrante, que mostrou como a tecnologia tem viabilizado cada vez mais as produções.
O Ciclope também trouxe muita inspiração. Nesse caso, dois grandes painéis chamaram a minha atenção.
O primeiro foi com o Mark Malloy, diretor da Smuggler, responsável pela campanha da Apple chamada "The Underdogs" (leia e veja o mais recente filme da série lançada em 2019, aqui). Na palestra, ele contou sobre o processo de criação de uma websérie de comédia para a Apple, mostrando como os filmes foram realizados, os bastidores, a importância do casting que, no fim, é o que dá o tom para a produção.
Teve ainda o painel com a Autumn Wilde, uma diretora da produtora Anonymous Content. Ela foi realmente incrível ao contar sua trajetória. Seu sonho era ser bailarina clássica, mas, por sofrer bullying devido ao seu peso e altura, foi impossibilitada de segui-lo. E esse motivo a levou a fotografar, para poder mostrar às pessoas o quão lindo cada um é, independentemente de suas diferenças. Seu conteúdo fechou o último dia do evento com chave de ouro. Toda a plateia aplaudiu de pé, porque foi tudo muito genuíno e honesto. Ela realmente falou com o coração. Algo que, no fim do dia, eu acredito que é o que toca profundamente todos nós e o nosso mercado. Afinal, uma boa história requer legitimidade e sinceridade.
Tivemos ainda um estudo de caso do diretor Vellas com o editor Rami D’Aguiar, trazendo um pouco o behind the scenes do filme "Shout", para Movistar, que trata sobre a comunidade LGBTQIAPN+ e o cyberbullying, com a história de um lutador de boxe que teve um vídeo vazado e passou a sofrer preconceito por ser gay (leia e veja aqui). Os dois brasileiros falaram dos desafios da produção desse trabalho e como foi que eles conseguiram chegar nesse resultado premiado e celebrado no mundo inteiro.
E para encerrar esses três dias, a premiação. Em disparada, o trabalho mais discutido e reverenciado por todos em Berlim foi o projeto do Channel 4. Não há o que discutir, realmente o projeto merece todo destaque, pois além da criação incrível, toda a parte de produção foi impecável. De fato, uma produção grandiosa que merece esse reconhecimento.
No mais, eu só tenho a agradecer ao Ciclope e tudo o que ele me proporcionou. Volto para casa com muita bagagem para compartilhar.
Enfim, é isso. Ciclope, nos vemos no ano que vem.
Marianna Souza, presidente-executiva da Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (APRO)