O Espaço é Seu

Há sete anos – depois de 20 como redator – aposentei meu Peltor (fone de ouvido de atirador que usava na agência para ter um pouco de silêncio) e comprei um blazer para virar diretor de criação. Há quatro anos, aposentei o blazer para começar a dirigir comerciais. Comprei um tênis de sola grossa (para agüentar as longas diárias de pé) e uma 5D.

Minha caixa de ferramentas mudou consideravelmente ao longo desse tempo. Mas um item me acompanhou em todas essas etapas e continua ao meu lado: o bom e velho Anuário. Foi ele que me mostrou o que eu deveria tentar fazer e quem sabia como fazer. Através do Anuário, ainda em Curitiba, comecei a mostrar meu trabalho para o mercado. Já na Almap, comemorei quando consegui duas linhas no índice remissivo do livro. Briguei com atendimentos para que peças fossem veiculadas a tempo de serem inscritas no Festival. E fiquei indignado nos anos em que não consegui colocar nenhuma peça.



Como Diretor de Criação, pedi para ver pastas por causa de peças que vi no livro. E várias vezes descobri fornecedores por trabalhos que foram premiados. Minha relação obsessiva com esse livro não é uma exceção. Já vi gente brigando para entrar em fichas técnicas do Anuário. Vi amigos exaltados em júris, discutindo se um anúncio de rodapé merecia bronze ou prêmio anuário. Vi agência dizendo em um ano que era a mais premiada porque tinha mais medalhas. E no outro porque que tinha maior número de peças. Vi até agência boicotando o livro durante anos por se sentir injustiçada.

Digo tudo isso para lembrar o quanto o Anuário é importante. Não para as agências, que estão cansadas de saber disso.

Mas para os fornecedores.



Há quatro anos, acompanhando as tendências dos principais festivais do mundo, o CCSP criou várias categorias de Craft. Agora, além de ideias, o livro premia as melhores animações, a melhor trilha, a melhor fotografia, a melhor edição, a melhor direção e os melhores efeitos especiais.



É uma oportunidade para produtoras, diretores, fotógrafos, empresas de pós-produção, animadores, produtoras de som e editores deixarem registrados seus trabalhos e serem lembrados nos jobs no ano seguinte. Porém, o que tem acontecido é que muitas agências não lembram de inscrever suas peças nas categorias de Craft. E a maior parte dos fornecedores esquece que pode inscrever seus trabalhos. O resultado é que muitas peças que teriam chance de ganhar acabam nem concorrendo.



Isso não é bom para as agências, para os fornecedores e nem para o Anuário – que depende da receita das inscrições para imprimir o livro, organizar um festival que é cada vez melhor e manter um site que se tornou indispensável para o mercado.



Por isso, se você é produtor, diretor, trilheiro, editor, produtor de efeitos especiais, animador ou fotógrafo, e acha que seu trabalho tem chance em alguma das categorias de Craft neste ano, fique de olho. Dia 17 de junho é o último dia para inscrição. Depois não adianta dizer "Pensei que a agência ia inscrever".

Dulcidio Caldeira

Diretor de Cena da Paranoid

Membro da Diretoria do CCSP

Saiba como inscrever peças no Festival do CCSP clicando aqui.