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Publicidade para não publicitários (Douglas Nogueira)
No mundo das bolhas digitais corporativas, precisamos cada vez mais olhar para fora do nosso mercado e voltar à essência do nosso ofício.
A publicidade é a arte de persuadir. Sua técnica é simples, mas simples não quer dizer fácil. Assim como complicado não quer dizer eficiente. E o fato é que, hoje, muitos dos trabalhos publicitários que vemos na mídia especializada, dos mais simples aos mais complexos, são descolados do propósito essencial do nosso ofício, que é o de convencer alguém a algo.
A causa desse fenômeno não é aleatória, tão pouco inocente. Entretanto, a energia gasta com processos que têm de tudo menos o compromisso da criatividade com a construção de marcas e a geração de negócios está se tornando desproporcional. E quando pautas de interesse particular se sobrepõem ao fundamento mais básico de se trabalhar com publicidade, independentemente de prêmios e manchetes em jornais, todos nós saímos perdendo.
É possível dissecar os elementos de uma campanha feita para agradar aos “críticos” especializados. Os ingredientes e modo de preparo atendem a expectativa do que se convenciona como “bom trabalho”. Os resultados são quase que secundários e estão subjugados a contar a missa ao vigário.
A propaganda como modelo de negócio e forma de trabalho tem evoluído em tantos aspectos de forma positiva, se esforçando para desconstruir estereótipos e deixar para trás algumas práticas tóxicas. Agora, nesse aspecto, estamos perdendo o elemento que fez a propaganda brasileira ser referência no mundo. Estamos jogando fora o que grandes nomes da propaganda deixaram como legado mais legítimo.
Longe de mim dizer que o PR e a repercussão na mídia especializada e em festivais não importam. É claro que importam. E muito. Mas, para voltar ao nosso propósito mais elementar, precisamos nos despir do ego e da necessidade de aceitação dos nossos pares e conversar mais com quem está fora do nosso mercado. Sair das rodinhas fechadas que têm cada vez mais se fortalecido pela lógica das bolhas digitais corporativas.
Obviamente, estamos em um contexto mega pulverizado e a moeda de atenção se tornou algo muito mais caro do que antes, mas isso não pode ser justificativa para perdermos a bússola na nossa profissão. Pular de pauta em pauta, atrás de sucessos tão imediatos quanto pueris, pode comprometer a construção de médio e longo prazo de uma marca. Nada deveria, nem deve, ser maior do que a consistência de uma história, o compromisso da marca com quem ela quer falar e a conexão de suas mensagens com os seus valores.
Profissionais vêm e vão, mas as marcas precisam sobreviver a mudanças de times, de cenários econômicos e à evolução das plataformas de mídia. Temos abandonado o óbvio. Logo ele tão capaz de dizer tudo o que precisamos no nosso trabalho. Publicidade para não publicitário é de uma obviedade constrangedora.
Na dúvida ainda? Pergunta lá.
Douglas Nogueira, diretor de estratégia e negócios da Talent
Leia texto anterior da seção "O Espaço é Seu", aqui.