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Frances McDormand, melhor atriz, faz chamado pela inclusão
A 90ª edição do Oscar mostrou que representatividade importa e que Hollywood está atenta a isso - ainda que tenha demorado a se dar conta da necessidade de se conectar às demandas atuais da sociedade. Na grande festa do cinema, realizada na noite deste domingo, 04, algumas das vitórias mais festejadas vieram dos latinos. Entre eles está o mexicano Guillermo Del Toro, que levou a estatueta de Diretor por A Forma da Água. Em seu discurso de agradecimento, Del Toro salientou que é um imigrante, assim como outros nomes famosos da indústria. “A melhor coisa no nosso setor é poder apagar as linhas, as fronteiras. Muros só vão piorar as coisas”, emendou, numa crítica à política do presidente Donald Trump.
Diversos discursos e falas tocaram em pontos sensíveis do mundo hoje. Movimentos como Me Too e Time’s Up foram mencionados, porém o momento alto do debate em torno da maior participação da mulher no cinema veio no agradecimento de Frances McDormand, que conquistou o prêmio de Melhor Atriz por seu papel em Três Anúncios Para Um Crime – como era esperado, diga-se.
Atriz que não faz qualquer coisa para ficar sob os vaidosos holofotes de Hollywood, Frances chegou a colocar o Oscar no chão, demonstrando que é maior do que a estatueta de homem que simboliza a indústria. Em seguida, pediu para que as mulheres ficassem de pé. “Se me derem a honra de ter todas as mulheres indicadas em todas as categorias a ficarem de pé comigo...”
Elas se ergueram e os homens também. Frances, que havia subido ao palco pedindo que a levantassem caso caísse, porque tinha coisas a dizer, foi forte em seu discurso. “Olhem à sua volta. Todas nós temos histórias para contar e projetos para serem financiados. Não falem com a gente na festa hoje, mas nos convidem para irmos aos escritórios de vocês”.
Na sequência, Frances convocou seus colegas a refletirem sobre a inclusão, reforçando desse modo um pedido de maior espaço para atrizes, roteiristas, produtoras, diretoras e projetos feitos por mulheres. Não apenas para elas. As duas palavras que deixou para o público, antes de sair do palco, marcaram a noite do Oscar e movimentaram celebridades das artes e o público em geral a discutí-las nas redes sociais: inclusion rider.
A expressão se refere a uma cláusula que atores podem pedir em seus contratos. Isso quer dizer que exigem que o elenco e a equipe de filmagem tenham um determinado nível de diversidade. O conceito se tornou conhecido em 2016, durante um TED Talk, no qual a professora Stacy Smith, fundadora da Anneberg Inclusion Initiative da University of Southern California, mostrou os resultados de um estudo em que examinou a representatividade em produções norte-americanas.
De acordo com esse trabalho, uma produção típica de Hollywood tem de 40 a 45 personagens com falas. Deles, em torno de oito a dez são realmente relevantes para a história. E eles não refletem a demografia que seria condizente com a história apresentada. A conclusão de Stacy Smith é que uma cláusula de inclusão poderia resolver em parte a falta de representatividade da população.
Entrevistada pelo The Guardian, Stacy Smith se disse entusiasmada e surpresa com a fala de Frances McDormand. E revelou que tem trabalhado com advogados para criar contratos que permitissem também estender a cláusula para audições e processos de seleção de talentos (leia a reportagem aqui). O conceito se estende a mulheres, negros, LGBTs e portadores de deficiências.
O conceito que ganhou evidência com o discurso de Frances McDormand também faz eco a outra marca importante da 90ª edição do Oscar. O longa chileno Uma Mulher Fantástica, que tem uma protagonista trans, venceu a disputa de Melhor Filme Estrangeiro.
Lena Castellón
Confira os vencedores do Oscar 2018:
Filme – A Forma Da Água
Diretor – Guillermo Del Toro
Atriz – Frances McDormand – Três Anúncios Para Um Crime
Ator –Gary Oldman – O Destino de Uma Nação
Atriz coadjuvante – Allison Janney – Eu, Tonya
Ator coadjuvante - Sam Rockwell – Três Anúncios Para Um Crime
Roteiro original – Corra! – Jordan Peele
Roteiro adaptado – Me chame pelo seu nome – James Ivory
Fotografia – Blade Runner 2049 – Roger A. Deakins
Edição – Dunkirk
Design de Produção – A Forma Da Água
Mixagem de Som – Dunkirk
Edição de Som – Dunkirk
Trilha sonora – A Forma Da Água – Alexandre Desplat
Canção – “Remember Me” – Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez – Viva - A Vida É uma Festa
Efeitos Visuais – Blade Runner 2049
Figurino – Trama Fantasma
Maquiagem e cabelo – O destino de uma nação
Filme estrangeiro – Uma Mulher Fantástica (Chile)
Animação – Viva - A Vida É uma Festa
Curta de Animação – Dear Basketball
Curta Metragem – The Silent Child
Documentário – Ícaro - Bryan Fogel e Dan Cogan
Curta Documentário – Heaven is a Traffic Jam on the 405
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