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Pão de Açúcar

Casino diz que Abilio o pressiona há 2 anos

06.07.11

O presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, afirma que Abilio Diniz, presidente do conselho do Pão de Açúcar, pressiona há dois anos o grupo francês, sócio com quem divide o comando da varejista brasileira, a revisar os termos do acordo de acionistas fechado em 2005.

O contrato prevê que o Casino assuma o controle do Pão de Açúcar em 2012.

Abilio teria feito ameaças veladas caso a resposta fosse negativa, segundo Naouri, informa a Folha.

Abilio nega que tenha procurado Naouri para se manter no controle do Pão de Açúcar. Segundo Abilio, as conversas com Naouri com vistas a uma mudança no acordo de acionistas visavam melhorar a estrutura de capital da empresa para facilitar a expansão da rede -que também esbarrava nas limitações de endividamento do Casino.

"Ele [Naouri] tem conhecimento do setor e sabe que o Pão de Açúcar precisa crescer. Nesse tempo todo sempre tivemos esbarrando em limitações também do Casino. Tivemos que fazer engenharia financeira extraordinária para viabilizar esse crescimento dos últimos anos", afirma à Folha.

Segundo Naouri, a primeira vez que o presidente do conselho do Pão de Açúcar procurou o sócio para discutir o assunto foi em 2009, época da compra do Ponto Frio e das Casas Bahia.


Abilio dizia ao sócio que queria mudar itens do acordo para preservar sua imagem de comandante das fusões, diz Naouri.


Um ano depois, Abilio falou que queria manter o controle do Pão de Açúcar, alegando que a situação da empresa, após as fusões, era superior à de quando foi comprada pelo Casino, em 2005. Naouri considerou a proposta "inaceitável".


A relação dos sócios azedou. Desde então, os dois pouco se falaram, segundo Naouri, que disse ficar sabendo da proposta de fusão com o Carrefour pelos jornais franceses.

"[Abilio] Queria que tudo continuasse na situação atual. Eu disse que isso era difícil depois de ter investido US$ 2 bilhões, ter esperado três anos e ter pago duas vezes o prêmio de controle. Estávamos prontos para todas as mudanças [no acordo de acionistas], mas não essa."

Naouri disse que viu Abilio pela última vez em 15 de abril, quando soube que ele estava em Paris. "Ele não nos contou que estava lá, soubemos por terceiros. Então perguntei a ele: 'Você está negociando alguma coisa? Com quem? Ele respondeu: 'Não tenho nada a dizer a você'. E completou: 'Como você vai recusar minha proposta, não tenho nenhuma opção a não ser lutar'."

Naouri disse que depois desse dia Abilio se recusou a dar qualquer informação que fosse aos sócios franceses.


O empresário afirmou que a proposta de fundir Carrefour e Pão de Açúcar tem dois erros estratégicos: "Primeiro, reforça o peso dos hipermercados, que começam a perder importância. Outro é investir na Europa Ocidental, onde o crescimento é lento ou negativo, e não em mercados emergentes."


Abilio Diniz discorda. O empresário afirma que, diferentemente da Europa, "nosso atual momento econômico indica que nos próximos anos irá prevalecer o modelo de multiformatos, aquele que atende o consumidor em seus diversos momentos de compra".

Esse modelo, afirma o empresário, combinado com "controle de custos e integração dos sistemas de logística e tecnologia da informação", tem se mostrado eficaz, "fazendo da companhia uma das mais eficientes do varejo mundial".

Leia anterior sobre assunto aqui.

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