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Marcas e agências: vamos falar sobre o alerta da ONU?
A palavra “irreversível” talvez desperte a atenção das pessoas sobre os danos climáticos reportados na segunda-feira, 09, pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), ligado à ONU. O estudo realça a influência humana no aquecimento do planeta num ritmo sem precedentes nos últimos dois mil anos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, reagiu ao relatório dizendo que o documento é “um código vermelho para a humanidade” – ou #CodeRed, como vem sendo compartilhado nas redes. Ele ressaltou que o aquecimento global está afetando todas as regiões do planeta. O documento apontou que muitas mudanças serão "irreversíveis ao longo de centenas e milhares de anos".
O estudo foi elaborado a partir das atualizações sobre a ciência e o clima feitas por 234 cientistas de 66 países, que analisaram evidências coletadas no mundo, como o aumento de ondas de calor, alagamentos e inundações e outros eventos climáticos extremos.
A expectativa é de que os governos se preparem para apresentar planos de redução de emissões na Cúpula do Clima, a COP-26, marcada para novembro em Glasgow, na Escócia.
Para Guterres, não apenas líderes de governos, mas empresas precisam se unir em torno de políticas, ações e investimentos para limitar o aquecimento da temperatura. Segundo ele, o mundo “deve isso à família humana, em especial às comunidades e nações mais vulneráveis e pobres, que são as mais atingidas pela emergência climática”.
Ainda que algumas situações sejam irreversíveis, ainda é possível evitar uma catástrofe climática, acrescenta Guterres. Se houver, imediatamente, união de forças.
O Clubeonline traz um plantão #CodeRed à mesa e está procurando agências, marcas, produtoras e especialistas para repercutir o relatório. Afinal, o alerta dado pelo IPCC está reverberando no mercado de comunicação? Muda ou reforça estratégias e destinos? Ou abordagens sobre o tema são usadas basicamente para melhorar imagem de marca?
Nesta terça-feira, 10, publicamos um primeiro depoimento – teremos mais ao longo das semanas.
Quem abre a série é Raoni Rajão, professor associado de Gestão Ambiental e Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Ele também é co-orientador nos programas de pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável da UnB, de Política Ambiental e Economia na Universidade de Bonn (Alemanha), e de Conservação da Natureza e da Floresta na Universidade de Wageningen (Holanda).
Rajão é um dos convidados da 9ª edição Festival do Clube de Criação, que acontecerá, entre os dias 22 e 23 de setembro, de forma híbrida (transmitido e produzido em estúdio, sem público presencial). Desde a primeira edição, o Festival leva o tema para painéis, com nomes que são referência. Neste ano, como não podia deixar de ser, o tema estará lá, em diferentes momentos. A programação completa será publicada em breve.
Com a palavra, o professor Raoni Rajão:
“A principal diferença do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC, com relação aos anteriores, está na mudança do tempo verbal. Enquanto os relatórios publicados até 2014 enfatizavam mudanças sutis e riscos de mudanças mais visíveis e drásticas do clima no futuro, o sexto relatório publicado em 2021 mostra de forma inequívoca que o clima já mudou, a temperatura média subiu e os impactos sociais e econômicos começam a se fazer presentes. O relatório indica que o que está em jogo não é se haverá ou não mudança climática (isso já ocorreu no passado), mas qual tipo de futuro nos aguarda, com ou sem mudanças catastróficas que vão impactar de modo incisivo as próximas gerações.
É urgente que as questões climáticas sejam internalizadas pelas empresas. Infelizmente hoje o tema ambiental é tratado principalmente pelos departamentos jurídicos (incluindo ESG) e de marketing. Porém, ele deveria estar dentro dos departamentos operacionais e estratégicos. Também existe um grande descompasso entre o que as empresas defendem individualmente, e como as associações setoriais se posicionam. Com raras exceções, grande parte das representações setoriais da indústria e da agricultura não só se silenciam perante o atual desmonte ambiental, mas em alguns casos até apoiam explicitamente iniciativas perigosas como mudanças na lei de regularização fundiária e licenciamento ambiental. Para termos uma mudança efetiva precisamos alinhar o discurso e a prática.”
Quer participar deste plantão? Escreva para redacao@clubedecriacao.com.br. Amanhã tem mais.