Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Radar Aos Fatos faz monitoramento automatizado
A agência Aos Fatos lançou na segunda-feira, 10, um sistema automatizado de monitoramento em tempo real de conteúdo potencialmente enganoso nas redes sociais. Publicações são vasculhadas por um algoritmo que mapeia padrões de linguagem e classifica esse material segundo sua qualidade informativa. Desse modo, por meio do Radar Aos Fatos, nome da nova ferramenta, é possível não só observar a evolução de campanhas baseadas em informações falsas, mas também saber como foram amplificadas.
Vencedor do Google Innovation Challenge em 2019, o projeto recebeu apoio da Google News Initiative.
Em sua versão beta, o Radar Aos Fatos reúne, em uma só plataforma, redes de conteúdo de baixa qualidade sobre a covid-19 que se espalham no Twitter e no YouTube, investigando também padrões de linguagem com potencial desinformativo em sites e no Google Trends. O sistema analisa semanalmente uma média de 90 mil publicações, sobre as quais aplica uma metodologia que une conhecimentos de linguística, comunicação e ciência de dados.
Com essa metodologia, Aos Fatos pode produzir relatórios semanais sobre estratégias de desinformação empregadas em temas que estejam em alta. Essas análises estarão disponíveis como degustação até setembro. A partir daí, será oferecida uma modalidade premium de bases de dados estruturadas, curadas pela equipe do Radar, para a produção de inteligência sobre o que circula nas redes.
A nova vertical de negócios está dirigida a instituições que demandam compreensão sobre quem forma e quem deforma opiniões nas redes sociais. Nesse sentido, são três os públicos visados: empresas que lidam diariamente com cenários de risco e precisam entender os componentes globais da formação da opinião pública (permitindo avaliar o comportamento da sociedade a respeito de um determinado tema); universidades, think tanks e centros de pesquisa (ajudando na criação de papers e estudos); redações jornalísticas que cobrem o fenômeno da desinformação.
"Para tomarem decisões bem informadas e definir boas estratégias, líderes em suas respectivas áreas precisam estar continuamente conscientes de como as campanhas de desinformação influenciam o debate público, especialmente se esses debates estiverem acontecendo simultaneamente em várias plataformas”, diz Tai Nalon, diretora da agência Aos Fatos.
Nas próximas semanas, Aos Fatos irá lançar monitoramentos específicos para as eleições e outros tópicos relacionados à agenda nacional.
Como funciona a nova ferramenta
Primeiro, a equipe editorial da agência seleciona um tema para monitoramento. No lançamento, a metodologia do Radar está dirigida a publicações sobre a pandemia. São capturados conteúdos em sites e redes sociais sobre o tema. Após coletado, o material passa por processos que têm como objetivo extrair dados relevantes como autoria, imagens e vídeos, entre outras informações.
Um algoritmo faz a seleção do conteúdo com base em combinações complexas de termos de busca, que reúnem recortes que representam maior risco de promover desinformação. No caso do coronavírus, publicações sobre medicamentos milagrosos ou sobre a origem do vírus têm maior potencial de disseminar desinformação do que conteúdos sobre o modo correto de usar máscaras. As combinações de termos são atualizadas diariamente.
Com os dados sistematizados, cada publicação é avaliada segundo um conjunto de critérios, que recebem pontuações variáveis de acordo com pesos. As notas compõem um índice entre 1 e 10. Quanto maior o resultado, maior o nível de qualidade da publicação, ou seja, menores as chances de o conteúdo analisado promover desinformação. Apenas publicações com pontuação inferior a 5 são exibidas no monitor do Radar.
Notas
Cada plataforma analisada recebe um índice diferente porque há especificidades nos serviços que não podem ser ignoradas. Por exemplo: em sites de notícias o uso de verbos ou pronomes de primeira pessoa é avaliado negativamente por fugir da estrutura impessoal dos textos jornalísticos. Essa característica, porém, não é eficiente como critério para avaliação de publicações do Twitter, muito mais expressivas e pessoais.
Por outro lado, padrões temporais fazem mais sentido como critérios de avaliação no Twitter. Se um usuário publica um conteúdo muitas vezes, em curto intervalo de tempo, isso sinaliza possível ação coordenada. Se um retuíte retoma uma publicação antiga – o que pode apontar descontextualização da informação – a publicação recebe nota inferior.
O algoritmo que calcula as notas do índice de avaliação do Radar Aos Fatos foi elaborado com a aplicação de uma média ponderada das notas recebidas em cada critério, considerando os pesos de suas respectivas categorias. E foi realizada uma padronização das médias para deixá-las na escala de 1 a 10 de pontuação.