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Rio Doce

Sebastião Salgado quer ajudar a recriar a vida após a tragédia

23.11.15

O fotógrafo Sebastião Salgado nasceu em Aimorés (MG), cidade também afetada pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana. Ele cresceu às margens do Rio Doce e é o fundador do Instituto Terra, que atua na recuperação da área há cerca de vinte anos.


Salgado estava na China e veio de lá ao Brasil para ver de perto a catástrofe ambiental. Ele foi recebido por diversas autoridades, governadores, ministra do meio ambiente e inclusive a presidente Dilma Rousseff. Segundo Salgado, serão necessários para recuperar o rio cerca de R$ 100 bilhões. O fotógrafo sugere, frente a atual tragédia, que seja criado pelas empresas responsáveis pelo maior desastre ecológico que o Brasil já enfrentou (BHP e Vale, proprietárias da Samarco), um fundo exclusivo para recuperação do rio, com recursos fiscalizados pela sociedade civil, para evitar que o dinheiro seja desviado para uso político. “Tenho muito medo de haver uma espécie de varejo desses fundos e quem sabe, numa hora qualquer, esses fundos, que deveriam ser para reconstituir uma bacia destruída, passem a ser um recurso para constituir praças públicas e virem plataforma de político. Tenho muito medo.”


Em artigo publicado pela Folha de S.Paulo, neste último domingo, 22 (leia na íntegra - apenas para assinantes da Folha ou do UOL - aqui), ele escreveu:


"Há quase duas décadas atuando no vale do rio Doce, com um trabalho de resgate da natureza em uma área profundamente afetada pela destruição da Mata Atlântica, o Instituto Terra defende a proposta de criação de um fundo com volume financeiro significativo, subsidiado pelos responsáveis pela tragédia, em um modelo que permita gerar recursos contínuos para projetos ambientais, sociais, econômicos e de geração de emprego e renda, em toda a região da bacia. O fundo deverá custear todas as ações compensatórias, exigindo grande comprometimento dos governos federal, estaduais e municipais envolvidos. Exigirá também importante atuação do Ministério Público Federal e dos estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo. Diante do cenário desafiador da recuperação ambiental exigida, vai ser preciso também um grande compartilhamento de conhecimento e de tecnologias, ouvindo principalmente a sociedade, universidades, centros de pesquisa. Um grande esforço coletivo pode ser capaz de transformar uma região já deteriorada ambientalmente em um modelo de reconstrução ecossistêmica, produção de água e desenvolvimento sustentável. A constituição, o controle e a destinação desse fundo também devem ser um trabalho coletivo, transparente, para evitar desvios em sua função ou mesmo o emprego inadequado frente às reais necessidades de reabilitação do vale do rio Doce. O Instituto Terra pode somar nesse processo com um programa de recuperação de nascentes, com técnicas já testadas e reconhecidas pela ANA (Agência Nacional de Águas) e ONU-Água. Mais do que nunca, precisamos produzir água para reimplantar a vida no rio Doce".


Em entrevista ao jornal O Globo (leia na íntegra aqui, porque vale a pena), ele disse: "Há mais de 765 barragens como esta em Minas Gerais. Um acidente pode acontecer. E outros podem vir. Você tem um carro? Tenho certeza quase absoluta de que ele saiu de uma dessas minas. A sociedade de consumo em que vivemos faz com que tenhamos minas, com que tenhamos exploração de petróleo. As pessoas gritam porque polui, mas têm seus carros. Mas quem polui mesmo somos nós, é o nosso modo de vida. É este modelo que temos que questionar".


E aqui você espia entrevista de Salgado ao Jornal Nacional.


 

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