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Rio2C

Mestres dos esportes eletrônicos e dos negócios

27.04.22

O primeiro dia do Rio2C teve uma programação especialmente dedicada ao universo dos games. Nesta terça-feira, 26, três nomes que se tornaram referência para o público gamer e dos esportes eletrônicos falaram de suas carreiras e do futuro dos negócios nessa área: Gaulês, Playhard e Nobru.

Chamado de “o maior streamer do esport no Brasil”, Alexandre Borba Chiqueta, o Gaulês, se dedica aos esportes eletrônicos desde 1998. Por nove anos atuou como jogador e por três como técnico, tendo conquistado em 2007 um título mundial no Counter-Strike. Dez anos depois, após algumas reviravoltas na vida, passou a fazer transmissões na Twitch e teve uma ascensão meteórica como streamer. Seu estilo de comentar campeonato de CS:GO rapidamente atraiu audiência e em 2018 já era reconhecido como um fenômeno da Twitch.

Em 2017, Gaulês foi consultor de projetos de esports para a CCXP e isso foi determinante para um de seus passos mais importantes na carreira. Em março de 2020, foi anunciado como sócio da The Omelete Company, uma das organizadoras da CCXP.

Naquele momento, o canal de Gaulês na Twitch já estava entre os dez maiores do mundo na plataforma. O ano de 2020 foi especial para o streamer: o canal chegou ao segundo lugar entre os mais vistos, com mais de 133 milhões de horas assistidas. E foi consagrado no Prêmio eSports Brasil como o streamer do ano e como a personalidade do ano.

No ano passado, Gaulês seguiu sua trajetória rumo ao topo. Seus seguidores bateram a marca de 3,3 milhões na Twitch e novo recorde foi registrado: 166 milhões de horas assistidas. Em alguns meses, seu canal chegou a ser o mais visto. Foi o que aconteceu ao transmitir o PGL Major Stockholm, em outubro. Em 2022, ele segue em sua jornada na tentativa de ser o número 1. Atualmente é o segundo streamer da Twitch mais assistido no mundo – está atrás do canadense Félix “xQcOW”.

Diante dessa trajetória, Gaulês fala com propriedade quando se trata de analisar o potencial dos esportes eletrônicos para as marcas e para os negócios da mídia. Para ele, o mundo do esports teve sua grande virada quando os streams passaram a ser vistos na TV da sala.

Canal 24h

Gaulês afirmou que os streamers têm muito foco em campeonato. É o que mais fazem. Mas o conteúdo pode ir além de comentar jogos. Ao criar o canal, o streamer pode criar sua empresa também. O canal na Twitch é um local aberto 24h. Nem sempre há alguém transmitindo, porém, de acordo com o tamanho desse espaço, o chat terá continuamente conversas entre as pessoas. “Meu canal é um canal aberto 24h que tem lives”, comentou.

O jeito de transmitir campeonatos também foi incorporado para outras modalidades. “É o de amigo conversando com outros amigos”, comparou. Isso porque entende-se que as pessoas conhecem os jogos eletrônicos e não necessitam de narrações o tempo inteiro, como nos esportes tradicionais. “As pessoas sabem o que está rolando e não preciso falar o tempo todo”.

NBA e F1

Esse estilo foi levado para as transmissões da NBA, um projeto fechado em outubro passado com a Budweiser, na Twitch. Até maio serão cerca de 100 jogos exibidos. Na plataforma, segundo Gaulês, é o único canal transmitindo os jogos da liga de basquete dos EUA. Isso não acontece nem entre os canais americanos.

Um mês depois desse acordo com a NBA, o streamer fechou outro: a transmissão do GP de São Paulo da Fórmula 1. Com isso, ele disse que foram atingidos públicos que o esporte não impactaria se não fosse desse jeito. A razão é que muitos jovens não estão mais tão ligados à TV.

Os esportes eletrônicos representam algo muito jovem. Se a gente olhar o futebol, vê como ele é grande hoje. Mas levou muito tempo para ele se tornar o que é. O esporte eletrônico tem apenas décadas e já tem um alcance enorme”, ponderou. Por isso, na visão de Gaulês, as marcas que não conseguirem se conectar com esse universo, vão ficar para trás mesmo.

Loud e Free Fire

O nome é Bruno Bittencourt, o apelido é Playhard e o negócio é a Loud, que começou como uma equipe de esports e se tornou uma empresa que desenvolve projetos e conteúdos ligados a esse universo. Ele foi entrevistado por Leandro Valentim, CEO da Player 1 Gaming Group (que também conversou com Gaulês e Nobru). Playhard contou primeiro um pouco de sua vida como youtuber. Ele fazia sucesso por causa de jogos como Clash of Clans e Clash Royale, até que percebeu que seu canal no YouTube passava por uma queda de audiência. “O interesse pelo game mobile estava caindo”, recordou-se.

Playhard investigou o que estava atraindo a atenção de alguns amigos e percebeu que o Free Fire estava bombando. “Daí parei um conteúdo para fazer outro”, disse. Nesse momento, teve nova guinada na carreira, tornando-se um dos maiores streamers de Free Fire. Em 2019, fundou a Loud, junto com outros sócios, que evoluiu para um modelo que se baseia em conteúdo, lifestyle, tecnologia e game. Hoje são nove empresas dentro da Loud, que tem cerca de 400 colaboradores.

A gente criou quase um estilo de vida. E expandimos para outras verticais, como música e skate”, contou. Nesse processo, a Loud faz a conexão das marcas com o público gamer e com ícones dos esportes eletrônicos. A empresa também ajuda esses jogadores a se posicionarem no mercado.

Ferramentas para os jogadores e streamers

É o caso da mineira Bárbara Passos, a Babi, que começou no Free Fire em 2017. Dois anos depois, ela entrou para a Loud. Já era uma referência no game e hoje é a mulher com mais seguidores na Twitch. “Quando ela entrou para a Loud, Babi não tinha Instagram”, revelou Playhard.

Com histórias como essas, ele procura mostrar que a Loud tem ferramentas para ajudar jogadores e streamers a ter impulso na carreira. Playhard afirmou que o trabalho da companhia visa construir audiência, agregar valor e manter relevância. E isso incluiu o trabalho para as marcas que desejam se aproximar do mundo do esport.

Uma curiosidade sobre Playhard foi revelada no painel. Ele chegou a ser convidado para o BBB20. Muito ligado no reality, o streamer e empresário até poderia ter participado se fosse em outro momento da vida. Mas a Loud estava em plena ebulição e ele não tinha tempo para ficar confinado.

Geração Z

No Oscar dos jogos eletrônicos, o Esports Awards, o brasileiro Bruno Góes, o Nobru, brilhou em 2021. Ele foi eleito a Personalidade do Ano (reveja aqui). Nobru, 21 anos, foi apresentado como o rosto da Geração Z. Além de jogador profissional de Free Fire, ele é CEO do Fluxo, uma equipe que também virou empresa.

Nobru treina, joga e também faz lives na mídia social Além disso, desenvolve trabalhos com empresas. Tem 13 milhões de seguidores no Instagram, 3,6 milhões na Twicth e mais de 13 milhões no YouTube. Em junho do ano passado, assumiu o posto de head criativo de games da Casas Bahia.

Vindo de uma família sem muitos recursos financeiros, Nobru mostra a transformação que os esportes eletrônicos podem promover. Em janeiro deste ano, anunciou a abertura do Instituto Fluxo, um espaço que criou em Arujá (São Paulo) para ajudar jovens carentes por meio de aulas que vão de dança a idiomas, passando por informática e, claro, games.

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