Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
Acesso exclusivo para sócios corporativos
Ainda não é Sócio do Clube de Criação? Associe-se agora!
A corrida em torno da IA só acelera
A todo instante parece surgir uma novidade envolvendo a Inteligência Artificial, especialmente a generativa. Desde a verdadeira mania que se instaurou no público no final do ano passado com o ChatGPT, a ferramenta que escreve textos – e também com as soluções ligadas à imagem (Midjourney e Dall-E, sobretudo) –, há um movimento intenso das grandes empresas de tecnologia para apresentar suas apostas nesse campo.
O Snap, dono do Snapchat, divulgou uma das decisões mais recentes nesse setor. Nesta segunda-feira, 27, a companhia revelou que está adotando uma ferramenta ao estilo ChatGPT em seu aplicativo. É o “My AI”, disponível ainda de forma experimental para quem pagar US$ 3,99 por mês pelo serviço de assinatura do Snapchat Plus.
A responsável pelo sistema empregado pelo Snap é a OpenAI, criadora do ChatGPT e do Dall-E. A novidade está rodando na “versão mais recente da tecnologia GPT que personalizamos para o Snapchat”, diz a empresa.
O novo recurso pode recomendar ideias de presentes de aniversário, planejar uma caminhada em um fim de semana prolongado, sugerir uma receita para o jantar ou até escrever um haicai temático. O My AI pode ter, inclusive, nome e wallpaper personalizados. As conversas com a IA serão armazenadas e poderão ser revisadas para melhorar a experiência do produto.
Por ser experimental, o Snap avisa que a ferramenta é propensa a “alucinações” e é capaz de dizer qualquer coisa, “como acontece com todos os chatbots com IA”. A companhia pede desculpas antecipadamente pelas muitas deficiências.
O alerta não fica nisso. Outra orientação é para o usuário não compartilhar segredos e nem confiar em conselhos pessoais dados pela máquina. Além disso, o Snap esclarece que, embora o My AI seja projetado para evitar informações tendenciosas, incorretas, prejudiciais ou enganosas, podem ocorrer erros.
O recado é importante ainda mais depois das críticas feitas ao Bing, o sistema de buscas da Microsoft, que está reforçado pelo acordo com a OpenAI. Lançado em meados deste mês, o chatbot do Bing elevou as buscas da ferramenta. Porém, foram reportados casos de respostas rudes e com informações erradas em conversas longas. A Microsoft explicou que os bate-papos muito longos podem confundir a IA do Bing (que, aparentemente, se chama Sydney) e gerar respostas inadequadas. E comunicou que consideram adicionar meios de reiniciar o contexto das conversas.
Meta
Três dias antes do anúncio do Snap, a Meta revelou que treinou e lançará um modelo de linguagem – ou um LLM, de Large Language Model, como é conhecido entre os especialistas – que se destina a ajudar cientistas e engenheiros a explorar aplicações para IA, como responder perguntas. Por enquanto, não terá uso comercial.
O nome do modelo é LLaMA. Foi desenvolvido por um time chamado de Fundamental AI Research e foi treinado com textos escritos em 20 idiomas, entre os mais falados do mundo.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, escreveu em um post que “os LLMs se mostraram muito promissores na geração de texto, conversas, resumo de material escrito e tarefas mais complicadas, como resolver teoremas matemáticos ou prever estruturas de proteínas”.
Nessa acelerada corrida em torno da IA, a Meta salientou que seu LLM se distingue de outros do mercado. Uma de suas vantagens, conforme a big tech, é que ele virá em vários tamanhos, de 7 bilhões de parâmetros a 65 bilhões de parâmetros. Os modelos maiores custam mais para as operações. Vale informar que o ChatGPT 3 tem 175 bilhões de parâmetros.
Outro item em favor do LLaMA, na visão de seus criadores, é que o modelo está disponibilizado apenas para pesquisa. E ele está aceitando inscrições de pesquisadores neste momento. Os modelos do ChatGPT e da inteligência artificial do Google, lançada recentemente, não são públicos.
O Bard, a IA do Google apresentada no início do mês, é baseado no LaMDA (Language Model for Dialogue Applications), modelo criado internamente. Em seu blog, a companhia destacou sua preocupação com a qualidade e a fundamentação das informações dadas por modelos de linguagem. O desafio está na ferramenta fornecer respostas confiáveis e atualizadas.
Erro caro
O “detalhe” é que o Bard cometeu um erro em um GIF feito pelo Google para falar de seu novo projeto. Postado nas redes, o vídeo traz a pergunta “Que novas descobertas do Telescópio Espacial James Webb posso contar ao meu filho de 9 anos?" (veja aqui). Foram apresentadas três respostas, porém uma delas trouxe uma incorreção. Dizia que o telescópio tirou as primeiras fotos de um planeta fora do sistema solar da Terra. O James Webb é ótimo e o Bard promete ser um concorrente do ChatGPT, o queridinho dentre as IA generativas, mas essas primeiras imagens foram capturadas pelo Very Large Telescope (VLT), do European Southern Observatory, em 2004.
O erro não passou batido. As ações da Alphabet, holding controladora do Google, perderam mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado dois dias depois da postagem. Isso demonstra o tamanho do prejuízo que as grandes companhias de tecnologia podem ter se suas escolhas para utilizar a IA não estiverem bem calibradas.