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Meu vizinho é um androide (Rui Piranda)
Imagina você pela manhã, passando a agenda do dia do SxSW e, de repente, passa um japonês carregando um robô que é a cara dele. Você olha para a agenda e... você está programado para a palestra dele. O japonês é o Dr. Hiroshi Ishiguro, professor da Osaka University. A pesquisa dele é sobre sistemas sensores, robôs interativos e androides. Achei que era um bom sinal do futuro.
No caminho, a primeira pergunta que me fiz foi: por que alguém faria um robô de si mesmo? Existem várias respostas. Primeiro, você precisa entender que estão sendo desenvolvidos tipos diferentes de androides: um que substitui você (este, ainda não existe). E o que eu vi. Um androide feito à sua semelhança, que dialoga, entende os sentimentos do interlocutor (pelo tom da voz), mas ainda não evolui sozinho.
Então, pra que serve? Bem, o Dr. Ishiguro, por exemplo, detesta viajar. Seu androide pode substituí-lo numa palestra. Lá do Japão o doutor pode falar através dele. São três computadores para processar a voz. O palestrante pode até falar em japonês -- o androide traduz automaticamente para o inglês.
(Momento para você pensar em tudo o que um androide pode fazer por você.)
Você pode, no mínimo, nunca mais querer aprender inglês ou contar com ele para praticar. Pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo (basta ter um assistente que saiba montar o seu androide). Tem mais. Existem androides pequenos, tipo bonecos (parecem brinquedos), que conversam com você, sentem sua falta, fazem companhia e têm sempre uma palavra simpática quando você chega em casa (qualquer semelhança com animais de estimação não é mera coincidência). Outros são como almofadas. Estes últimos são os preferidos da terceira idade e também são queridos pelas crianças. Assisti a vídeos (quase emocionantes) de senhoras e crianças abraçadas aos seus pillows-cyborgs. Felizes. Calmas. Queridas.
Achou muita informação? Agora junte tudo isso ao fato de que estes robôs já existem. Estão sendo testados e serão vendidos por valores que giram em torno de US$ 2 mil. Barato, né? Como eles conseguem? Vi a explicação numa outra palestra, chamada "Inevitable Tech Forces That Will Shape Our Future".
O escritor da Wired, Kevin Kelly, mostrou como tudo o que já está ao nosso alcance vai marcar e acelerar nosso futuro. Inteligência Artificial (o carro do Google), Realidade Virtual (já experimentou?) e Tracking já fazem parte das nossas vidas. Museus e a indústria dos jogos (pra citar apenas dois) já se utilizam de realidade aumentada para atrair mais pessoas. A medicina conta cada vez mais com traqueamento para monitorar nossa saúde. É uma tecnologia que está ao nosso serviço.
Mas e o medo dos robôs tomarem os nossos lugares? Não olhe agora. Já estão tomando. E aí? Aí que vamos ter que evoluir como espécie. Os robôs farão, segundo Kelly, apenas trabalhos operacionais. Nós, humanos, ficaremos com os trabalhos criativos, inventivos e relacionais. Termino este texto com um profundo desejo de que a nossa evolução como humanos coincida com a evolução de nossa tecnologia.
Rui Piranda
Diretor Executivo de Criação
FCB Brasil
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