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SxSW 2022

Mobilidade: desafios para mudar frotas para EVs e autônomos

18.03.22

Jason Schenker, CEO do Futurist Institute, de Austin, e autor de livros como The promise of blockchain, The Future of Energy The Robot and Automation Almanac , falou em painel do SxSW 2022 sobre "10 tendências de mobilidade, a curto prazo".

As tecnologias voltadas ao transporte, nos EUA, ganharam destaque no ano passado, à medida que frete, caminhões, portos e outros ativos da cadeia de suprimentos excederam sua capacidade, contribuindo para a alta da inflação e paralisando algumas operações comerciais. Os olhos se voltaram então para os campos da tecnologia e inovação como caminhos para aliviar os desafios da cadeia de fornecimento de bens no país.

Jason trouxe, então, um exame sobre tendências, oportunidades, riscos e desafios importantes para o segmento, envolvendo veículos elétricos, veículos autônomos, veículos voadores, drones, viagens espaciais, trens, barcos e outros modos de transporte e mobilidade.

Abrindo sua palestra, destacou que as tecnologias EV (electric vehicle), automação e AI (artificial intelligence) dominarão os avanços do transporte em pouco tempo. Mas ainda existem algumas questões importantes envolvendo a ciência, as matérias-primas, as regulamentações, o ROI (Return on investment), e o panorama econômico do país - um ambiente de taxas de juros crescentes e custo de financiamentos maiores - que precisam ser levadas em conta. "Este cenário tende a empurrar os investidores para ativos mais seguros, mais estáveis ​​e mais estabelecidos. E vai tornar as ofertas mais caras. Portanto, qualquer negócio em que você tenha taxas de juros mais altas o torna mais caro. Mas pensando no futuro do transporte, nas soluções para resolver problemas de estilo de vida e de meio-ambiente, e tornar isso mais barato, mais eficiente e mais otimizado, no momento, tudo isso é crítico, por conta do panorama econômico", disse Jason.

Há também problemas fundamentais, em nível global, na cadeia de suprimentos, por exemplo, e isso diz muito sobre as grandes esperanças de inovação.

Segundo Jason, "todo mundo aposta em um futuro onde todos os carros serão elétricos, serão autônomos. Mas há um caminho para chegar lá. E, para fabricar veículos elétricos, as limitações da ciência e dos materiais não são pequenas. O material necessário para a fabricação de baterias, por exemplo, está muito menos disponível do que a tecnologia já aprimorada".

Já no que tange à automação, as limitações estão, em grande parte, relacionadas ao lado regulatório. E isso também não é algo que mudará da noite para o dia. "Levará tempo para que os carros autônomos, carros voadores e drones tenham regulamentação satisfatória. Regulamento é coisa séria. Algumas delas são draconianos, muitas delas são antiquadas, e você precisa entender o sistema atual para poder mudar algo. Provavelmente, haverá um foco maior nos recursos de tolerância a falhas. Você precisa hoje, por exemplo, de uma licença de piloto para dirigir um carro voador. Eles são basicamente aviões com rodas. Outro cenário: quando seu computador trava, você dá um control/alt/delete e em geral ele volta e a vida segue. Agora imagine se você está dirigindo pela estrada em um carro totalmente autônomo. Não há volante, não há nada. É uma caixa sobre rodas a 120 km/h e ele trava. Não sei se quero que reinicie automaticamente quando estamos a 70 milhas por hora na estrada. Mas este é o desafio e acontecerá porque há tolerância a falhas no sistema. A única maneira de superar isso é reunir mais dados sobre a condução autônoma e continuar a trabalhar no sistema e nos casos extremos e esta não é uma parte empolgante dos carros autônomos. E contra essa regulamentação, haverá um maior escrutínio sobre a privacidade de dados, segurança de dados e segurança cibernética. Então, há esse lado legal, que vai se tornar cada vez mais crítico. Além da necessidade de preparar o mercado para a tecnologia de computação quântica, que irá apoiar a otimização da cadeia de suprimentos. E essas são coisas que não acontecem da noite para o dia, certo? Você não abre as mentes, não consegue a integração completa da computação quântica e da interface digital em todos os nossos computadores, amanhã".

Em relação à matéria-prima, cobre, níquel, estanho de alumínio são metais necessários quando se fala em carros elétricos, em baterias, mas que não estão disponíveis no planeta na quantidade que seria necessária caso fossemos trocar a frota do planeta.

"Hoje, há muito mais auditorias de CO2, auditorias ambientais, em empresas de capital aberto, na medida em que a área de ESG ganha força e são criados planos de sustentabilidade e de eliminação das pegadas de CO2. O que inclui a área de transporte. Todo mundo gosta de ar puro. Queremos eliminar o risco das mudanças climáticas. Das 25 maiores empresas do mundo, 13 publicaram suas metas de emissão líquida zero, com compensações permanentes. Em outras palavras, como eles estão chegando ao zero líquido? Eles estão plantando árvores. Mas, a menos que em algum momento nós formos reflorestar o Saara, vamos ficar sem espaço para árvores. Eliminar o uso de carros movidos a combustível fóssil ajudaria muito nesta conta, mas, como já disse, não há metal suficiente no planeta Terra para atingir todos os objetivos da missão zero".

E ele continua: "Faltam, por exemplo 40% de cobre. Nós olhamos para níquel, lítio e cobalto e o cenário é muito mais terrível: só há 20% ou 15% do que precisaremos. Todos nós queremos os veículos elétricos. São ótimos, maravilhosos. Estão inclusive tentando usar a AI para escanear a crosta terrestre e descobrir se podemos encontrar mais lítio e cobalto. A menos que encontremos mais, teremos que sair do planeta para achar. Isso soa muito caro, certo? E a verdade é que há muito mais petróleo no planeta do que esses outros metais. Então isso vai ser um desafio. Mas espere, há mais. A má notícia é que um monte desses metais está na China e na Rússia. Então, se a guerra avançar, e as relações comerciais piorarem, a tensão geopolítica aumentar, as grandes barras azuis brilhantes ficarão mesmo na China. O avanço da segunda Guerra Fria realmente diminuirá nosso potencial de colocar os veículos elétricos em funcionamento".

Clubeonline está no SxSW 2022 por conta do patrocínio de Africa; Arena; Beats; Chucky Jason; Live; Mutato; Netza&cossistema; New Vegas; 99; Publicis Brasil; Smiles e Soko.

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