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Chef José Andrés: The Stories We Tell Can Change the World
O chef de cozinha humanitário José Andrés, espanhol, fundou a ONG World Central Kitchen (WCK), tendo como principal crença a de que um prato de comida é mais do que uma refeição, é esperança e conforto em tempos de crises e tragédias.
Desde sua fundação, em 2010, a WCK forneceu mais de 250 milhões de refeições nutritivas em resposta a desastres em todo o mundo, mais recentemente os incêndios florestais no Chile, terremotos na Turquia e o conflito em andamento na Ucrânia.
A abordagem da WCK para respostas alimentares de emergência está enraizada em ouvir as necessidades da comunidade. Quando a organização está em uma comunidade, enfrentando uma tragédia, muitas vezes ouve histórias que mostram o melhor da humanidade. E foi esse o foco da palestra de Andrés no SXSW: abordar a responsabilidade que vem com esse privilégio e o poder da narrativa para levar as pessoas a agir. Não importa a plataforma, todos nós temos a capacidade de elevar nossas vozes para ajudar a construir um entendimento compartilhado – algo tão desesperadamente necessário em nosso mundo, hoje.
"Infelizmente, nos piores momentos é que a humanidade aparece. Em meio ao caos não há Republicanos nem Democratas. Você não vê cristãos ou judeus, brancos ou pretos. Você vê pessoas ao lado de pessoas, ajudando pessoas. Vê longas mesas no lugar de muros", destacou Andrés. "E vamos lembrar quem alimenta a América, quem alimenta o mundo: sempre as mulheres. As mulheres são o coração que alimenta o mundo", completou.
Ano passado, aqui em Austin, foi apresentado um documentário sobre José Andrés, que vive nos EUA desde os 21 anos, e sua ONG. Dirigido pelo cineasta Ron Howard para a National Geographic, o doc foi exibido pela plataforma da Disney. O intuito é jogar luz sobre uma forma de combater a fome que normalmente não vem à mente: contar histórias.
“We Feed People” ganhou painel com os realizadores para que falassem sobre a produção e debatessem a importância de colocar holofotes sobre o esforço de muita gente que atua para dar comida a famílias sem recursos, refugiados de guerras e tragédias climáticas ou de saúde. como a Covid.
Os restaurantes estrelados do chef José já apareceram bastante na mídia, mas a WCK conquistou um espaço de admiração e respeito sem igual. Por conta de suas ações humanitárias, iniciadas após o terremoto do Haiti, quando milhares de vítimas da tragédia foram alimentadas, ele foi indicado ao Nobel da Paz, em 2018. A ONG também capacita pessoas e busca soluções para a falta de comida no mundo.
No documentário, Andrés é mostrado como um homem dedicado, mas que também tem de se desdobrar para entender hábitos e até burocracias. Em uma das passagens, o chef diz que é preciso oferecer às pessoas o que elas estão acostumadas a comer. Ou seja, não adianta tentar empurrar goela abaixo algo que não faz parte daquela cultura. Em outro momento, afirma que comida é sinônimo de comunidade.
A WCK esteve recentemente na Ucrânia, servindo mais de 2 milhões de refeições. O trabalho da ONG é uma constante adaptação. Não dá para chegar a um local com muitos planos pré-aprovados. “Cada desastre é diferente. É preciso olhar para a situação em tempo real”, comentou o chef.
A figura carismática de Andrés chama a atenção. E o trabalho da ONG é, em si, uma história urgente para o mundo. O doc mostra que José está fazendo um trabalho enorme. Mas que todo mundo, querendo, pode fazer a diferença.
Durante as filmagens, Andrés declarou para o diretor que não gostaria de ter câmeras o seguindo. Ao que o diretor respondeu que é difícil dissociar filmes de câmeras. Portanto, ele tentou buscar ângulos que deixassem o chef mais à vontade.
"A ONG não apenas alimenta pessoas, mas sim cria sistemas", contou o chef. E, em meio à tragédia, o chef diz que a comida tem que chegar quente às vítimas atendidas. E há outras questões. Como você garante que a comida que está cozinhando é culturalmente relevante e apropriada para aquela comunidade? Como você garante que a comunidade será incluída nas atividades que a ONG está fazendo? A coisa mais importante é construir esse sistema.
Além disso, ele compreendeu que distribuem comida, mas nem sempre será assim. Nas Bahamas, depois da passagem do furacão Dorian, eles se viram entregando remédios. Também já ajudaram a evacuar pessoas de áreas perigosas, transportando-as em seus helicópteros. “Deixamos de lado as refeições e colocamos pessoas no lugar. Depois que você tem o sistema de distribuição configurado, você pode fazer qualquer coisa com ele".
Para a WCK, o alimento é um direito humano universal. Ninguém deveria passar fome. Há alimento para todos, mas nós não estamos distribuindo corretamente. Isso deveria estar no centro das discussões. Na emergência, as pessoas precisam ser alimentadas já, não na próxima semana. Qual o orçamento reservado para a insegurança alimentar? "Estamos exigindo que a Casa Branca faça uma conferência sobre nutrição, fome e saúde. A última vez que o governo realizou uma cúpula nacional sobre política alimentar foi em 1969”, finaliza o chef.
A cobertura do SXSW 2023 pelo Clubeonline tem patrocínio de Audaz, Brunch – Influência de Verdade, Ça Va, Modernista Creative Producers e Vandalo.