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Estamos a menos de 2 graus do desastre e da fome
Provavelmente sua preocupação com a comida hoje foi parecida com a minha: o que e onde comer. Talvez tenhamos nos questionado se deve ser algo mais saudável ou se tudo bem "chutar o balde"; se falta ingrediente para o que queremos cozinhar; se tem algo pronto na geladeira; ou se aquele restaurante que gostamos tanto estaria aberto... Enquanto 10 pessoas como você e eu temos esse tipo de preocupação alimentar, 1 enfrenta estado de fome severa no mundo. E sabe o que isso tem a ver com a mudança climática? Tudo.
Segundo apresentado no painel "2 degrees from disaster", no SXSW 2023, o aumento da temperatura do planeta ameaça drasticamente o sistema alimentar e toda a humanidade, começando, claramente, pelas comunidades mais pobres e, ironicamente, pelas que menos contribuem para a crise climática instaurada. "Se as temperaturas globais médias subirem apenas 2°C, mais 189 milhões de pessoas estarão em risco de passar fome", disse Andrew Zimmern, Chef e celebridade de TV premiado, Ativista por Justiça Social e Embaixador da Boa Vontade do World Food Programme da Organização das Nações Unidas (ONU), na abertura do debate.
Uma das integrantes da mesa, a Special Advisor do World Food Programme da ONU, Elizabeth Nyamayaro, cresceu em uma comunidade pobre do Zimbabue e quase morreu, literalmente, de fome. Foi salva por uma missão da organização e decidiu que também trabalharia salvando vidas. Há duas décadas ela ajuda a conscientizar pessoas do impacto da crise climática na humanidade.
Por mais desesperador que o título do painel possa parecer, ele ainda é menos grave do que a realidade, se considerarmos que essa é uma média global e que em muitos países da Africa, por exemplo, o aquecimento já bateu seu recorde e está matando pessoas agora. "Temos que pensar em nossas ações individuais nesse mundo conectado. Temos que pensar quando jogamos comida fora. Somos parte do problema e temos que ser parte da solução", salientou Elizabeth Nyamayaro. Ela também fez questão de lembrar que mulheres e meninas são sempre as mais vulneráveis, as que comem menos.
Gernot Laganda, Chief, Climate & Disaster Risk Reduction do Food Programme da ONU, lembrou que a falta de acesso à informação e estruturas básicas está entre os problemas que tornam as comunidades pobres ainda mais vulneráveis à fome. Há países que são esquecidos. "É difícil escolher quem salvar. Temos que trabalhar em programas de prevenção, antecipação, e temos tecnologia para isso", afirma Laganda.
Segundo Alex Diaz, Head of Crisis Response & Humanitarian Aid da Google.org, seu time tenta utilizar os dados para antecipar cenários de catástrofes que vão impactar diretamente as pessoas e planejar como proteger comunidades mais vulneráveis. "Há lugares que não recebem os alarmes de desastres e estamos trabalhando para solucionar isso. Mas há lugares que recebem os alarmes e não têm recursos para se proteger do que está por vir e esse é outro grande problema". Um dos caminhos é convocar a iniciativa privada a se unir aos movimentos e organizações como a World Food Programme da ONU e dos Estados Unidos. Para não falar na responsabilidade do poder público.
Diante de problemas grandiosos como este, tendemos a nos considerarmos pequenos demais para fazer a diferença. Mas Elizabeth faz a seguinte provocação: imagine que é noite e você está em um quarto, tentando dormir, mas também há um mosquito ali. Quem é maior e quem causa mais impacto no ambiente?
Assim, os quatro participantes do debate deixaram dicas práticas de como fazer a diferença, como as que seguem abaixo:
"Colaborar com iniciativas e realizar trabalhos em conjunto, unindo ideias por um problema que é comum" -Alex Diaz.
"Se autoeducar, usar as redes sociais divulgar o que sabemos e iniciativas, evitar o desperdício de comida. Ter compaixão pelas pessoas vulneráveis. -Elizabeth Nyamayaro.
"Como indivíduos, ajudar as pessoas próximas a compreenderem a relação entre a comida e a crise climática. Como corporações, trabalhar pela conexão entre a previsão e a proteção das pessoas". -Gernot Laganda.
"Compre mais vezes e em menor quantidade para não deixar a comida estragar, mas otimize saídas de carro, passando no supermercado na volta do trabalho, por exemplo, para não poluir mais o mundo. E espalhem o que aprendemos aqui." -Andrew Zimmern
por Rita Durigan
Leia aqui sobre sobre o chef de cozinha humanitário José Andrés, espanhol, fundador da ONG World Central Kitchen (WCK).
A cobertura do SXSW 2023 pelo Clubeonline tem patrocínio de Audaz, Brunch – Influência de Verdade, Ça Va, Modernista Creative Producers e Vandalo.