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SXSW 2023

Ian Beacraft: não perderemos o trabalho, mas os job descriptions

12.03.23

"Em velocidade acelerada, estamos vendo coisas incríveis e assustadoras acontecerem". Foi praticamente essa a mensagem final do Chief Futurist da Signal and Cipher, Ian Beacraft, durante sua apresentação "How AI and the Metaverse will Shape Society",  no SXSW 2023. 

"Sabemos que somos viciados em dispositivos eletrônicos e que estamos enfrentando problemas mentais", afirmou ele. Que comparou o avanço da Inteligência Artificial à Revolução Industrial. Com a diferença de que no passado utilizamos as máquinas para fazer parte do nosso trabalho físico. Agora, estamos entregando a elas parte do nosso trabalho mental. 

Ganhamos tempo e liberdade com isso? Depende. Se por um lado a Inteligência Artificial resolve rapidamente parte daquilo que nosso cérebro levaria muito tempo para a execução, talvez anos se considerarmos a aprendizagem necessária, ela também nos entrega mais e mais informações e possibilidades em menos tempo e isso pode gerar mais trabalho, em um ritmo desumano.

Outro impacto importante é que, se antes precisávamos nos especializar em algo, tornando-nos indispensáveis em meios específicos, agora caminhamos para uma geração generalista. "Você não precisa mais de experts em todos os layers. Basta entender parte e deixar que as máquinas realizem o resto", diz ele. Um exemplo que trouxe para a platéia foi de um artista excelente em ilustração, mas que precisaria de muito conhecimento ou um time enorme de outros especialistas e muito tempo para transformar sua história em quadrinhos em uma animação tão incrível quanto seus desenhos. Guess what? Bastaram 6 meses e as orientações corretas para as máquinas executarem o trabalho. Bingo!

Isso claramente muda a relação com o trabalho. Mas Ian Beacraft é otimista e diz que "não vamos perder nossos empregos, mas o job description". Se antes atuávamos em um determinado espaço, com a Inteligência Artificial expandimos nosso campo de atuação. Todos ganham capacidade. Se você não está presente, seu colega pode te substituir com a ajuda da Inteligência Artificial, e vice-versa. Ou ainda, um avatar seu, por que não?

O próprio Ian criou seu avatar (veja nas imagens) que ele mostrou no palco e pediu inclusive para falar em Português, mas foi o de Portugual. Agora seu "agente" o representa em vídeos e posts, sem que ele tenha que se preparar, arrumar um cenário, ensaiar o roteiro, gravar e editar. "Eu digo o que eu quero e ele faz todo o resto por mim".

Para ele, é maravilhoso poder se conectar com pessoas em lugares que você não está fisicamente, através de um avatar. Ian vai além e diz que com a Inteligência Artificial atuando no metaverso podemos criar o mundo que queremos. "O mundo é nossa tela e podemos projetar o que quisermos ao nosso redor na realidade virtual". Como exemplo de um trabalho que mistura ficção e realidade, o Chief Futurist recomenda dar uma olhada nos trabalhos de Don Allen Stevenson III

Os relacionamentos pessoais também ganham novas possibilidades com a Inteligência Artificial e Ian diz que as crianças não terão problema com isso. "Elas crescem interagindo com vozes e imagens de personagens sintéticos e para elas não faz diferença se é real ou virtual".

Será?

No mesmo SXSW 2023 a psicanalista e escritora Esther Perel trouxe contrapontos importantes para a valorização dessas conexões virtuais no painel “The Other A.I.: The Rise of Artificial Intimacy & What it Means for 'Us' . Leia aqui.

A cobertura do SXSW 2023 pelo Clubeonline tem patrocínio de Audaz, Brunch – Influência de Verdade, Ça Va, Modernista Creative Producers e Vandalo.

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