arrow_backVoltar

SXSW 2023

Com IA, carros podem ter configuração de sala de estar

15.03.23

A evolução da Inteligência Artificial na autonomia dos carros, que passam a conduzir pessoas sem um motorista humano, é uma das pautas com vários painéis espalhados pela extensa programação do SXSW 2023. "Estamos vivenciando um momento de ouro no avanço tecnológico e uma das principais mudanças no setor automotivo é passar da era em que os humanos dirigem seus carros para a era em que os humanos são dirigidos pelos carros", destacou Kyle Vogt, CEO da Cruise, empresa de veículos autônomos que está trabalhando em parceria com a GM para colocar essa inovação nas ruas, em larga escala. "A ficção científica está se tornando realidade", disse ele durante a apresentação "Self-driving cars: from science to scale", na tarde de terça-feira, 14.  

Segundo Kyle Vogt, as pessoas vão ganhar mais tempo para fazer o que quiserem. Além disso, a Inteligência Artificial permite mexer na configuração do carro e tornar a experiência de transporte muito mais agradável, como se você estivesse em uma sala de estar, por exemplo. Ele lembrou que a configuração atual dos veículos é centenária. Com a IA, e sem a necessidade de um motorista, não há motivo para colocar pessoas sentadas em fileiras, deixando umas de costas para as outras. "É horrível conversar assim", brincou. Um modelo de como poderia ser essa nova configuração está exposto em Austin, cidade texana onde acontece o festival (veja o modelo no Twitter de Kyle Vogt, aqui).

Além disso, a capital do Texas foi escolhida para receber, nas próximas semanas, o 'robotáxi' que vai permitir que as pessoas experimentem o transporte em carros autônomos. A montadora parceira é a GM e outras cidades estadunidenses como San Francisco, que estreou o experimento (veja aqui, em tuíte de Kyle Vogt, no final de 2021), e Phoenix, também fazem parte desse... test non-drive? Seria isso?

No entanto, é preciso saber diferenciar o self-driving, quando o carro tem inteligência e tecnologia suficientes para a condução totalmente autônoma, e o "driveless", quando você conta com o apoio da tecnologia quase como uma assistente que te auxilia na função de dirigir, mas ela ainda precisa muito de você. Segundo Kyle Vogt, essa confusão, gerada por empresas que oferecem o driveless, mas comunicam como se fosse o self-driving, faz com que as pessoas tenham receio de adotar a inovação. "Entre 55 e 68% das pessoas dizem hoje ter mais medo dessa tecnologia do que diziam no ano passado. Mas quando elas testam um carro que é realmente self-driving, 99% diz que repitiria a experiência", revelou.

Menos diplomática, como ela mesma definiu, a Chair e CEO da GM, Mary Barra, que também estava no debate conduzido pela âncora e produtora executiva da Bloomberg, Emily Chang, abriu que esta confusão tem sido gerada pela Tesla.

Apaixonada por dirigir, a executiva disse que, com todo o esforço que vem sendo feito, em poucos anos as pessoas poderão escolher entre conduzir ou serem conduzidas por seus carros. "Até o final deste ano teremos 9 modelos de carros elétricos nos Estados Unidos e na China. A GM é a única montadora que se comprometeu a ter todos os carros elétrico até 2035. É ousado, mas estamos trabalhando e investindo muito para isso", afirmou Mary Barra.

Outra questão muito presente na discussão é a segurança. Tanto do ponto de vista de que ter Inteligência Artificial no comando dos veículos se apresenta como uma solução mais segura do que ter humanos no volante - eita! -, quanto no sentido de que as exigências são muitas para que a revolução aconteça. E tem que ser. "Todos os países vão querer garantir sua segurança e teremos diferentes soluções apresentadas para nos adaptarmos", afirmou ela.

"Na China, por exemplo, onde a autonomia dos carros é prioridade, as cidades já começam a ser adaptadas para que os semáforos possam ter wi-fi e se conectarem com os veículos", lembrou Kyle Vogt, para quem os Estados Unidos ainda se debruçam sobre algumas questões. Taí uma questão que conversa com outro tema bastante discutido no SXSW 2023 que são as cidades inteligentes (leia mais aqui).

Em "Autonomous driving: more time to do what you love", debate realizado nesta quarta-feira, dia 15, no mesmo festival, Markus Schäfer, membro do Conselho de Administração da Mercedes-Benz Group AG e CTO Responsável por Desenvolvimento e Compras, contou que na Alemanha há uma garagem onde você pode deixar seu Mercedes-Benz para se auto-estacionar. Lembrando que isso ainda é uma etapa driveless. Segundo ele, há 6 níveis de certificação até que os carros sejam totalmente autônomos. A montadora já recebeu o nível 4.

Consideramos os carros vendidos em massa atualmente, já usufruímos de dois níveis de certificação, quando, por exemplo, um sensor percebe que um motorista está com sono e orienta que pare para descansar.Markus Schäfer explicou que os recursos que temos hoje pedem que a gente esteja atento, de olhos abertos, no caso do carro precisar de algum comando, além dos que foram dados à IA disponível. "Acredito que nos próximos anos poderemos entrar no carro e dormir, enquanto o carro nos transporta", afirma ele.

Por enquanto, vamos sonhando acordados.

A cobertura do SXSW 2023 pelo Clubeonline tem patrocínio de Audaz, Brunch – Influência de Verdade, Ça Va, Modernista Creative Producers e Vandalo.

SXSW 2023

/