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SXSW 2023

Direitos humanos na pauta das drag queens e pessoas trans

16.03.23



Entre figurinos, penteados e maquiagens incríveis, sorrisos largos e muita presença de palco, as Drag Superstars Symone, Jaida Essence Hall e Gottmik mostraram que  suas vozes estão no mundo para ecoar, em alto e bom som, em nome de toda a comunidade trans. Elas participaram do SXSW 2023 no painel "Don't be a drag, just be a queen", moderado por Kevin Wong, SVP, Marketing, Communications & Content do The Trevor Project, entidade de apoio à jovens LGBTQ (saiba mais aqui).





As três ganharam destaque na famosa atração norteamericana RuPaul' Drag Race, comandada pela drag queen que dá nome ao programa televisivo e tem a missão de encontrar, em cada temporada, a "próxima estrela drag da América". O título vai muito além da celebração para as três, que lutam diariamente por um mundo mais justo e igual. Principalmente vivendo em um país, os Estados Unidos, que em 2022 teve recorde de projetos de lei (PLs) anti-LGBTQ - muitos não viraram lei. Pelo menos por enquanto.


Mas... no início deste mês de março o governador republicano Bill Lee, do Tennessee, assinou um projeto transformando em lei a restrição de apresentações públicas de shows de drag queens. No Texas, palco do SXSW, foi anunciado um PL para proibir a presença de jovens em shows LGBTQ no próximo ano. Na noite da última segunda-feira, 13, no programa norteamericano "The Daily Show", o presidente do país, Joe Biden, criticou a legislação da Flórida anti-LGBTQ, que restringe os diretos dos transgêneros, de 'quase pecaminosa. Para citar alguns exemplos.

A frente do The Trevor Project, Kevin Wong sabe o quanto esses avanços de ações e ameaças anti-LGBTQ afetam a saúde mental e física da comunidade jovem. E traz o assunto para a mesa. "Eu me lembro de quanto poder me expressar aos 18 anos foi importante para mim", revelou Symone. "No final do dia somos todos humanos e não deveríamos ter medo de ser quem somos", disse ela, que convocou a comunidade a mudar essa realidade através do voto que, nos Estados Unidos não é obrigatório e precisa sempre de uma motivação extra para levar as pessoas às urnas: "votem!"

Para Jaida, é inacreditável que além dos trans e drag queens terem que lidar com todos os problemas que todas as pessoas já enfrentam, como pagar contas, doenças, encontrar emprego, "ainda tenhamos que lidar com a questão de sermos quem somos, de existirmos como se fossemos um crime. Queremos igualdade que é o direito de andarmos nas ruas como qualquer um".

Ela lembra que, se hoje podem se expressar, é porque outras pessoas vieram antes nessa luta. "Ainda temos muitos irmãos e irmãs trans que precisam do nosso apoio. Agora é a minha vez de lutar", diz.

De uma família totalmente republicana do Arizona, criada dentro da igreja, Gottmik conta que quando lhe trazem ponderações políticas conservadoras ela responde: "quando estivermos em pé de igualdade, todos no mesmo lugar, eu posso considerar ser republicana. Como está hoje, não".

Ela, que também é maquiadora, tendo trabalhado com celebridades, e coautora do livro "The T Guide - our trans experiences and a celebration of gender expression - man, woman, nonbinary, and beyond", afirma que ser drag é insano e cansativo. "80% das pessoas envolvidas nesses projetos de lei se quer conheceram uma pessoa trans na vida", revela.

O movimento anti-LGBTQ, para Gottmik, é um retrocesso à conquistada liberdade de expressão. E a melhor forma de responder a isso é, depois de muita meditação, viver feliz e manter as conexões com a comunidade. Para a política que não reconhece os LGBTQ como pessoas como todas as outras, ela é enfática:  "não importa o que vocês vão fazer com esses projetos de lei, nós existimos, estamos aqui e não vamos a lugar algum".


Como forma de proteção aos LGBTQs, principalmente os mais jovens, em um mundo ainda tão preconceituoso e perigoso, o trio recomenda: encontre seu lugar seguro, com pessoas que estarão com você, aconteça o que acontecer; imponha seus limites e saiba que a comunidade é uma família.

A cobertura do SXSW 2023 pelo Clubeonline tem patrocínio de Audaz, Brunch – Influência de Verdade, Ça Va, Modernista Creative Producers e Vandalo.

 

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