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Meghan e Brooke Shields em painel sobre mulheres
O SXSW 2024 iniciou os trabalhos neste dia 8 de março e aproveitou para celebrar o Dia Internacional das Mulheres com discussões que trouxeram a temática da conscientização para os palcos. Um dos primeiros painéis de destaque foi: "Breaking Barriers, shaping narratives: how women lead on and off the screen", com a presença bastante aguardada da Duquesa de Sussex, Meghan Markle, que levou para a platéia o marido, Duque de Sussex, príncipe Harry (veja na galeria de fotos).
A duquesa, que também é ativista e podcaster, tocou em pontos de bastante relevância, principalmente para mulheres exercendo a maternidade. "Mães que trabalham recebem 62% do total do que os pais que trabalham recebem, além de terem que se virar para dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo. E quando são representadas no entretenimento, é como se tudo fosse perfeito, o que é péssimo pois sabemos que não é perfeito", diz. Essa não foi a única distorção do papel feminino que ela trouxe para a conversa. O efeito negativo em meninas e mulheres de imagens perfeitas exibidas o tempo todo também foi abordado. "Vivemos em um mundo altamente comparativo e, principalmente as meninas, se sentem muito mal quando se comparam e não conseguem perceber o próprio valor que têm".
Vítima de ataques virtuais, inclusive quando estava grávida, ela chamou a atenção para as violências cometidas nas redes sociais e para um comportamento que também é destrutivo, para além dos haters. "Se você está lendo algo ruim sobre uma mulher, algo que não é bom para ela ou que talvez nem seja aquilo, não passe adiante. Não compartilhe com suas amigas. Você faria isso se fosse sobre sua filha ou sua irmã?" Para preservar a saúde mental, ela afirmou que não acompanha mais comentários e redes sociais.
Meghan foi convidada pela moderadora do debate, a editora geral do The 19th News, Errin Haines, a compartilhar uma história de ativismo de sucesso de quando tinha apenas 11 anos. O ano era 1993 e a P&G lançou um comercial que ela considerou sexista, pois colocava as mulheres como responsáveis por lavar a louça. A menina teria ficado ainda mais enfurecida quando ouviu os colegas de classe dizendo que era isso mesmo, "lugar de mulher é na cozinha". Ela escreveu cartas à mão e enviou para a empresa, que acabou alterando o comercial. Nesta reportagem do canal NickRewind, do Nickelodeon você vê o comercial original, a versão alterada após as cartas de Meghan, com entrevista dela na época, onde dizia algo que repetiu no palco: "Se você percebe que há algo errado e você usa sua voz na direção certa, você pode mudar a vida de muitas pessoas".
"Já eu, aos 11 anos estava interpretando uma prostituta", declarou a atriz Brooke Shields, sobre seu primeiro papel no cinema como Violet, em "Pretty Baby", lançado em 1977. Entre outras declarações, ela afirmou reconhecer que, durante décadas, foi a imagem aprisionadora do padrão de beleza feminina e da hipersexualização, inclusive infantil.
Hoje, aos 58 anos e mãe de duas filhas, ela luta para que as mulheres se libertem de padrões, entre eles os que tentam se impor pela idade. "Eu sinto o etarismo em Hollywood. Depois dos 40 você já não é mais considerada jovem suficiente para fazer a maioria dos papéis, mas ainda não tem o perfil de uma avó. Eles não sabem onde te colocar. Em vez de ficar me lamentando, fui buscar diretores e cineastas interessados no talento e experiência de mulheres da minha idade", disse Brooke Shields, que é fundadora e CEO da Beggining is now, comunidade global de mulheres acima dos 40 anos. Uma dessas diretoras é Lana Wilson, que dirigiu o documentário "Pretty Baby: Brooke Shields", original Hulu (veja o trailer aqui), lançado em 2023. Sim, o nome faz alusão ao primeiro papel da atriz citado acima.
A atriz afirmou ter sido procurada por outros diretores antes, interessados em contar sua história, para os quais disse não. "Eles não queriam me ajudar ou ajudar minha carreira", conclui.