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SXSW 2024

Evento é boicotado por ser patrocinado por exército e fornecedores de armas

10.03.24

Músicos decidiram boicotar o festival South by Southwest 2024, que tem uma área específica focada no tema: “Um festival de música não deve incluir quem ganha dinheiro com a guerra. Recuso-me a ser cúmplice disto, e retiro a minha arte e o meu trabalho sob protesto”, escreveu no Instagram a norte-americana Ella Williams, também conhecida como Squirrel Flower, nome em ascensão dentro do panorama indie, e que lançou o álbum “Tomorrow's Fire” em 2023.

Isso porque o exército norte-americano e fornecedores de armas e equipamento militar, como a Collins Aerospace, subsidiária da RTX, antiga Raytheon, e a BAE Systems estão entre os maiores patrocinadores do evento.

A decisão dos artistas também tem por base o apoio ao povo palestiniano.Estes fornecedores de equipamento militar lucram com o genocídio e fornecem armas ao exército israelita, pagas com os nossos impostos”, sublinhou Squirrel Flower nas redes sociais.

Eliza McLamb, cantora nascida na Carolina do Norte, e Okay Shalom, novaiorquina, também anunciaram sua saída do SXSW. “Eu desisti da minha apresentação depois de saber que o Exército dos EUA é um dos principais patrocinadores do evento. Nunca colocarei meu nome ou apresentarei meu trabalho num festival a serviço da máquina de guerra norte-americana, especialmente agora, enquanto eles continuam a alimentar a violência contínua contra os palestinos. Dinheiro de sangue não tem lugar na música”, disse Eliza. Okay, que foi criada na África do Sul, afirmou “compreender o suficiente os efeitos do colonialismo e do apartheid para não ficar inerte”. Também cancelaram suas apresentações Gel, Mamalarky, Proper Merce Lemon, Shalom e o selo Flatspot Records.

O grupo Coalizão Austin Pela Palestina emitiu uma declaração a respeito da participação da indústria de defesa e do Departamento de Defesa no SXSW e pediu ao festival para reavaliar a inclusão destas empresas. "Se o SXSW deseja manter a sua credibilidade deve mudar de rumo, rejeitando a normalização da militarização nas indústrias de tecnologia e entretenimento", destaca o texto.



"A participação da indústria de defesa pode soar estranha em um festival de música, cinema e inovação que se tornou notório por atrair criativos, mas um olhar atento sobre os rumos da IA generativa mostram que a mudança faz sentido". escreveu o jornalista Guilherme Ravache em matéria para o Valor Econômico que avalia mais profundamente a situação (leia na íntegra aqui). Ele destaca uma virada à direita e a militarização do Vale do Silício.







Até o momento, a organização do SXSW não emitiu declaração pública ou fez qualquer pronunciamento sobre as críticas e cancelamentos dos artistas.


Leia post publicado por Ella Williams na íntegra:

"I have decided to pull out of my official SXSW showcases in protest of SXSW’s ties to the defense industry and in support of the Palestinian people.

There are many ways SXSW is harmful to working musicians, but I am pulling out specifically because of the fact that SXSW is platforming defense contractors including Raytheon subsidiaries as well as the US Army, a main sponsor of the festival.

The IDF has now killed at least 1 in every 75 inhabitants of Gaza, including 12,300 children. The International Court of Justice has ruled that this plausibly amounts to genocide.

Genocide profiteers like Raytheon supply weapons to the IDF, paid for by our taxes. A music festival should not include war profiteers. I refuse to be complicit in this and withdraw my art and labor in protest.

I will still be playing unofficial showcases, and I encourage them all to take a vocal stand against SXSW. I encourage my fellow musicians to do the same".

A cobertura do SXSW 2024 pelo Clubeonline é um oferecimento exclusivo da Corazon Filmes (@corazonfilmes).


SXSW 2024

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