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Evento é boicotado por ser patrocinado por exército e fornecedores de armas
Músicos decidiram boicotar o festival South by Southwest 2024, que tem uma área específica focada no tema: “Um festival de música não deve incluir quem ganha dinheiro com a guerra. Recuso-me a ser cúmplice disto, e retiro a minha arte e o meu trabalho sob protesto”, escreveu no Instagram a norte-americana Ella Williams, também conhecida como Squirrel Flower, nome em ascensão dentro do panorama indie, e que lançou o álbum “Tomorrow's Fire” em 2023.
Isso porque o exército norte-americano e fornecedores de armas e equipamento militar, como a Collins Aerospace, subsidiária da RTX, antiga Raytheon, e a BAE Systems estão entre os maiores patrocinadores do evento.
A decisão dos artistas também tem por base o apoio ao povo palestiniano. “Estes fornecedores de equipamento militar lucram com o genocídio e fornecem armas ao exército israelita, pagas com os nossos impostos”, sublinhou Squirrel Flower nas redes sociais.
Eliza McLamb, cantora nascida na Carolina do Norte, e Okay Shalom, novaiorquina, também anunciaram sua saída do SXSW. “Eu desisti da minha apresentação depois de saber que o Exército dos EUA é um dos principais patrocinadores do evento. Nunca colocarei meu nome ou apresentarei meu trabalho num festival a serviço da máquina de guerra norte-americana, especialmente agora, enquanto eles continuam a alimentar a violência contínua contra os palestinos. Dinheiro de sangue não tem lugar na música”, disse Eliza. Okay, que foi criada na África do Sul, afirmou “compreender o suficiente os efeitos do colonialismo e do apartheid para não ficar inerte”. Também cancelaram suas apresentações Gel, Mamalarky, Proper Merce Lemon, Shalom e o selo Flatspot Records.
O grupo Coalizão Austin Pela Palestina emitiu uma declaração a respeito da participação da indústria de defesa e do Departamento de Defesa no SXSW e pediu ao festival para reavaliar a inclusão destas empresas. "Se o SXSW deseja manter a sua credibilidade deve mudar de rumo, rejeitando a normalização da militarização nas indústrias de tecnologia e entretenimento", destaca o texto.
"A participação da indústria de defesa pode soar estranha em um festival de música, cinema e inovação que se tornou notório por atrair criativos, mas um olhar atento sobre os rumos da IA generativa mostram que a mudança faz sentido". escreveu o jornalista Guilherme Ravache em matéria para o Valor Econômico que avalia mais profundamente a situação (leia na íntegra aqui). Ele destaca uma virada à direita e a militarização do Vale do Silício.
Até o momento, a organização do SXSW não emitiu declaração pública ou fez qualquer pronunciamento sobre as críticas e cancelamentos dos artistas.