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Quer se tornar um AI First Leader?
Nome constante da programação do SXSW, Sandy Carter, COO da Unstoppable Domain e uma especialista em web3, levou para o evento uma análise pensando no mundo do trabalho pós-IA, que se refere mais à explosão da Inteligência Artificial generativa desde que o ChatGPT entrou em nossas vidas. Mas também trouxe a nova queridinha do momento, o Apple Vision Pro.
No ano passado, Sandy, ex-executiva da IBM e da AWS, abordou, como principais temas, metaverso, IA e o futuro dos negócios. Desta vez, sua apresentação esteve mais focada em orientar o público a ser um “AI First Leader”. O painel “Mind-Machine Merge: Seven Future Trends in a Post-AI World of Work”, mostrou que até no tratamento dentário a IA já se faz presente. É importante, portanto, preparar a mente para um mundo em que essa tecnologia está mais prevalente do que podemos imaginar.
O exemplo se refere a uma dentista que passou a adotar uma ferramenta que escaneia a boca para avaliar os dentes com a ajuda de IA e apontar o que é necessário fazer. O detalhe é que quem fez o uso da tecnologia foi a assistente encarregada da limpeza, que foi treinada para a ferramenta.
As sete tendências apresentadas por Sandy visam orientar líderes e futuras lideranças a desenvolverem pensamento estratégico em um cenário no qual a IA estará presente em variadas indústrias, com ofertas de serviços e produtos que vão de um carro autônomo, como o Waymo (do Google), até roupas que identificam seu estado de humor e seu nível de stress.
Um ponto que Sandy salientou é que é necessário parar de resistir e passar a aprender mais sobre a IA, um assunto sobre o qual sempre a procuram, principalmente para saber o que fazer com a tecnologia. Ao mesmo tempo, é fundamental valorizar nossos insights humanos.
Uma dica? Experimente o que for possível. A experiência ganhou novo status neste mundo tão acelerado. Isso não quer dizer que é preciso colocar a IA em tudo. Mas não deixe de pensar nos efeitos que ela tem hoje e terá amanhã sobre nossas vidas, dentro e fora do ambiente corporativo.
1 Exponential baby! - Em 2024, 80% das empresas nos EUA vão acelerar o uso da IA em seus negócios. A produtividade está crescendo em ritmo intenso. E a automação também. Segundo Sandy, 25% desse aumento na automação estão relacionados a ferramentas de IA generativa. Além disso, o mundo cripto, que havia sofrido uma queda, voltou a se expandir, ampliando seu valor. Dados? Na próxima década, eles vão aumentar em 660 zetabytes. Um zetabyte equivale a um trilhão de gigabytes. Ou, como explicou Sandy, será como se cada pessoa na Terra tivesse mais 610 iPhones - gerando dados, claro. A evolução é exponencial e será preciso, portanto, lidar com a aceleração, repensar a gestão da empresa e estudar os impactos das novas tecnologias.
2 Multi modal learning models - Já se fala há algum tempo sobre learning models, a base da IA generativa. Mas antes eles estavam muito baseados em textos. Agora estão chegando os multimodais, que trabalham com dados extraídos de textos, fotos, música, vídeos. Só no SXSW 2024 estão em debate de 30 a 40 modelos desse tipo. Sandy acredita que na próxima edição do festival serão milhares em discussão. Ela citou uma das estrelas da CES deste ano. O Rabbit R1, um dispositivo capaz de reunir as funções de vários aplicativos do seu celular em uma só “caixinha”, é equipado com um modelo multimodal de IA (leia mais aqui). “Com ele, posso pedir um Uber usando apenas minha voz. Ele sabe minha localização, O Rabbit é a IA na mão”, disse. A dica é: pense multimodal.
3 The Experiential Age has arrived - Todos estão falando ultimamente do Apple Vision Pro. E aqui ele entra para explicar a tendência. Caro, o equipamento não será acessível para muita gente tão cedo. Mas, se tiver a oportunidade, experimente o dispositivo, recomendou Sandy. Ela pode, por exemplo, fazer suas coisas em casa enquanto ouvia e “via” Alicia Keys tocando no piano. “É uma experiência totalmente diferente”. Não é só isso. Com as tecnologias imersivas, é possível entrar nas galerias de arte e fazer aquilo que é proibido: tocar as obras. “Temos a internet dos sentidos. Podemos experimentar tudo”. Com o desenvolvimento dos óculos de realidade mista, o mundo adquire outra característica: ele se torna espacial. Esses equipamentos podem gerar experiências dignas da tecnologia fictícia de Star Trek. “Talvez no próximo SXSW a gente encontre aqui algumas pessoas com seus dispositivos espaciais na cabeça”.
4 Everything is being digital twinned - Pode-se pensar que o conceito de gêmeo digital se aplica às grandes indústrias. Isso quer dizer criar um modelo digital de algum produto ou processo físico, para testar a aplicabilidade ou mesmo a segurança do item. Uma fabricante de caminhões está desenvolvendo um modelo autônomo movido a hidrogênio. Eles fizeram um teste do que aconteceria se o veículo batesse por meio de um gêmeo digital. Uma cidade na Suécia criou um gêmeo digital de suas ruas, com sensores e IA, para avaliar o impacto do ruído, seja por causa do trânsito pesado ou do latido de cachorros. A Tesla usa esse conceito para cada um dos seus carros. A TV transparente da LG que causou tanto burburinho na CES 2024 teve também um gêmeo digital. Até mesmo processos dos departamentos de marketing podem ter seu gêmeo digital que ajudariam a analisar a performance de uma determinada estratégia, contou Sandy
5 Tokenization of everything- save tokens in Digital Identity - Até os líderes presentes no Fórum Mundial de Davos estão discutindo o tema, observou Sandy, que participou do evento neste ano. A tokenização estabelece direitos de propriedade de algo físico no ambiente digital. E isso pode facilitar, inclusive, a papelada de uma compra de casa. Por meio desse processo, é possível, por exemplo, rastrear a cadeia de produção de um item, como uma peça de roupa. Ele está registrado na blockchain. E a NFL está transformando os ingressos para ver os jogos da Liga de Futebol Americano em tokens. É a certificação de que você realmente esteve no estádio. Basta guardar seus tokens em sua carteira digital, ligada à sua identidade digital. A recomendação para a marca é estudar o que ela pode tokenizar, desde que isso traga valor para o negócio.
6 Tech convergence is everywhere like blockchain and AI - A convergência vem sendo falada no SXSW 2024 como um todo. A questão é como usar todas as tecnologias em benefício da marca. Não há fórmula. É possível estabelecer uma estratégia que envolve IA, mais experiências imersivas, mais blockchain. De volta à NFL, a liga está colocando sensores nos calçados e capacetes dos jogadores para coletar dados que possam ser analisados com a IA e aplicados em suas estratégias. Até a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) pode entrar no plano. E quando a computação quântica chegar, teremos um volume imenso de dados com os quais a IA irá trabalhar.
7 AI has brought us new problems - Quando se trata de IA, uma das questões levantadas é a confiança - isso sem falar de outros temas que aparecem continuamente como a preocupação com vieses ou o medo de perder emprego. No mais recente relatório Edelman Trust Barometer, 35% das empresas consultadas rejeitam a IA, enquanto 30% aceitam a tecnologia. É preciso lidar com a crise de confiança, especialmente com a utilização de dados. Uma maneira de melhorar esse ponto é adotar certificações que mostrem que uma medida foi adotada - e aí pode entrar a blockchain. Outro assunto que chama atenção é a responsabilização pelo uso da IA. Há um mau exemplo para ilustrar esse ponto é um caso que ocorreu com a Air Canada, que resolveu investir na IA como uma frente em seu negócio. Um passageiro acionou o chatbot da companhia para comprar passagens que teriam desconto dentro de um contexto (uma viagem urgente devido à morte de um parente). A máquina disse que, sim, havia o desconto. Mas, na hora de o consumidor pagar as passagens, o preço integral foi mantido. A Justiça foi acionada porque a Air Canada se recusou a dar o desconto, alegando que o erro da informação foi do chatbot. A culpa seria, então, da IA? Sandy ponderou: “Quem é o dono dos dados que foram usados para treinar a IA? Quero destacar que tudo tem a ver com dados, das empresas aos governos. Portanto, é necessário ter a certeza que seus dados estão certos e protegidos”, comentou. No caso da Air Canada, a Justiça deu razão ao passageiro.