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SXSW 2024

Painel brasileiro: é urgente proteger pessoas e recursos naturais

14.03.24

A floresta Amazônica, os povos indígenas e a política brasileira estiveram no palco do SXSW 2024 na tarde da última quarta-feira, 13. No painel "Bioeconomy: Thriving in the Amazon Rainforest", três mulheres falaram sobre o impacto do capitalismo e do individualismo em uma das maiores crises coletivas, que já afetam a humanidade: as mudanças climáticas.


Sob a mediação da diretora de sustentabilidade da Natura, Angela Pinhati, a proposta era reconhecer os problemas, sonhar com um futuro e apresentar soluções, partindo de atitudes imediatas. Entre elas, o voto - os Estados Unidos terão eleições presidenciais este ano -, e unir pessoas para mudar os sistemas que nos aprisionam. "Acreditamos que o mundo que sonhamos possa existir apenas quando incluirmos as pessoas mais afetadas", disse Angela Pinhati. Para ela, pensar em regeneração é pensar em recomeço, em vida. "E precisamos pensar na floresta Amazônica se estamos pensando em vida", ressaltou.


Depois de cantar uma música indígena para se acalmar e invocar a ancestralidade, a líder indígena e ativista brasileira, coordenadora da ONG Kanindé, Associação de Defesa Etnoambiental, Txai Suruí falou sobre a importância de unir tecnologia e ancestralidade para mudar o mundo. Lembrou que, mesmo com a mudança de governo no Brasil, os povos indígenas, que são quem protege o planeta, plantando e cuidando, ainda estão sofrendo e precisam ser protegidos. "Temos que cuidar de quem está cuidando da Terra. E não precisamos de doação, mas de investimentos para podermos continuar protegendo o planeta e o futuro de todos os povos", afirmou.


Ela também lembrou que falamos muito e fazemos pouco. Muitas informações são manipuladas para nos deixar com medo. "Precisamos de uma revolução". Mas também precisamos sonhar, algo muito valorizado pelos povos indígenas. Quando questionada por Angela sobre como imaginava o mundo em 2050, respondeu: "Vejo um futuro onde a terra, as mulheres e as crianças são livres".


Colette Pitchon Batte, advogada norte-americana e sócia da Vision & Initiatives Taproot Earth, lembrou que "estamos presos no capitalismo, racismo, patriarcado e colonialismo e precisamos trabalhar para mudar esses sistemas". Participante convidada para o painel, ela contou que deixou o mercado corporativo para ajudar pessoas como ativista pela justiça climática, depois do furacão Katrina, em 2005.


A advogada ironizou, dizendo que temos sido muito criativos em destruir. Mas podemos colocar nossa energia para salvar o planeta. "Temos que mudar drasticamente tudo que está relacionado à mudança climática como comida, saúde, água, energia, economia, trabalhos, democracia."


Colette lembrou da injustiça de ter povos muito pobres vivendo para trabalhar ao redor de lugares onde há muita riqueza como algo totalmente planejado pelo sistema capitalista. Ela se declarou feliz com a última mudança do governo brasileiro, mas chamou a atenção para o fato de que, mesmo assim, os povos indígenas estarem sofrendo, como declarou Txai. "Estamos no mesmo time e continuamos sendo sacrificados, continuamos explorando. Não temos que gritar sobre tudo. Mas sobre o genocídio, sim. É sobre nós.". Para ela, sucesso seria poder dizer que as próximas 7 gerações estão salvas e seguras. Não é o caso. "Os últimos anos tem nos levado para um lado muito errado, do individualismo", ressaltou. Mesmo estando em uma mesa organizada por uma marca de cosméticos, lembrou que "selfcare é um poder ter um grupo de pessoas juntas, com crianças correndo ao redor, se ajudando e vivendo em comunidade. E que o que conquistamos individualmente não nos leva a nada como humanidade".


Como seu mundo ideal em 2050, Colette disse que sonha com "um mundo com água, energia e terra para todos. Que valorize todos os trabalhos. Com uma economia sustentável, com energia sustentável, que as pessoas tenham controle de sua vida e que a democracia permita que nossas vozes sejam ouvidas, que nossa humanidade seja elevada, e que as decisões coletivas permitam que todos sejamos livres."


Antes de sair, a advogada pediu que todos fizessem três compromissos: lutar para ter água potável e gratuita para todos, para que nenhuma árvore fosse derrubada, e para que todas as pessoas fossem livres. E lembrou: "Vamos votar direito e unir pessoas por uma revolução".


O painel, captaneado pela Natura, foi organizado pela agência Flow.Ers, hub de soluções para regenerar o planeta através da inovação.


Leia aqui sobre "Hollywood and Activism: Insights from Jane Fonda, David Fenton, and Sweeta Chakraborty". Na conversa, Jane Fonda convoca os criativos para a ação.

A cobertura do SXSW 2024 pelo Clubeonline é um oferecimento exclusivo da Corazon Filmes (@corazonfilmes). 

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